Homenagem ao Comandante Toledo

14/10/2010

Comandante Toledo será homenageado na Capital



Lígia Ligabue/Com Redação

Há 40 anos morria o jornalista comunista Joaquim Câmara Ferreira, conhecido como comandante Toledo. Ele sucedeu Carlos Marighella, em 1969, no comando da Ação Libertadora Nacional (ALN), movimento armado que planejava derrubar o regime militar. O jornalista tinha parentes em Bauru e teria participado de uma reunião clandestina na cidade, em 1967, para arrebanhar militantes para o movimento que estava ainda em fase embrionária.



Na quinta-feira, dia 14, está prevista uma sessão solene de concessão de Medalha Anchieta e Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo a Ferreira, “in memoriam”. As outras comemorações seguem na próxima semana, com a sessão especial de apreciação do requerimento de sua anistia.



De acordo com Antônio Pedroso Júnior, do Fórum Permanente dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo, o comandante Toledo era concunhado do médico Diltor Wlademir Opromolla, do Instituto Lauro de Souza Lima. Era cunhado do também médico bauruense Armando Cardieri.



Pedroso conta que em 1967, Ferreira participou de uma reunião na cidade com o objetivo de atrair jovens contrários à ditadura para a luta armada, no movimento que se desenvolveu até a formação da ALN. O uso de codinomes era necessário para fugir da repressão militar, por isso, Pedroso conta que muitos só ficaram sabendo que tinham participado de um encontro com Ferreira, décadas depois.



De acordo com o Centro de Documentação e Memória Maurício Grabois, ele nasceu na Capital em 5 de setembro de 1913. Ferreira ingressou no Partido Comunista do Brasil com 18 anos de idade, em 1930, quando era estudante de engenharia na Escola Politécnica de São Paulo. Foi um dos fundadores do Socorro Vermelho Internacional, entidade cujo objetivo era prestar solidariedade a presos políticos do mundo e a partir do qual criaria, em seguida, a Federação da Juventude Comunista do Brasil.



Participou da chamada Batalha da Praça da Sé, conhecida como Revoada dos Galinhas Verdes, em 7 de outubro de 1934, quando militantes antifascistas expulsaram as milícias integralistas que haviam ocupado a praça da Sé, em um confronto armado que deixou mortos dos dois lados.



Em 1940, Ferreira foi preso e torturado pela polícia política do Estado Novo. Teve as unhas arrancadas a alicate e perdeu movimento de alguns dedos da mão esquerda. Sete anos depois foi eleito vereador em Jaboticabal, mas com a volta do PCB à ilegalidade, teve seu mandato cassado.



Por divergências com os dirigentes partidários, foi expulso do PCB em 1964. junto com os colegas banidos, fundou o Agrupamento Comunista de São Paulo, embrião da ALN, cujos dois dos principais líderes foram Carlos Marighella e Toledo. Em 1969, assumiu o comando político do sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, trocado pela liberdade de 15 militantes de diversas organizações de oposição à ditadura.



Preso em 23 de outubro de 1970 pelo delgado Sérgio Paranhos Fleury, faleceu em consequência das bárbaras torturas a que foi submetido. Como jornalista profissional, foi redator do jornal Vanguarda Estudantil, tradutor da France Press, editor e diretor das publicações Hoje e Notícias de Hoje, ambas ligadas ao Partido.



Dia 14 de Outubro, às 19h, na Câmara Municipal de São Paulo, sessão de concessão de Medalha Anchieta e Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo a Joaquim Câmara Ferreira, “in memoriam”, por iniciativa do Vereador Ítalo Cardoso.



Dia 22 de outubro, às 15h, visita ao seu túmulo, no Cemitério da Consolação. Dia 23 de outubro, às 14h, no Memorial da Resistência, na Luz, 46ª Caravana da Anistia: sessão especial de apreciação do requerimento de Anistia de Joaquim Câmara Ferreira.

























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