Prof. João Marinônio Carneiro Lages*
Na Sessão da Câmara Municipal do Rio Grande, no dia 21 de novembro deste ano, que homenageou o Dia da Consciência Negra, por indicação do vereador Charles Saraiva, usei da palavra sobre o tema central e voltei a propor que fosse criado, em Rio Grande, um “Banco Social para Afro-brasileiros”, como fizera anteriormente no Conselho Municipal de Desenvolvimento Social e Cultura da Comunidade Negra (Comdesccon), há cerca de dois anos.
Não se trata de motivar a criação de mais uma entidade financeira ou órgão público, mas sim de uma associação civil, sem fins lucrativos, de caráter mutualista e de desenvolvimento voltado para afrodescentes.
Em todos os estudos sociológicos já realizados sobre afro-brasileiros, ficaram evidentes as dificuldades na obtenção de educação de boa qualidade, justos salários e oportunidades para estabelecimento de empresas próprias e um banco social dirigido para aquela etnia não constitui discriminação das demais que teriam papel de apoiadores de tal entidade.
É de sublinhar-se que no crescimento populacional da cidade do Rio Grande, nos últimos quatro anos, nota-se a vinda de trabalhadores técnicos, notadamente para a indústria naval, que são afro-brasileiros e que poderiam trazer suas experiências de outras cidades.
Existem no Brasil mais de 50 entidades semelhantes que praticam o microcrédito, com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, embora operem com base territorial de um bairro, município ou estado e dirigidas a uma clientela mais ampla.
O “Banco Social para Afro-brasileiros” manteria “carteiras” ou setores dedicados ao microcrédito, a colocação e reemprego, de cooperativismo, mutualismo, artesanato de qualidade, aulas voltadas para o vestibular e concursos públicos ou privados, com a emissão, a administração e circulação da “moeda social” que giraria entre os participantes das atividades da associação, possibilitando a obtenção de serviços ou bens por aqueles que não têm disponibilidade de recursos monetários ou crédito e, por outro lado, possibilitaria o uso de mão de obra e bens que não teriam utilização se dependessem do meio circulante nacional. As propostas para o “Banco Social para Afro-brasileiros” são inovadoras apenas quanto ao público-alvo.
Todas as ideias aqui vinculadas ao Banco Social já foram testadas no Brasil e outros países e funcionaram com resultados positivos, desde que haja organização, motivação e compromisso social.
A comunidade de afro-brasileiros em nosso município congrega mais de 15 mil famílias e se cada uma contribuísse com R$ 1,00 por mês, teríamos a contrapartida do BNDES de mais o dobro, além de se poder contar com os aportes de outras organizações nacionais e estrangeiras.
A Prefeitura Municipal do Rio Grande, particularmente pela Secretaria de Ação Social, poderia desempenhar um papel de catalisador para organizar a fundação do “Banco Social para Afro-brasileiros” que, por certo, contaria com a colaboração do Sebrae, Badesul – Agência de Fomento, órgãos federais (como a Furg), entidades empresariais, entidades de empregados, pessoas jurídicas e físicas em geral. Lembre-se de que os grandes projetos em implantação em Rio Grande tem um acompanhamento de assistentes sociais que também poderiam apoiar aquela associação.
O importante é que se conte com a união das pessoas e a firmeza de propósito para realizar aqueles ideais que subsidiariamente apoiariam a formação de mais lideranças afro-brasileiras, uma vez que a administração eleita do banco deve ter renovação periódica.
*Mestre em Sociologia (Univ. Nac. de Lomas de Zamora), idealizador da Bancorbrás e da Cooperforte, ambas em Brasília
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