segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Escola G.R.E.S.V Mocidade Paulista - Guarulhos
Nome da Escola: G.R.E.S.V Mocidade Paulista
Fundação: 23/08/2010
Cidade-Sede: Guarujá-SP
Cores: Preto e Branco
Símbolo: Estrela
Presidente: Matheus Bianck de Santana
Vice-Presidente: Danilo Alves Campos
Carnavalesco: Leonardo Silva Roque
Intérprete: Nino do Milênio
Enredo: "Parem os atabaques... O Silêncio da mãe África suntuosa anuncia... Um grito de liberdade ecoa... Brasil, o país de Rosas Negras"
Autores do Enredo: Leonardo Silva Roque e Rodrigo Dias
Sinopse: Introdução
O cheiro de nossas rosas se espalham pelo ar... É carnaval, Sou Mocidade Paulista e no rufar dos meus tambores irei contar a saga das negras na humanidade.
Bem Vindos a essa viagem fantástica e fascinante onde o samba através do ecoar dos meus tambores ira se juntar a ginga e a cor de minhas mulatas.
Assim, partindo desta inspiração divinal pedimos licença, benção e proteção para apresentar nossas mulheres africanas, que se mantêm presentes em lutas, conquistas e legado matriarcal.
Hoje a partir deste momento, extravasando de amor toda mulher se transforma em uma flor...
Setor 1 - DO SEIO DA MAE AFRICA PARA O MUNDO... O NAVIO DO SOFRIMENTO NAVEGA PELO MAR DE LAGRIMAS RUMO AO PORTAL CHAMADO ESCRAVIDÃO
Pare os atabaques... O silêncio perpetua na África, pois algo no horizonte é avistado. Grandes, fortes ou simplesmente brancos, uma nova tragédia na humanidade começa a acontecer na terra de Zumbi. Chegam em pleno século XV, os portugueses com toda determinação e mostrando grau de superioridade entre os povos ali vividos. Assim, após serem negociados pelos seus sobas (chefe de tribo), são acorrentados como animais e colocados amontoados de forma subumana nos porões dos navios negreiros rumo à servidão. Enquanto isso escravas de países como Moçambique e Congo suicidavam, pois achavam que era a única chance de obter liberdade. Foi uma época conturbada, só se ouvia gritos e lanças e um disparo em direção a três mulheres (Daundê, Manduwá e Daimbá), que na qual calou a mãe África por um grande tempo.
Chegadas aqui em solo Tupiniquim, mais precisamente na Bahia, elas são despejadas e despetaladas, trazendo com sigo, as marcas das correntes e da brasa quentes em sua pela morena. Outro sinal que identificavam elas como novas no quilombo era o sinal da Cruz.
Quando chegavam ao território brasileiro eram comercializadas nos mercados da Bahia, do Rio de Janeiro, do Maranhão e de Pernambuco, onde suas mão-de-obra eram empregadas na lavoura, mineração, pecuária ou em trabalhos domestico, chegando ate a amamentar os filhos dos senhores.
Elas que eram avós parteiras, amas de leite, rezadeiras, benzedeiras, pretas velhas e amantes dos senhores brancos, viviam fazendo atividades domesticas tendo que suportar a dor e o ciúmes doentio das senhoras brancas, que davam-lhe castigos diários, sofrendo assim em outras terras sem amor e sem nenhuma compaixão.
Esses fatos, aliados a vinda dos jesuítas, empenhados na defesa do índio, fizeram com que aumentasse o tráfico negreiro de norte a sul do Brasil até 1870.
Em plena Salvador: Sou Lalorixa, a Fé é minha Bandeira!
A perseguição impiedosa feita aos quilombos em função da intima relação entre as insurgências negras e as comunidades religiosas de base africana, além da ameaça representada pelo Quilombo dos Palmares, oportunizou a liderança das mulheres, já que os senhores brancos promoveram um extermínio brutal dos lideres religiosos. O culto aos orixás foi o único esteio para que, essas mulheres mantivessem as tradições religiosas e culturais da comunidade.
A primeira comunidade, que organizou o terreiro de culto nos pelourinhos da Bahia, foi dedicada a Xangô Afonjá, orixá da casa dos Alafin. As mães de santo nessa época eram consideradas mulheres respeitadas, e personalidades importantes da vida cultural do país, elas se destacavam por que se impunham com dignidade e força.
