INTERNACIONAL
A social-democracia em crise de identidade
Pode guinar ainda mais à direita, e até à extrema-direita
Paris – As providências para fundação da Aliança Progressiva já foram iniciadas desde o ano passado. Sua base de legitimação enfrenta – como argumentam os líderes do movimento e as opiniões de muitos – é a crença de que a Internacional Socialista é “eurocêntrica” e “corrupta”.
O paradoxo nestas afirmações é que a Internacional Socialista foi fundada em 1889 e congrega partidos socialistas de 159 países. O ainda mais paradoxal é que estas afirmações são formuladas pelo Partido Social-Democrata, que, durante longos anos, sozinho ou em coalizão, já governou a Alemanha, Além disso, é o partido que introduziu as políticas de frugalidade durante a gestão presidencial de Gerhard Schröder. Trata-se de um partido plenamente estatizado e integrado ao cartel partidário do sistema político alemão.
Desde quando a social-democracia foi entregue à hegemonia neoliberal, enfrenta sérios problemas de identidade e crise. O SPD vive dramaticamente esta crise. Assim, poderia logicamente alguém supor que esta iniciativa busca desviar-se do beco sem saída social-democrata e renascer sua perspectiva política.
Perspectiva esta que, até as últimas duas décadas, apoiava-se sobre a promessa de que o capitalismo pode humanizar-se por intermédio de controles e reformas que apoiavam a promessa que o futuro será melhor do que o ontem, algo que, a realidade social na Alemanha e na Europa, pelo menos, desmente diariamente.
Quarta via?
Além disso, a dinâmica assim como a oposição à ampliação da Internacional Socialista como, aliás, revelou de forma dramática a Primavera Árabe, comprovaram que a social-democracia alemã já perdeu a sua tradicional primazia na Internacional Socialista.
A criação de uma nova aliança internacional, a qual será constituída por partidos da governamental social-democracia, parece que são as razões da iniciativa do Partido Social-Democrata. As primeiras adesões à Aliança Progressista incluem partidos socialistas da Itália, da Argentina, o Partido do Congresso da Índia (famigerado por sua corrupção), o Partido Trabalhista britânico e alguns outros. Em consequência, parece que esta iniciativa mina o internacionalismo que constituía o princípio da ata de fundação da social-democracia, enquanto, simultaneamente, confirma o afastamento do objetivo social que, tradicionalmente, representava.
Guinada à direita
A Aliança Progressiva, apesar de sua retórica, além do eurocentrismo que a caracteriza, cria as premissas para guinada da social-democracia ainda mais à direita. Como muito precisamente alguns jornais europeus escreveram, trata-se de um Bad Godesberg. Contudo, isto não está previsto que será expressado oficialmente. O modelo genético e a força da inércia histórica destes partidos impedem uma aberta aproximação estratégica com os partidos governamentais da direita européia.
Quando isto for imposto pelas necessidades do gerenciamento governamental da crise, os cidadãos europeus serão testemunhas da radical reestruturação dos sistemas partidários, tanto em nível nacional, quanto em europeu.
As forças da esquerda radical deverão estar preparadas para intervirem na dinâmica desta evolução porque, diferentemente, os riscos de hoje para a democracia serão transformados em pesadelos, considerando que a já ascendente extrema-direita terá a possibilidade de aproveitar a já aberta crise política.
Alex Corsini
Sucursal da União Européia.
Monitor Mercantil © 2012 - Todos os direitos reservados
A social-democracia em crise de identidade
Pode guinar ainda mais à direita, e até à extrema-direita
Paris – As providências para fundação da Aliança Progressiva já foram iniciadas desde o ano passado. Sua base de legitimação enfrenta – como argumentam os líderes do movimento e as opiniões de muitos – é a crença de que a Internacional Socialista é “eurocêntrica” e “corrupta”.
O paradoxo nestas afirmações é que a Internacional Socialista foi fundada em 1889 e congrega partidos socialistas de 159 países. O ainda mais paradoxal é que estas afirmações são formuladas pelo Partido Social-Democrata, que, durante longos anos, sozinho ou em coalizão, já governou a Alemanha, Além disso, é o partido que introduziu as políticas de frugalidade durante a gestão presidencial de Gerhard Schröder. Trata-se de um partido plenamente estatizado e integrado ao cartel partidário do sistema político alemão.
Desde quando a social-democracia foi entregue à hegemonia neoliberal, enfrenta sérios problemas de identidade e crise. O SPD vive dramaticamente esta crise. Assim, poderia logicamente alguém supor que esta iniciativa busca desviar-se do beco sem saída social-democrata e renascer sua perspectiva política.
Perspectiva esta que, até as últimas duas décadas, apoiava-se sobre a promessa de que o capitalismo pode humanizar-se por intermédio de controles e reformas que apoiavam a promessa que o futuro será melhor do que o ontem, algo que, a realidade social na Alemanha e na Europa, pelo menos, desmente diariamente.
Quarta via?
Além disso, a dinâmica assim como a oposição à ampliação da Internacional Socialista como, aliás, revelou de forma dramática a Primavera Árabe, comprovaram que a social-democracia alemã já perdeu a sua tradicional primazia na Internacional Socialista.
A criação de uma nova aliança internacional, a qual será constituída por partidos da governamental social-democracia, parece que são as razões da iniciativa do Partido Social-Democrata. As primeiras adesões à Aliança Progressista incluem partidos socialistas da Itália, da Argentina, o Partido do Congresso da Índia (famigerado por sua corrupção), o Partido Trabalhista britânico e alguns outros. Em consequência, parece que esta iniciativa mina o internacionalismo que constituía o princípio da ata de fundação da social-democracia, enquanto, simultaneamente, confirma o afastamento do objetivo social que, tradicionalmente, representava.
Guinada à direita
A Aliança Progressiva, apesar de sua retórica, além do eurocentrismo que a caracteriza, cria as premissas para guinada da social-democracia ainda mais à direita. Como muito precisamente alguns jornais europeus escreveram, trata-se de um Bad Godesberg. Contudo, isto não está previsto que será expressado oficialmente. O modelo genético e a força da inércia histórica destes partidos impedem uma aberta aproximação estratégica com os partidos governamentais da direita européia.
Quando isto for imposto pelas necessidades do gerenciamento governamental da crise, os cidadãos europeus serão testemunhas da radical reestruturação dos sistemas partidários, tanto em nível nacional, quanto em europeu.
As forças da esquerda radical deverão estar preparadas para intervirem na dinâmica desta evolução porque, diferentemente, os riscos de hoje para a democracia serão transformados em pesadelos, considerando que a já ascendente extrema-direita terá a possibilidade de aproveitar a já aberta crise política.
Alex Corsini
Sucursal da União Européia.
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