quarta-feira, 29 de junho de 2011

Parlamento grego aprova cortes públicos para conter crise





MTV Memo Parlamento grego aprova cortes públicos para conter criseFoto: Getty Images População grega protestou em frente ao Parlamento contra medidas de austeridade por Guilherme Ribeiro





Diminuição do salário mínimo, aumento da carga horária de trabalho, cortes na aposentadoria e nos gastos públicos, aumento dos impostos. As medidas de austeridade aprovadas pelo Parlamento da Grécia nesta quarta (29) deixam a impressão de que o relógio do tempo está girando ao contrário na terra dos deuses do Olimpo. É a socialização das perdas da crise do 'subprime', estourada em 2009 pelo excesso dos especuladores que maximizam lucros jogando na loteria da bolsa de valores.

O projeto aprovado pelo governo grego prevê arrecadar 28 bilhões de euros (cerca de R$ 63 bilhões) da população até 2015, seja por impostos ou redução na prestação dos serviços públicos. O dinheiro dos gregos ainda irá se somar a uma quinta parcela de US$ 12 bilhões de um pacote de ajuda concedido pela União Européia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), cuja liberação estava condicionada à aprovação das medidas de austeridade. Em 2010, a Grécia já havia recebido um pacote de resgate de US$ 160 bilhões das mesmas organizações. Agora, um novo pacote está para ser concedido e, possivelmente, ultrapassará os US$ 100 bilhões.

Na manhã dessa quarta, o primeiro-ministro grego, Giorgios Papandreou, se comprometeu a fazer o possível para que as dívidas e os cortes tenham o menor impacto possível no país. "Não há plano B para salvar a Grécia. Faremos tudo para evitar que o país vá à falência", declarou na tribuna do Parlamento, ao ressaltar o risco de o Estado não ter condições de pagar salários e aposentadorias caso não fossem aprovadas as medidas.

Para a aprovação, o governo precisava de uma minoria simples de 151 dos 300 votos da Casa. De acordo com a 'CNN', o pacote foi aprovado por 155 votos a favor e 138 contra. Além dos impostos, também estão previstos a redução da força de trabalho do setor público em 25%, a elevação da jornada de trabalho a 40 horas semanais e novos contratos com o salário mínimo a 500 euros.

Pouco antes da votação, as ruas da capital, Atenas, estavam tomadas por centenas de manifestantes que protestavam contra a aprovação das medidas. Houve confronto com policiais. Este é o segundo dia da greve geral contra a votação do pacote de austeridade no Parlamento. Novos protestos devem encher as ruas da cidade após a aprovação.

Entenda a crise na Grécia

O país de grandes pensadores como Platão, Aristóteles e Sócrates na verdade já foi mais sagaz em suas decisões. Desde o início da última década, a Grécia vem errando na política financeira e se tornando vítima de grandes bancos e instituições mundiais com empréstimos pesados e de juros elevadíssimos.

Nesse período, uma combinação de evasão de impostos e de dinheiro público mal aplicado fez com que o país se tornasse refém da crescente dívida. Com os cofres públicos vazios e a economia fraca, os gregos estavam na linha de frente dos países mais atingidos com a crise econômica mundial de 2009, chamada de crise do 'subprime'.

O acúmulo da dívida acabou gerando desconfiança nos especuladores e investidores, que relutavam em emprestar mais dinheiro ao país ou mesmo apostar em suas empresas. Por conta de tal suspeita, hoje são exigidos juros ainda mais elevados para novos empréstimos que refinanciem a dívida grega.

A solução sugerida por grande parte da população e dos setores de esquerda da sociedade grega é a declaração de moratória das dívidas públicas, ou seja, a imposição de uma negociação emergencial com as instituições credoras, seja para interromper o pagamento dos juros elevados ou para renegociar o valor bruto do que se deve.

A hipótese é descartada pelo governo grego, deveras socialista, por forte pressão da União Européia, que teme que países como Portugal e Irlanda sigam o mesmo caminho e acabem prejudicando a confiança que grandes investidores e bancos depositam na organização. Ainda sobra a suspeita de que a pressão ocorra devido ao fato de que grande parte dos bancos credores são de países da própria UE, como França e Alemanha.

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Manoel Messias Pereira

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