São Paulo
Hoje na História: 1867 - Império Austríaco torna-se Áustria-Hungria Identidade linguística e étnica possibilitou esta improvável aliança
Em 8 de fevereiro de 1867, o império austríaco dá lugar a uma dupla monarquia, a austro-húngara. O novo estado, chamado Áustria-Hungria, apresentava-se como a união de dois países independentes simplesmente unidos pela lealdade a um mesmo soberano.
WikiCommons
Com o fim da tormenta napoleônica sobre os reinados europeus, a família dos Habsburgos recolhe os frutos de seis séculos de esforços e constitui um império no coração da Europa.
Esta improvável construção binacional surgiu para alinhar-se à série de nascimentos de estados-nações desencadeada pela Prússia. A confederação Áustria-Hungria duraria meio século.
Sua criação foi o resultado de uma história bastante longa que permitiu a uma família de um modesto castelo dos Habsburgos, na Suíça, dominar toda a Europa Central a partir de alianças matrimoniais.
Em 1806, os Habsburgos mudam o título simbólico de imperador da Alemanha para imperador da Áustria. Em 1866, derrotado em Sadowa pela Prússia, o imperador Francisco José I renuncia às suas pretensões sobre a Alemanha e dirige seus interesses para outros povos.
Elizabeth, uma princesa bávara sensível ao charme dos húngaros, é quem o aconselha. Apelidada de «Sissi», a imperatriz era uma bela mulher, cujo destino trágico alimentaria uma abundante literatura e faria a glória da atriz Romy Schneider. Francisco José I divide seu Império entre os austríacos de língua alemã e os húngaros.
A leste de um rio chamado Leitha, a Transleitânia, conhecida também como as «Terras da Coroa de Santo Estevão» incluía a Hungria histórica mas também a Croácia, a Transilvânia, a Eslováquia e a Cracóvia. Sua capital era Pest, hoje Budapest.
A outra parte do império era a Cisleitânia, com uma maioria de alemães, assim como de eslavos e italianos. Sua capital era Viena.
Os tchecos, que reivindicavam para si o prestigioso reino da Boêmia, foram os grandes derrotados do projeto austro-húngaro. No entanto, depositavam suas esperanças no surgimento de uma triplíce monarquia.
Com sua estrutura política bastante flexível, a Áustria-Húngria talvez tenha sido a precursora da Europa atual.
Iria abrigar e beneficiar durante cerca de cinquente anos um imenso esplendor cultural. De Trieste à Cracóvia, toda a Europa Central preservou em sua arquitetura assim como em seus costumes a nostalgia daqueles tempos.
Com o fim da Primeira Grande Guerra, contudo, o presidente norte-americano Woodrow Wilson e o primeiro-ministro francês Georges Clemenceau encorajaram o desmembramento da «Mitteleuropa», Europa Central em alemão, invocando o direito dos povos de dispor de seus próprios destinos.
A Áustria-Hungria, no auge de seus 50 milhões de habitantes, com uma capital que se comparava com Paris, Londres ou Berlim, iria dar lugar a diversos estados rivais, apoiados sobre o que julgava ser sua identidade nacional, linguística ou étnica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
opinião e a liberdade de expressão