Não se há de ler o poema
de modo a um tempo global e descontínuo,
como se fosse romance policial,
com a interlecção caminhando linha a linha
saltando crise a crise
e com os olhos devorando a tipografica
a bem dizer por intermitências,
como se o gesto mais natural da leitura
devesse abrigar a hierarquia do universo clássico,
povoado de momentos patéticos/insignificantes.
Não, o poema impõe a ingestão/digestão exaustiva do material,
longamente, pacienciosamente, definitivamente.
Há de se submeter o leitor a uma educação rígida,
o sentimento mantido em conluio com a sucessividade dos objetos e das ações.
A captura do poema se faz não como obra de bem-sucedido sequestro
ou de consumada sedução:
chega-se a ele através de investimento progressivo e fatal,
misto de tomada e de entrega.
Marcio José Lauria
poeta,crítico literário, advogado
São José do Rio Pardo - SP
Brasil.
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