Essa parte é marcada pelo sofrimento dessas divas e pela força que encontraram, fazendo da fé sua sustentação e assim como um patriotismo a religião transformou-se em bandeira, raiz e garra. Nessa época começava a ser plantado as pequenas sementes dessas mulheres.
Dessas negras, as que mais cultuavam os terreiros, eram os Iorubas e os Geges.
Ambos buscavam fé além do senhor do céu, Olorum, em Oxalá, que tinha por esposa Odudua; Xangô, deus dos raios e trovões; Ogum, deus da guerra; Iemanjá, deusa das águas; Oxossi, deus dos caçadores e viajantes; Ifá, que tem por fetiche o fruto do dendezeiro, revelador do oculto; Da dá, protetor das crianças; Ibeji, Orixá dos gêmeos; e Exu ou Elegbará, espírito do mal.
Setor 2 - As Sementes que foram plantadas desabrocham rumo à liberdade... Negras ousadas, guerreiras e determinadas, em busca de um ideal
Mulheres que semearam suas próprias vidas, tropeçando e cegas pela vida, maltratadas pela pobreza, mutiladas, apagadas e confundidas pelo sofrimento. Eram senhoras que buscavam uma música ainda não escrita, na qual a sua força, a sua espiritualidade, o seu axé, aquela coisa que existia dentro delas, se tornasse conhecida. Elas esperaram e esperaram... Sabiam que seus campos de outono, vazios de frutos, iriam chegar ao tempo da colheita, mesmo que fosse outro tempo, pelas mãos e força de outras mulheres. Foi o que ocorreu, as pequenas sementes, plantadas na força da fé, viram brotos, desabrochando para a liberdade, assim buscando cada uma apesar da escravidão que existia, uma maneira de arrumar um ideal de vida (sonhos).
É nessa passagem que surgem identidades feministas que abalaram pensamentos, causando polêmicas em todo território nacional.
Mulheres como Chica da Silva (considerada a precursora das mulheres no cenário da vida política brasileira), Filomena do Araxá (conhecida por sua beleza nas terras do Araxá), Mãe Menininha (a mãe de santo que mais teve em destaque nacional), Anastácia, Aqualtune (sua filha gerou o grande Zumbi dos Palmares), Filipa de Aranha, Benedita da Silva, Diamantina entre outras mães de santo como Agripina de Xangô, popularmente conhecida.
Setor 3 - Divinas senhoras... As Donas da Humanidade... Mulheres que vão à luta sem pedir licença... Crescendo e Reflorescendo a cada dia!
Vem para acabar e libertar a todas... O raiar do Sol a quebrar nossas correntes... É festa no terreiro, a volta dos atabaques. Foi ela, a branca, Princesa Isabel que em 1888 nos libertou criando novas mulheres. Abolicionistas como Castro Alves, também apelidado como o Poeta do Desgraçados também ajudaram nessa luta contra a abolição.
Das senzalas para cortiços, tornando-se mulher da cama e mesa, ora servindo ao seu companheiro, ora servindo o patrão que antes tinha como papel o de senhor. Mulheres que, na raça lutaram e na raça superaram todos os obstáculos, passando novos tempos e se modernizando cada vez mais, sem pedir licença, dominando a humanidade e buscando o que antes era utópico, uma realidade.
Podemos dizer que essas senhoras foram fundamentais para formação da cultura e do povo brasileiro.
Exalando o Perfume da Vitória e Abrilhantando nossas vidas, essas são as mulheres negras do Meu Brasil!
E foi assim, a saga, a vitoria e a luta de batalhadoras por natureza, onde em um país chamado Brasil, nascem a cada dia novos frágeis botões que se transformam em lindíssimas Rosas Negras, "gigantes pela própria natureza" e que brilham no seio de nossa Pátria Amada mãe gentil. Mulheres como Camila Pitanga, Daiane dos Santos, Negra li, e Gloria Maria são hoje destaque nacionais que venceram na vida e cultivam cada dia seus frutos.
Nessa noite de bambas, amantes e boêmios das escolas de samba caem na folia, e nas cores preto e branco do meu pavilhão, pedindo licença a minha padroeira Nossa Senhora Aparecida, vamos cantar e exalar a cor do Brasil. Axé!
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