O maracatu Vozes da África em desfile na avenida Domingos Olímpio (RAFAEL CAVALCANTE)
Danielle Maia Cruz estava conhecendo associações de militância negra, seu primeiro objeto de estudo, quando chegou na Associação Nação Iracema e descobriu que o maracatu era a principal ferramenta de visibilidade e reivindicação das questões do negro dentro das atividades promovidas pela associação. Depois de dois anos de pesquisa ela terminou sua dissertação de mestrado em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará sobre o tema e hoje lança o livro Maracatus no Ceará, Sentidos e Significados, publicado com o prêmio do VI Edital de Incentivo às Artes da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult).
“O maracatu é uma prática cultural que não se encerra no entretenimento. Tem quem está só para brincar, mas muitas pessoas estão lá para dar visibilidade às suas questões, inclusive desconstruindo a ideia de que no Ceará não tem negro. Outros maracatus dão visibilidade às religiões afro. Cada um vai se revelando também como instrumento político”, diz Danielle. Ela resgata a história do maracatu no Ceará, mas centra foco no Nação Iracema, cujos dirigentes são militantes do movimento negro.
Não foi fácil encontrar bibliografia sobre o tema. Livro sobre maracatu, só em Pernambuco. “As fontes bibliográficas são mais de memorialistas como Gustavo Barroso, que já descreve desfiles de maracatu no século XIX. Há um esforço de pesquisa, mas na Academia ainda é muito incipiente”, conta Danielle. A autora já está pesquisando para sua tese de doutorado que agora alarga o horizonte para ir atrás do “tempo de carnaval” de Fortaleza, do início do pré-carnaval até o desfile da Domingos Olímpio. “Quero entender a diferença do brincante do pré, por que dizem que aqui não tem carnaval, por que o pré tem mais visibilidade que o maracatu e por que os blocos de rua surgiram na década de 80, mas só ganharam força há uns quatro anos”, resume. Mais um trabalho inédito na Academia.
SERVIÇO
COQUETEL DE LANÇAMENTO
O quê: Livro Maracatus no Ceará, Sentidos e Significados, de Danielle Maia Cruz
Quando: Hoje (15), às 19h
Onde: Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Avenida da Universidade, 2854). O livro estará à venda no local e depois na Livraria Lua Nova.
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