Poeisa de Paulo Lourenço "Ramiro de Kali"
O mundo dos Orixás
Cada dia novo que amanhece,
traz a luz de pai Oxalá,
que ilumina as terras do mundo inteiro,
e embeleza o mar de mãe Iemanjá.
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Sopram os ventos de mãe Iansã,
que abraçam Xangô em sua pedreira.
Correm os rios de mãe Oxum,
e as crianças brincam á sua maneira.
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As matas de Oxossi ficam mais belas,
e novos caminhos Ogum nos oferece.
Na sua calunga Obaluaiê,
acolhe ou dá cura a quem merece.
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Exu se ri na encruzilhada,
e firma seu ponto com seu punhal,
e o aroma das rosas de Pombagira,
ensina a diferença do bem e do mal.
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Zambi segura o mundo nas mãos,
e fá-lo girar mais uma vez,
derramando nele seu amor divino,
e em toda a criação que um dia ele fez.
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Lisboa, 25 de Julho de 2008
Extrato da obra - Orixás em Poesia de Paulo Lourenço "Ramiro de Kali" Copyright © 2008
poesia de Vasco Graça Moura
blues da morte de amorjá ninguém morre de amor, eu uma vezandei lá perto, estive mesmo quase,
era um tempo de humores bem sacudidos,
depressões sincopadas, bem graves, minha querida,
mas afinal não morri, como se vê, ah, não,
passava o tempo a ouvir deus e música de jazz,
emagreci bastante, mas safei-me à justa, oh yes,
ah, sim, pela noite dentro, minha querida.
a gente sopra e não atina, há um aperto
no coração, uma tensão no clarinete e
tão desgraçado o que senti, mas realmente,
mas realmente eu nunca tive jeito, ah, não,
eu nunca tive queda para kamikaze,
é tudo uma questão de swing, de swing, minha querida,
saber sair a tempo, saber sair, é claro, mas saber,
e eu não me arrependi, minha querida, ah, não, ah, sim.
há ritmos na rua que vêm de casa em casa,
ao acender das luzes, uma aqui, outra ali.
mas pode ser que o vendaval um qualquer dia venha
no lusco-fusco da canção parar à minha casa,
o que eu nunca pedi, ah, não, manda calar a gente,
minha querida, toda a gente do bairro,
e então murmurarei, a ver fugir a escala
do clarinete: — morrer ou não morrer, darling, ah, sim.
Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"
poeta português
Lisboa - Portugal
poesia de Manoel Messias Pereira
Vamos a luta
Somos todos
cúmplices
de milhares
de crianças
que morrem
todos os dias
vítimas dos estúpidos
e adormecidos
que insistem
em ser governantes
e deixa o povo
esquecido
pelos balcões,
pelas enxadas,
pelas oficinas,
são estes intransigentes
sociais
que há todos instantes
assassinam,....
assassinam,
pela omissão
pela política nefasta
do abandono,
e não tem a consciência pesada
...mas enquanto isto
lutamos,lutamos
contra isto lutamos e,
sobrevivemos.
Manoel Messias Pereira
poeta
São José do Rio Preto - SP