terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A história de Hoji Ya Henda

HOMENAGEM


Hoji ya Henda: uma história por desvendar
O seu exemplo de bravura e outras qualidades pessoais guindaram-no ao estatuto de símbolo da juventude angolana, ao tempo em que vigorava  em Angola o sistema monolítico. A alteração deste quadro ditou acaloradas discussões no Conselho Nacional da Juventude para se encontrar o dia representativo de todos os jovens angolanos.

Mais uma vez o nome do comandante Hoji ya Henda veio a impôr-se, ainda que por meio do voto da maioria representada naquele conselho órgão.Mantém-se assim o seu nome nas  ruas, avenidas, escolas, largos em quase todo o país, por respeiro à sua memória.

Apesar disso, as circunstâncias em que foi motrto em combate se prestam a alguma confusão, mesmo quando narradas por antigos companheiro de luta que nas suas memórias procuram descrever este facto.A história da sua morte, entretanto, pouco conhecida da juventude que o tem como patrono, não é suficientemente clara e os subsídios avançados nas obras auto-biográficas dos antigos combatentes do MPLA.

DINO MATROSSE VS PAULO JÚNIOR
Estes dois antigos combatentes que em determinados momentos da luta empreendida pelo MPLA privaram com o comandante Hoji ya Henda relatam, entretanto, nas suas memórias, histórias  díspares em relação à morte deste chefe da guerrilha.

“Nessa altura um dos franco-atiradores atingiu-o com um tiro mortal na parte frontal da cabeça”, precisa Paulo Júnior a páginas 39 do livro intitulado “José Mendes de Carvalho. um testemunho à sua memória”


“O tiro foi de tal maneira traiçoeiro e certeiro, que atingiu no peito o comandante, sem mais hipótese de sobrevivência

A própria terminologia usada num desses livros vem lançar achas a algumas alegações sobre as reais causas que estiveram na base da sua morte, o que desde já se impõe uma necessária revisão terminológica para dissipar questionamentos que já se arrastam ainda mesmo desde os tempos da luta armada contra o exército colonial.
A principal dessintonia está precisamente no tempo em que decorreu o combate entre o corpo de guerrilheiros do MPLA e as tropas portuguesas entrincheiradas no acampamento de Karipande.

Paulo Júnior diz no seu livro, apoiando-se em testemunhos de participantes na operação, que o antigo comandante da III região militar do MPLA caiu em combate por volta das 17 horas do dia 14 de Abril, quando foi alvejado por franco-atiradores entrincheirados a partir de túneis fortificados, depois de lançado o ataque pela guerrilha.

“O combate prosseguia. Os tugas reagiram e depois pararam. O comandante Henda supostamente enfurecido com o comportamento do inimigo, adiantou-se no terreno e cortou a rede da vedação do quartel, e em posição erguida ordenou o assalto”, lê-se no livro.

“Nessa altura um dos franco-atiradores atingiu-o com um tiro mortal na parte frontal da cabeça”, precisa Paulo Júnior a páginas 39 do livro intitulado “José Mendes de Carvalho. um testemunho à sua memória”.

Neste livro Paulo Júnior também revela que Ngundja e Kitwaquitel, dois participantes no ataque a Karipande, retiraram o seu corpo do local e o trasladaram para Lundoji, cerca de 30 quilómetros do local do ataque, onde foi sepultado, encontrando-se  aí até aos dias de hoje.

O preciosismo no caso do momento da sua morte poderia ser perfeitamente dispensável, se não estivesse em causa não só uma simples diferença horária, mas também uma mudança radical no período do dia em que os combates se deram.

é justamente aí que Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse” e Paulo Júnior divergem nas suas abordagens das condições em que tombou Hoji ya Henda no Leste de Angola.

Com efeito, para o actual secretáriogeral do MPLA, o combate fatal para o actual patrono da juventude angolana teve lugar na madrugada desse dia, depois do destacamento de combate se ter feito ao local na véspera.

Hoji ya Henda terá sido forte o suficiente para assegurar que os seus comandados mantivessem a serenidade requerida para que não abrissem fogo inadvertidamente, isto é, sem a sua tão esperada voz de comando.

Alvejado traiçoeiramente no peito

Na dinâmica do combate, Hoji ya Henda, que ainda teve a coragem de gravar todas as suas ordens de comando através de um gravador, uma vez no interior do quartel, foi alvejado por franco-atiradores entrincheirados que dispararam certeiramente contra o seu peito.

“O tiro foi de tal maneira traiçoeiro e certeiro que atingiu no peito o comandante, sem mais hipótese de sobrevivência, apesar de se ter tentado ainda reagir e lutar contra a morte”, escreveu Dino Matrosse na página 176 do seu livro “Memórias e reflexões”.

O comandante da III região morreu na presença de Pedro Chamilo, comandante “Cuidado”, e outros militares que foram a tempo de recuperar a arma, o rádio cassette e todo o espólio militar que levava consigo.

A partir de então, a assembleia regional no território da Frente Leste haveria de homenageá-lo postumamente com o título de “Filho querido do povo angolano e combatente heróico do MPLA”.

Hoji ya Henda pretendia que a batalha de Karipande fosse um marco importante da luta do MPLA na III região, razão pela qual a operação foi planeada para empregar um importante aparato guerrilheiro com um dispositivo constituído por três escalões e o emprego de importantes meios de artilharia como os morteiros de 120 milímetros, entre outros na altura.

Dino Matrosse obteve estas informações a partir de combatentes que participaram na operação entre os quais se conta António Condesse de Carvalho  “Toka” e os falecidos comandantes Katondo, Cuidado e Dimbondwa.



Eugénio Mateus





Fonte:  OPaís Online




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Manoel Messias Pereira

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