segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Doce Vida celebrado no Festival de Roma


'A Doce Vida' celebrado no Festival de Roma

por EURICO DE BARROS





Filme de Fellini faz 50 anos e passou em cópia restaurada. Anita Ekberg presente



Aos 79 anos, Anita Ekberg já perdeu a beleza e as formas que a transformaram num dos símbolos sexuais das décadas de 50 e 60, e que levaram Federico Fellini a dar--lhe o único papel de relevo da sua carreira cinematográfica em A Doce Vida (1960).



Foi graças a Fellini que a antiga Miss Suécia protagonizou uma das mais lendárias cenas da história do cinema, quando, de vestido de noite negro vertiginosamente decotado, toma um banho nocturno na Fonte de Trevi, sob o olhar fascinado de Marcello Mastroianni.



Mesmo apesar dos estragos da idade e de estar fisicamente debilitada, pois tem de se amparar numa canadiana, Anita Ekberg fez questão de comparecer à projecção com que o Festival de Cinema de Roma assinalou, no sábado, os 50 anos de A Doce Vida.



O filme foi exibido numa cópia restaurada, parcialmente financiada pela The Film Foundation, de Martin Scorsese, com o patrocínio da Gucci e o apoio de entidades como o Centro Experimental de CinematografiaCinemateca Nacional Italiana ou a Medusa e a Paramount, entre outras.



Ao mesmo tempo que Ekberg percorria o tapete vermelho do festival, distribuindo beijos à multidão que a aplaudia, foi inaugurada na capital italiana a exposição Laberinto Fellini, concebida pelo grande director artístico Dante Ferretti no antigo matadouro de Roma (www.macro.roma.museum).



Ferretti, que trabalhou com Fellini, homenageia a carreira e o universo do mestre nesta exposição, composta por fotografias, cenários, guarda-roupa, desenhos, esculturas, cartazes e excertos de filmes, bem como uma instalação feita à base de décors de alguns destes.



Falando após a projecção de A Doce Vida, Martin Scorsese declarou que esta obra-prima de Fellini "quebrou todas as regras. Há um antes de A Doce Vida e um após A Doce Vida. Fellini rompeu com todas as regras narrativas. Nos EUA, estava-se na altura dos grandes filmes épicos e espectaculares, como o Ben Hur e Spartacus. Já tínhamos visto A Aventura de Antonioni e o primeiro Bergman. Mas Fellini, pela sua audácia, intensidade moral e pela inteligência deste filme, mudou o destino do cinema comercial. E com um filme que não tem história, não tem intriga e dura três horas".



Scorsese disse ainda que, de todas as personagens de A Doce Vida, a sua favorita "é a interpretada por Marcello Mastroianni, por causa da sua trajectória descendente e da expressão do seu rosto no final do filme". Com AFP




Diário de Notícias, 2009 © Todos os direitos reservado

Nenhum comentário:

Postar um comentário

opinião e a liberdade de expressão

Manoel Messias Pereira

Manoel Messias Pereira
perfil

Pesquisar este blog

Seguidores

Arquivo do blog