quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Projeto Romaniart


Comunidade cigana



Projecto Romaniart





Idanha e Cáceres impulsionam actividades ciganas

Um projecto único a nível europeu, Romaniart, quer dar visibilidade à capacidade artística e cultural da comunidade cigana. Idanha-a-Nova e Cáceres são duas das localidades inseridas no projecto, a que se junta Tulcea, na Roménia.





28 de Outubro de 2010 às 15:41hLevar a população cigana a concluir a escolaridade obrigatória e impulsionar as suas actividades culturais e artísticas estão entre as ambições das localidades de Idanha-a-Nova e Cáceres (Espanha).



Os dois municípios estão unidos num projecto com financiamento europeu chamado Romaniart (www.romaniart.eu) que foi apresentado na passada sexta-feira, dia 22, no auditório da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova.



“Há muitos projectos de inserção social, mas este é o único a nível europeu que se preocupa com a divulgação da capacidade artística e cultural das comunidades ciganas”, destacou Sílvia González, vice-presidente da administração provincial de Cáceres – região onde vivem quase 30 mil ciganos.



Na Extremadura espanhola decorre um trabalho de contacto e inventariação junto das associações ciganas. Sílvia González acredita que, em breve, “haverá mais arte cigana para mostrar, para além do flamenco”. Será essa uma das grandes mudanças conseguidas pelo projecto.



Em Portugal, Adérito Montes, presidente da Associação para o Desenvolvimento da Etnia Cigana, acredita que a escola tem um papel fundamental “em encaminhar as crianças ciganas que mostram vocação”.



Em Espanha “há mais simpatia” para com a arte cigana, garante, sublinhando que em Portugal há muitos talentos por descobrir, sobretudo entre os mais novos.



Mas do lado português e em Idanha-a-Nova, a maior preocupação ainda é levar os ciganos às escolas, “sobretudo as raparigas, cujas lides domésticas desde cedo as tiram da escola”, explica António Lisboa, presidente do Centro Municipal de Desenvolvimento e Cultura.



Idanha-a-Nova acolhe 370 ciganos em três comunidades, na vila, na freguesia do Ladoeiro e outras em Zebreira, onde um terço da população é cigana.



“Há muitos casamentos com 12 e 13 anos e são uma população nómada: quando chega a Primavera a escola fica quase vazia, porque as famílias viajam e os filhos acompanham os pais”, descreve António Lisboa, que reconhece que o trabalho não é fácil, mas gostava de ver a comunidade cigana “pelo menos” com o ensino obrigatório.



A aproximação tem um “balanço positivo” em Idanha, em grande parte graças ao papel desenvolvidos desde há um ano por um mediador da comunidade cigana, Ricardo Serra Fernandes, cuja família há muito se fixou no concelho de Idanha-a-Nova



“Falo com todos e tento facilitar o diálogo com entidades públicas e privadas”, destacou, acrescentando: “O absentismo é uma grande preocupação, mas também a falta de condições em muitas habitações”.



As 18 barracas que ainda existem no Ladoeiro são um desses casos, que o mediador tenta resolver com os apoios do município para atribuição de habitações a estratos desfavorecidos da população.



O projecto Romaniart abrange ainda o município de Tulcea, na Roménia.



Os trabalhos que decorreram em Idanha-a-Nova incluiram a apresentação de comunicações, espectáculos musicais e divulgação das actividades culturais de comunidade cigana.





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Manoel Messias Pereira

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