meu peito crema em fogo brando
e quando eu caminho
um halo perfumado pelos eucaliptos
que há tanto eu rumino
nos livros que incorporo
decide os passos
por entre aflições e suspiros
meu peito oscila entre mirra e medo
e as palavras tentam forjar do magma triste
que os gestos petrifica quando pleno jorra e a
toda sorte sufoca
um gancho plangente que me arraste
para fora de mim mesmo
mas há muito não tenho bordas ou sustento
às vezes falo tanto apenas para não dizer
e me esmagar em silêncio
depois
o não-dito me carcome
sem forma ou limite
ele me envolve
e me aniquila
no que poderia ter sido
e não vai mais ser
meu peito queima sua companhia imaginária
com o combustível etéro de tantas poesias
amontoadas.
Marcus Sacrini
poeta e filósofo
Doutor em filosofia (USP)
Socorro-SP
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