Ainda hoje quando Nelson Mandela encontra-se internado na África do Sul e falam do estado crítico de saúde do líder africano, recordo - me de um poema do brasileiro Paulo Leminski.
"Senhor,
peço poderes sobre o sono,
esse sol em que me ponho
a sofrer meus ais ou menos,
sombra,
quem sabe,
dentro de um sonho"
Este poema remete-nos aos deuses africano de Òmólú ou Abaluayê, cultuados no Brasil pelos candomblés, xangos, umbanda, turquias, tambor de minas, omolocos, em que mostra a face da vida, dizendo que todas as pessoas tem um princípio e um fim.
Òmólú/Obaluaiê
É o chamado deus da desintegração, Oba = Rei, Luaye = Céue terra. A deusa das formigas brancas, que adentra a terra e torna a sair. E Òmólú é o deus ligado ao Sol, ao acaso, à noite e ao dia, o princípio e ao fim. Sendo que a morte também é uma cura. É como o pôr do sol, crepúsculo dos poetas.
mapa da voyagesphotosmanu.com
África do Sul
Historicamente no processo da contemporaneidade a África do Sul, foi um país vítima da conexão imperialista capitalista econômica, na qual estabeleceu-se naquele país em 1913 o "Native Land Act", oportunidade em que o país foi dividido entre negros e brancos, na qual os negros que representa dois terços da população sul africana ficou com 7,5% do território, enquanto que a minoria branca permaneceu com 92,5% do território.
Em 1949, houve a proibição de casamentos mistos e a restrição do ir e vir da população negra, obrigando a portar passes especiais para circular nas cidades.
E em 1950, a proibição de relações sexuais entre brancos negros, a obrigatoriedade da definição de raças nos registros de nascimentos. E a proibição de partidos políticos de oposição ao governo. Além da criação de áreas especiais, 100% habitadas por brancos, na qual os negros só entravam pra trabalhar.
Em 1951, surgiu a Lei que criava os bantustões chamados de "homeland", onde os negros podiam residir e supostamente ter propriedade. Era uma África Branca controlando os bolsões de negros como se fossem nações separadas. E em 1953 houve a proibição do uso dos mesmos locais públicos por negros e brancos, bebedouros, banheiros etc. Além do sistema de ensino especial para os negros com o claro objetivo de rebaixar a formação dos nativos. E em 1956 houve a aprovação da lei que regula a segregação profissional. E em 1958 os bantustões ganhava a independência, mas os líderes era indicado pelo fascismo governamental. Todo este desenho politicamente arquitetado é chamado por nós de Apartheid, ou seja o desenvolvimento em separado.
E é neste contexto que vimos surgir a figura de Nelson Mandela que escreveu o caminho para a liberdade dos negros em 1963. Mas vale informar que em 1961 num artigo Nelson Mandela havia escrito "a luta é minha vida" E em 1963 ele acabou sendo preso pelo regime como subversivo, pois afirmou que "A África do Sul pertence a todos que nela vive". E permaneceu 29 anos preso uma vez que em 1964 foi condenado a prisão perpétua.
Numa campanha em que o mundo todo teve participação pressionando aquele país, levou o governo fascista libertá-lo, e após isto ele através do CNA, lança candidato a presidência da África do Sul e torna-se o primeiro presidente negro daquele país. Pois fim ao Apartheid, significou a luz divina terrena, pensou politicamente o nacionalismo, o objetivo da ação política, a política econômica, seguimentando nas questões da terra, da industria, comércio e cooperação, na Política educacional e na política cultural.
Para o jornal New York Time "foi o prisioneiro herói combatente das causas revolucionário" Portanto foi a mais importante figura daquele país e do mundo no Século XX, Prêmio Nobel da Paz e que no dia 18 de julho completará 95 anos. Porém a sua saúde continua na precariedade.
A população presta homenagem em oração e reverências, pensamentos positivos para a saúde do líder africano.
filme - Doc. O Homem por trás das lendas.
Mas como inicei esse artigo falando de Paulo Leminski,evidente encerro lembrando o poeta brasileiro. Se Mandela já tivesse falecido diria a frase de Leminski "Foi o escombro o vôo das pombas sobre as próprias sombras".Mas segundo consta ele reage aos tratamentos, e em Leminski consta que "abrindo um antigo caderno ele descobre-se eterno" E a frase de Mandela continua "A luta é minha vida.".
Manoel Messias Pereira
professor de História
São José do Rio Preto-SP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
opinião e a liberdade de expressão