Tardezinha. O sol alaranjado, estacado no caixilho oco do quadrado da janela, tocaiva dona Laura, que se tangia desacorçoada, de um lado pro outro do único vão de barraco.
Queixava-se da demora do filho menor, vista espichada no prumo da lixeira. Receava que so chegasse junto com o breu da noite.
Para bem dizer, ela nunca aprovou a lida do rebento, catando de- comer pra ela e os irmãos no lixo, apesar da precisão.
Quando, enfim, ele riscou na moldura da porta do barraco, Laura escancarou a boca num sorriso solto, sem nem se importar com a desculpa que já vinha escapulindo das mãos abanando do menino:
-Não deu pra trazer nada hoje. Um urubu chegou primeiro!
Francisco Pippio
escritor e sociólogo
sergipano autor de As Cidades (7Letras)
texto publicado na revista Cult n.159 -julho de 2011
Mano Brown
Queixava-se da demora do filho menor, vista espichada no prumo da lixeira. Receava que so chegasse junto com o breu da noite.
Para bem dizer, ela nunca aprovou a lida do rebento, catando de- comer pra ela e os irmãos no lixo, apesar da precisão.
Quando, enfim, ele riscou na moldura da porta do barraco, Laura escancarou a boca num sorriso solto, sem nem se importar com a desculpa que já vinha escapulindo das mãos abanando do menino:
-Não deu pra trazer nada hoje. Um urubu chegou primeiro!
Francisco Pippio
escritor e sociólogo
sergipano autor de As Cidades (7Letras)
texto publicado na revista Cult n.159 -julho de 2011
Mano Brown
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