segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Poesia de Haroldo de Campos é apresentada em estações de metrô de SP



Cultura
Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – "O povo é o inventa-línguas". O trecho do livro Galáxias do poeta Haroldo de Campos (1929 - 2003) é revelador do modo como o escritor se relacionava com a linguagem. "Mesmo nos usos cotidianos, é sempre uma busca pela invenção, pela criação", explicou Julio Mendonça, curador da exposição Pontos Luminosos, que conta a trajetória de um dos criadores do movimento literário da Poesia Concreta (1950). A mostra é gratuita e fica em cartaz até o dia 30 de setembro nas estações de metrô Paraíso, na zona sul da capital paulista, e Corinthians-Itaquera, na zona leste.

Mendonça acredita que o local da mostra contribui para perpetuar a visão do poeta de que a literatura é uma mescla de "informações mais sofisticadas, de pesquisa, e informações circulam entre um público mais amplo". Ele explica que Haroldo de Campos estava preocupado em aproximar a população do universo da linguagem culta. "Essa era também uma preocupação da poesia concreta nos anos 1950: produzir uma linguagem que fosse capaz de dialogar com público nos espaços modernos da cidade", explicou.

Pontos Luminosos, que faz parte do projeto Encontros da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), apresenta momentos chave na trajetória do poeta a partir do nascimento da Poesia Concreta. Esse movimento trabalha a linguagem de forma integrada com o som, a imagem e o sentido das palavras. Desse período, os visitantes poderão conhecer, por exemplo, o poema "nascemorre" e "mais menos". A organização acredita que a exposição das poesias em grandes painéis ampliarão ainda mais potencial imagético das obras.

O curador destaca ainda, entre os itens expostos, a apresentação de trechos do livro Galáxias. "Trata-se de uma prosa poética criativa e rica com uma linguagem inovadora que tem hoje repercussão internacional, sendo considerada uma grande obra do século 21", declarou. Essa é uma das obras que estará disponível para a leitura do público no local das exposições. Também estarão nos espaços de leitura, outros títulos como Crisantempo: no espaço curvo nasce um e A Educação dos Cinco Sentidos.

Além das obras, será exibido um vídeo de homenagem póstuma ao escritor, filmado no teatro da Pontifícia Universidade Católica (PUC), que contou com a participação de personalidades da música e do teatro, como Caetano Veloso, Arnaldo Antunes e Giulia Gam. O público poderá conferir retratos históricos de Haroldo de Campos feitos pelo fotógrafo German Lorca na casa do escritor no bairro Perdizes, em São Paulo.

"Tudo isso apresentado de forma sucinta, um material escolhido com cuidado que possibilite a exposição em um espaço público de grande circulação, de maneira que aguce a curiosidade e motive o público a conhecer mais", apontou Mendonça. Guilherme Yabesk, curador do Projeto Encontros, explica que o ambiente para o qual a mostra foi pensada traz alguma especificidade na disposição do material. "Um dos cuidados é que os textos tenham dimensões para que pessoas em trânsito possam se relacionar. Não adianta pensar em textos densos, porque é um público flutuante, mas sem perder em qualidade", justificou.

Yabesk reforça o papel do projeto como instrumento de democratização da cultura. "O pano de fundo é a formação de público. Trata-se de um espaço que agrega pessoas de todos os níveis sociais e diferentes escolaridades", declarou. Em relação à exposição sobre Haroldo de Campos, ele acredita que além de prestar uma homenagem no marco dos dez anos de morte do escritor, a iniciativa torna ainda mais conhecida a contribuição do poeta à literatura brasileira e mundial.



Edição: Carolina Pimentel
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Manoel Messias Pereira

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