Para uma análise do heterólogos no Brasil seria necessário, porém considerar e aprofundar, as características míticas, utópicas e oníricas que constitui o humus primordial, ante ou transracional da cultura brasileira, como dizia Antônio Quadros (poesia e filosofia do mito sebastianista). Dai preocuparmo-nos com a escolha de autores em cujas obras se verifiquem as temáticas comuns ao heterologos em lígua portuguesa, e as especificas do imaginário coletivo brasileiro, assinalando as metamorfoses, os desvios, as variações e as combinações.
O Brasil foi, desde sua descoberta, a sede ideal, predestinada e confusa das nossas utopias. Do mesmo modo, o brasileiro gosta de se ver como uma espécie de canto não escrito de Os Lusíadas. Os antigos mitos, utopias e profecias do Paraiso Perdido, da Idade do Ouro, da demanda do Graal, da terceira Idade, do Sebastianismo e do Quinto Império, ganharam expressão própria na mitogenia brasileira. Aliás o Brasil foi, e é ele próprio, um outro mito. Terra da promissão, Ilha Encantada, genesíaco na sua natureza exuberante, nas suas potencialidades de suas três raças saudosas, em processo de aculturação e mestiçagem. O Brasil é esse novo ser-sendo, onde a raiz lusa aparece como elemento aglutinador, através da língua transplantada e enriquecida, bem expresso no esboço original de Macunaima de Mario de Andrade. O mito do Sebastianismo e do Quinto Império, as lendas célticas dos romances medievais, os milenarismos proféticos de Joaquim de Flora, e os messianismos escatológicos de toda a espécie, ressurgem com os messianismos catológicos de toda espécie, ressurgem com notaveis transposições antropológicas e literárias no espaço mítico-geográfico brasileiro. desaparecido em Alcácer, D. Sebastião renascerá no Brasil, para aqui cumprir o seu império espiritual, esse império outro, feito de anseios e lonjuras.
Maria Helena Varela
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