quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ocidente impede a Renascença Africana

Prof. Shadrack Gutto


Estudo



Ocidente impede renascença africana, segundo docente universitário sul-africano

A conferência de Pretória visa alargar e aprofundar o debate sobre a resnascença africana através dos temas como "O papel da ciência e da tecnologia no desenvolvimento de África.



Da Redação, com agências



Pretória - Um docente da Universidade da África do Sul, baseada em Pretória, a capital do país, acusou a agenda imposta por aqueles que dirigem o mundo de serem um travão à visão e à missão da renascença africana.



Falando durante uma conferência sobre a renascença africana que decorre em Pretoria, o professor Shadrack Gutto, do Instituto para os Estudos sobre a Renascença Africana da Universidade da África do Sul (UNISA), iniciada na quinta-feira (29), em Pretória, indicou, no entanto, que o espírito e a resistência do continente negro continuam intactos. E ainda sublinhou que os esforços a favor da conetividade e da integração intra-africanas progredem.



Gutto considerou que, desde que se livrou do poder colonial, o continente africano passou por um período de progresso mas igualmente por um período de sub-desenvolvimento neo-colonial, de ditadura, de conflitos armados fomentados pelo estrangeiro e por regimes corruptos.



Ele ainda frisou que, para realizarmos a renascença africana e contribuir verdadeiramente para uma mundialização justa e equitativa, é imperativo repensar "a governação democrática" a todos os níveis da sociedade, precisamente a nível local, nacional, sub-regional e internacional.



Dissertando sobre "Mundialização, Renascença Africana e Governação Demiocrática", Gutto citou a Organização das Nações Unidas (ONU)com seus órgãos e as suas agências, bem como instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Federação Internacional de Futebol (FIFA) e o Tribunal Penal Internacional (TPI) como sendo instituições internacionais não democráticas.



"É là que se encontram as razões de reexaminar a situação. Ao reexaminarmos a situação e as instituições internacionais de governação, devemos começar pelas que são totalmente anti-democráticas", afirmou.



A seu ver, o que é preciso compreender é que instituições mundiais, como o FMI e o BM revelaram-se como instrumentos úteis para Estados potentes e empresas privadas ·



O docente universitário sul-africano disse ser de opiniáo que elas não vão desaparecer ou limitar os seus papeis já estabelecidos que criam condições no mundo a favor dos que as controlam.



"Quando acusados ou criticados, o FMI e o BM mudam de linguagem e reinventam estratégias de reforço das desigualdades mundiais entre os ricos e potentes, e o mundo dos pobres, vampirizando estes últimos", denunciou.



O orador defendeu uma compreensão histórica e crítica da mundialização para que a visão e as aspirações da renascença africana sejam colocadas no centro das mudanças fundamentais e para a busca de um novo paradigma da mundialização baseado numa verdadeira justiça e numa repartição equitativa do poder nas esferas políticas, económicas e sociais entre os povos e as regiões do mundo.



A conferência de Pretória, de dois dias, tem por objetivo alargar e aprofundar o debate sobre a resnascença africana através dos temas como "O papel da ciência e da tecnologia no desenvolvimento de África" e "A autonomização das mulheres e o desenvolvimento em África"; "A África e o discurso da mundialização", "As instituições e quadros de governação tradicional em África e as suas contribuições para a democracia" e "Os sistemas de conhecimento locais, o papel das línguas africanas no desenvolvimento de África".



A conferência, que reúne universitários e profissionais, entre outros, é organizada pela Academia Africana das Línguas da União Africana, com a colaboração do Instituto para os Estudos sobre a Renascença Africana, da Universidade da África do Sul (UNISA) e do Instituto internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA). As informações são da Panapress.



© CCA / MOVIPRESS (NOVA MOVIMENTO)



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Manoel Messias Pereira

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