sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A liberdade de imprensa na Tunisia







Liberdade de imprensa tenta abrir caminho para transição tunisiana

04/02/2011

Fonte: YAHOO Notícias



Miguel Albarracín e Jorge Fuentelsaz. Túnis, 4 fev (EFE).-

A queda do presidente tunisiano Zine al Abidine Ben Ali em 14 de janeiro gerou uma mudança imediata na forma de fazer jornalismo na Tunísia, onde de um dia para outro a imprensa passou de porta-voz do regime a crítico dos desmandos da família do ditador. Com papel importante durante as revoltas populares que levaram a fuga de Ben Ali, jornalistas e blogueiros admitem os enormes desafios que têm à frente, e advertem que a estrutura política e administrativa fiel a Ben Ali continua ainda muito influente no país. "Em 24 horas tudo mudou. Optamos por transmitir um noticiário a cada hora. Partimos do zero, com programas ao vivo. Estamos trabalhando direto, sem dormir", conta à Agência Efe o diretor de noticiários da televisão pública tunisiana, Lassaad Dgech. A televisão estatal mudou de nome. Trocou "Canal 7", em referência ao dia 7 de novembro de 1987, quando Ben Ali assumiu o poder, por "Al Wataniya" (O Nacional), mais afim a atual situação do país. Dgech considera que o país passa por uma mudança radical e comenta que atualmente está repensando tudo: a elaboração de novos programas, mais conexões ao vivo e a abertura dos espaços televisivos para todas as pessoas que haviam permanecido vetadas e marginalizadas durante o período anterior. Para alguns jornalistas, no entanto, as mudanças faladas por Dgech são unicamente superficiais nos meios sob controle do aparelho estatal e nos pertencentes a pessoas da família do Governo, donos de vários canais, jornais e emissoras privadas. "A verdadeira mudança não chegou", garantiu à Efe a blogueira Lina Ben Mhenni, que usou a internet para informar sobre a violência policial e os protestos, que não encontravam espaço na imprensa tradicional. "Mudaram de discurso em uma noite", acrescenta Mhenni, quem garante que durante os protestos chegou a ter 6 mil visitas diárias, frente à média normal de 1 mil. Para a blogueira, o atual Governo de transição não tem o controle de seu próprio destino. "Deveria ser um Governo com vontade de realmente fazer mudanças, que fosse controlado pela população, porque parece que não é a população quem controla", estima Mhenni. Neste sentido um jornalista da televisão "Al Wataniya", que pediu para não ser identificado, garantiu à Efe que há uma semana recebeu instruções para não criticar o novo Governo transitório, anunciado na semana passada. Neste canal público, a partir de quarta-feira, não são transmitidos os dois programas de debate ao vivo diários, que começaram após a queda de Ben Ali, e nos quais jornalistas e políticos discutem sobre a evolução dos eventos no país. Mhenni tem claro, tudo responde à pressão de "forças ocultas", possivelmente membros do partido do anterior regime "que estão tentando recuperar o poder". Hechmi Gachem, um veterano escritor do jornal privado "Le Temp", editado em francês e de propriedade de Sakher Materi, genro de Ben Ali e atualmente refugiado no Canadá, insiste à Efe sobre a mesma ideia. "Após a revolução, chegou imediatamente a fase da contra revolução", protagonizada pelos "membros do partido e das pessoas da administração envolvidas com o clã dos Ben Ali", diz. Gachem, que garantiu que Ben Ali "humilhou e massacrou os jornalistas e as pessoas ligadas à cultura", confessa que agora escreve sobre temas que antes eram vetados, como a religião, e tem mais espaço. Precisa que o essencial neste momento é que o Governo elabore leis que garantam a liberdade de expressão, como foi prometido na terça-feira após o primeiro Conselho de Ministros. "Todos os políticos vêm e só querem apresentar-se às presidenciais, mas o povo tunisiano não quer neste momento um presidente, pede leis, a revisão da Constituição. Isto é o que o Governo de transição deve fazer", ressalta Gachem, sentado com boné de marinheiro e cachecol branco na oficina de pintura que dirige, no centro da capital tunisiana. EFE















©UN
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Manoel Messias Pereira

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