(Declaração emitida pelo Bureau Político da Frente Popular para a Libertação da Palestina)
Ao povo palestino na pátria e na diáspora:
O retorno às negociações é contrário aos compromissos assumidos perante o povo palestino e uma violação da decisão de consenso nacional e do Conselho Central da Organização pela Libertação da Palestina para que não fossem retomadas as negociações sem a libertação de prisioneiros, a completa interrupção das edificações de colonização e do compromisso com o direito internacional e as resoluções legítimas como referência para a causa palestina. Agora, a retomada das chamadas negociações bilaterais com base na confidencialidade das promessas e intenções usuais dos EUA, deram às ocupações um suspiro de alívio depois de um longo período de isolamento e manobras evasivas, e deram à ocupação cobertura para continuar a colonização, os crimes de guerra, o genocídio e o cerco ao povo, à terra, à água, à economia e aos lugares sagrados palestinos.
Por outro lado, a arena política palestina está mais uma vez mergulhando no labirinto de negociações por negociações continuadas, minando as bases de todos os esforços pela restauração da unidade e o fim das divisões, exacerbando a crise nacional abrangente, afetando todas as esferas da vida e agora ameaçando os fundamentos e conquistas da nossa luta de libertação nacional, a unidade do tecido nacional e social.
A FPLP percebe que a contradição principal está com a ocupação e assim continuará. No entanto, com base na justiça da causa do nosso povo, no seu direito de lutar e resistir de todas as formas, a fim de acabar com a ocupação e com os assentamentos, para libertar todos os prisioneiros e garantir os seus direitos nacionais inalienáveis de retorno, auto-determinação, independência e a nossa capital Jerusalém, destaca o seguinte:
1) Defendemos como um mínimo a posição de consenso nacional e a das instituições da OLP de se recusarem a ceder às pressões externas e intervenções que inviabilizem a decisão e posição nacional de não retornar às negociações sem a libertação de prisioneiros, o fim dos assentamentos e a referência às resoluções de legitimidade internacional.
2) Exigimos que a presidência palestina e a equipe de negociação se retirem imediatamente das negociações liquidacionistas e priorizem a retomada dos esforços para implementar a reconciliação e restaurar a unidade nacional como a única forma de alterar o equilíbrio de poder em favor da ocupação, alcançando os direitos de nosso povo à liberdade, independência e ao retorno.
3) Uma abordagem nacional-democrática alternativa para acabar com as negociações e o absurdo processo de Oslo. A liderança da OLP falhou repetidas vezes, chegando a um impasse, e a dita paz econômica e os acordos comerciais de "Estado com fronteiras temporárias", na verdade deveriam trazer a questão nacional como um todo para a ONU e todas as organizações internacionais relevantes, incluindo o Tribunal Penal Internacional, construindo um sistema político democrático de resistência que fosse capaz de tornar a ocupação imputável, com intimidação e penalidades, de modo a forçá-la a submeter-se ao direito internacional e às Convenções de Genebra.
4) Exigimos da Presidência palestina e da Liga Árabe que assumam a responsabilidade de convidar o Conselho de Segurança da ONU para condenar e acabar com o tsunami de assentamentos, a judaização de Jerusalém e buscar a plena aceitação do Estado da Palestina, ativando o seu status no Tribunal de Haia e apresentando o relatório Goldstone na próxima sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro próximo, de modo a acabar com as manobras que visam obliterar a causa palestina sob o pretexto de negociações fraudulentas e enganosas destinadas a deslocar a causa palestina do núcleo do conflito na região, incluindo na pauta o chamado conflito sunita-xiita e a "ameaça nuclear iraniana", a fim de preparar o terreno para uma nova guerra contra os povos da região.
5) Apelamos à Fatah e ao Hamas, e aos governos de Gaza e Ramallah, para que tomem medidas urgentes a fim de impedir a violação dos direitos do povo, incluindo os direitos econômicos, sociais e políticos e a violação das liberdades públicas. O povo é a fonte da legitimidade e a pátria para todos deve ser colocada acima da luta pelo poder, dos interesses de facções e pessoais, que são perseguidos em detrimento do conflito com a ocupação e com a causa nacional mais elevada. Chamamos a liderança para ativar o quadro do comitê de negociação surgido do mais alto acordo de reconciliação no Cairo, a fim de desenvolver mecanismos para restabelecer a unidade com base no documento dos prisioneiros, no acordo nacional e nos resultados da reconciliação para acabar com a divisão.
6) Apelamos à conferência internacional sob os auspícios da ONU - na presença de todas as partes interessadas que estejam de acordo com um período de tempo especificado para implementar as resoluções relacionadas com a causa palestina e em assegurar a proteção internacional temporária para o nosso povo - que permitam a construção do seu Estado independente em suas terras, conforme aprovado pela Assembléia Geral da ONU em 29 de novembro do ano passado, para exercer sua soberania nacional, o retorno e a autodeterminação.
7) Saudamos os jornalistas palestinos por sua firmeza em face da repressão da ocupação e do assédio da segurança dos governos de Gaza e Ramallah. Apelamos aos jornalistas para que façam a sua parte na proteção do pluralismo político e intelectual e mantenham o direito da liberdade de expressão e para o setor de mídia, para que seja justo e objetivo ao realizar o seu dever de informar o nosso povo, refletir a opinião pública e permitir-lhes ver a verdade, sem exagero ou diminuição.
A situação, que a nossa causa nacional enfrenta hoje, sob intensa agressão, cerco, ocupação e divisão destrutiva desenfreada, exige que iniciemos um movimento popular organizado e sustentável dentro e fora da Palestina para derrubar Oslo, encerrar com as negociações e acabar com a divisão .
No 12º aniversário do martírio do grande líder nacional da intifada, o ex-Secretário-Geral do nosso Partido, camarada Abu Ali Mustafa, renovamos nossa aliança e nosso compromisso com o sangue dos mártires, para cumprir os objetivos pelos quais morreram. Mantemo-nos fiéis ao seu slogan imortal: “Resistir, não comprometer”.
Glória aos mártires, liberdade aos prisioneiros, derrota da ocupação e vitória para nosso povo!
Bureau Político
Frente Popular para a Libertação da Palestina
26/08/2013
Palestina
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