“A CIA e o terrorismo de Estado” é tema de mesa-redonda e título do livro do jornalista Hernando Calvo Ospina, do “Le Monde Diplomatique”. O debate será no mesmo dia do lançamento da obra, nesta quarta-feira, 11 de setembro, às 18h30min, no Miniauditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da UFSC. O evento é aberto ao público.
O evento contará com a participação dos professores da UFSC, Nildo Ouriques e José Martins, do Curso de Economia e Relações Internacionais, e Waldir José Rampinelli, de História.
Sobre o livro
A Agência Central de Inteligência (CIA), criada em 1947, cometeu uma série de crimes ao longo destas seis décadas, tais como: atuou, por meio da guerra psicológica e da corrupção de lideranças, na sabotagem ao avanço dos países socialistas; conspirou, através da desinformação e do terror de Estado, contra os governos nacional-populares, os movimentos de libertação dos povos e o sindicalismo de resistência; realizou espionagem industrial, utilizando-se do “imperialismo do dólar”, para as multinacionais estadunidenses; e violou, com a ajuda de empresas de telecomunicações, mensagens eletrônicas e telefônicas de cidadãos do Brasil e da América Latina. Se por um lado a CIA tentava inviabilizar a consolidação de um sistema superior ao capitalismo, por outro buscava criar mecanismos que extraíssem o excedente econômico dos países do Terceiro Mundo em favor de suas transnacionais. Por conta disso, deixou rios de sangue por onde passou.
Foi na América Latina que a CIA teve o seu primeiro grande sucesso, ao derrubar o governo de Jacobo Arbenz Guzmán (1951-1954) na Guatemala, como também experimentou uma amarga derrota, ao ser vencida e humilhada em Praia Girón, Cuba (1961).
O livro de Hernando Calvo Ospina A CIA e o Terrorismo de Estado – Cuba, Vietnã, Angola Chile, Nicarágua, utilizando-se de fontes documentais, faz um amplo relato sobre a atuação criminosa da CIA em várias partes do mundo, mostrando como esta agência é capaz de tudo, fazendo jus a seu slogan de trabalho: “O impossível se soluciona em seguida. Os milagres demoram um pouco mais”.
Para o Brasil, que tem uma escassa historiografia sobre a CIA, o livro de Calvo Ospina ajuda a entender o trabalho desta transnacional do terror de Estado e suas consequências para nossos povos. A dependência econômica, a entrega das riquezas, a violação da soberania, os golpes contra os governos nacionais populares, a triangulação Irán Contras para financiar a chamada guerra de baixa intensidade na Nicarágua, a arrecadação de fundos com o comércio de drogas para custear a contrarrevolução, a guerra psicológica, as campanhas de desinformação, os sequestros, a tortura e os assassinatos, são alguns dos métodos utilizados pela CIA para conseguir seus objetivos.
No momento em que não se vive mais o confronto direto entre Estados Unidos e União Soviética, lembro que a atuação da CIA tem recrudescido contra os governos latino-americanos que adotaram políticas nacionalistas de cunho revolucionário. Os líderes da Bolívia, Equador e Venezuela são os mais visados, atualmente, pela CIA, começando pela sabotagem econômica, passando pela tentativa de magnicídio e chegando ao golpe de Estado. Tudo é planejado e arquitetado nas embaixadas estadunidenses latino-americanas, encoberto pelo falso manto da diplomacia. Ocorre que nestes países mencionados está acontecendo a refundação de novas Repúblicas com uma descolonização da mente e uma redescoberta da própria história. Isso preocupa tanto a CIA e o Departamento de Estado, em Washington, que o Documento de Santa Fé II, uma estratégia para a América Latina para a década de 1990 já dizia que “o matrimônio do comunismo com o nacionalismo na América Latina representa o maior perigo para a região e os interesses dos Estados Unidos”. Enquanto a Casa Branca condena sistematicamente as políticas nacionalistas adotadas pelos governos latino-americanos, promove, por sua vez, em território estadunidense, um nacionalismo exacerbado sempre e quando se pratica um atentado terrorista ou se declara uma guerra ou se vive uma crise de seu sistema capitalista.
Por isso, a importância do trabalho de Hernando Calvo Ospina ao contar com requintes de detalhes a atuação da CIA, dentro da dimensão histórica de conhecer o ontem para entender o hoje e abrir uma perspectiva de resistência. Um livro que todos deveriam ler no Brasil.
Mais informações com o professor Waldir Rampinelli – (48) 8823-1373.
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