Cecilia Meirelles
LEILÃO DE JARDIM
Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?
Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?
Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?
(Este é o meu leilão.)
Cecília Meirelles
poetisa
Rio de Janeiro-RJ
Wali Salomão
Devenir, devir
Término de leitura
de um livro de poemas
não pode ser o ponto final.
Também não pode ser
a pacatez burguesa do
ponto seguimento.
Meta desejável:
alcançar o
ponto de ebulição.
Morro e transformo-me.
Leitor, eu te reproponho
a legenda de Goethe:
Morre e devém
Morre e transforma-te.
Wally Salomão
poeta
Jequié - BA
Manoel Messias Pereira
O Mundo
Com meu olhar
não vou apenas reparar
o mundo todo
construído sobre suores,
de meus antepassados,
mas vamos gravar
fundo, muito fundo,
todo o mundo
e oferecer as nossas canções
as nossas orações
as nossas cantigas
e as nossas mandingas.
Com meu olhar
não é apenas reparar,
o mundo todo
mas estabelecer-se e transformar
inocular os pesadelos
restabelecer os sonhos
poetizar a terra,
sensivelmente
existencialmente,
sem perder o tempo
sem esquecer do vento
Que sopra sempre
liricamente, sempre.
Culturalmente. . .
Manoel Messias Pereira
poeta
São José do Rio Preto - SP
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