terça-feira, 30 de abril de 2013

Lembramos Vinícius de Moraes

Vinicius 

a boa Voz latina

Tela da Reflexão

Fatos Históricos importantes do dia 30 de abril

Floriano Peixoto

Em 30 de abril de 1839 - Nasceu o presidente brasileiro Marechal Floriano Peixoto (falecido em 1895)
Em 30 de abril de 1865 - Nasceu Max Nettau - historiador anarquista alemão (falecido em 1944).
Dorival Caymmi

Em 30 de abril de 1914 - Nasceu o cantor e compositor  brasileiro Dorival Caymmi, natural de Salvador.
Em 30 de abril de 1943 - Nasceu Frederick Chiluba, sindicalista e ex-presidente da Zâmbia

Em 30 de abril de 1945 - Sob a influência do PCB é criado no Brasil o MUT -Movimento Unificador dos Trabalhadores.
Em 30 de abril de 1945 - Adolfo Hitler e Eva Braun, suicidam-se.

Em 30 de abril de 1948 - Criação da OEA com a assinatura da Carta da Organização dos Estados Americanos, em Bagdá.
Fim da Guerra do Vietnã

Em 30 de abril de 1975 - Fim da Guerra do Vietnã com a ocupação de Saigon pelo vietcong e exército norte-vietnamita. Triunfo do povo e da estratégia do Partido Comunista do Vietnamista.
Álvaro Cunhal

Em 30 de abril de 1976 - Álvaro Cunhal do Partido Comunista Português, regressou a Lisboa-PT, onde foi recebido por milhares de pessoas.
mães da Praça de Maio

Em 30 de abril de 1977 - As mães da Praça de Maio, iniciaram sua primeira marcha frente a Casa Rosada. Elas se perguntam cade meus filhos? Que o estado soube liquidá-lo.
Em 30 de abril de 1981 - Aconteceu um atentado frustrado, organizado pelo Estado Brasileiro, contra o Pavilhão do Rio Centro, onde era realizado um show em homenagem ao dia do trabalhador.
Maria Clara Machado

Em 30 de abril de 2001 - O Brasil ficou triste, faleceu a dramaturga Maria Clara Machado de tantas peças teatrais infantis.
Em 30 de abril de 2004 - A ONU Organização das Nações Unidas, cria a Minustah - Missão das Nações Unidas para estabilizar o Haiti. E o Brasil manda soldados para lá.


Associação entre HLA Classe II e os títulos de anti-ccp na artrite reumatóide em pacientes afro-brasileiro




Associação entre alelos HLA Classe II e os títulos de anti-ccp na artrite reumatóide em pacientes afro-brasileiro

Pesquisador responsável: Manoel Barros Bertolo
Beneficiário: Manoel Barros Bertolo
Instituição: Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Área do conhecimento: Ciências da Saúde - Medicina - Clínica Médica
Linha de fomento: Auxílio à Pesquisa - Regular
Processo: 10/52181-0
Vigência: 01 de maio de 2011 - 30 de abril de 2013
Assunto(s): Artrite reumatóideAfro-descendentesProjetos Regulares

Resumo
A etiopatogenia da artrite reumatóide (AR) envolve não somente os fatores genéticos, mas também os fatores imunológicos e ambientais. A interação entre esses fatores é complexa e varia conforme a população estudada. No estudo da genética da AR, os alelos HLA classe II representaram um fator de risco importante na predisposição ao desenvolvimento da doença. Porém, o exato papel desses genes na patogenia da AR ainda está sendo estudado. Nos últimos anos, foi observado que os indivíduos com AR com os mais altos níveis séricos de anti-CCP são aqueles que possuem os alelos HLA que contém o epítopo compartilhado ["shared epitope" (SE)], que são o HLA DRB1*01 e o HLA DRB1*04. A positividade do SE com a presença do anti-CCP (SE+ / anti-CCP +) vem representando o fator de risco mais significativo no desencadeamento e também no prognóstico mais grave da doença. Entretanto, há uma evidente variação étnica na análise genética e na expressão clínica das diferentes populações com AR. Esse estudo tem como objetivo avaliar a associação dos alelos HLA classe II, particularmente os genes DRB-1 que contém o epítopo compartilhado, com a produção de anti-CCP em uma população afro-brasileira portadora de artrite reumatóide. Serão analisados 60 pacientes afro-brasileiros e 60 pacientes caucasóides com AR, atendidos no ambulatório de reumatologia do HC-UNICAMP. O grupo controle constituirá de 120 indivíduos saudáveis (60 caucasóides e 60 afro-brasileiros). Os resultados permitirão melhor entendimento do funcionamento da resposta imune dos afro-brasileiros no estudo da etiopatogenia da AR. (AU)
CDi/FAPESP - Centro de Documentação e Informação da

Operário em Construção




"O Operário em Construção": um estudo sobre os discursos varguistas no Primeiro de Maio do Estado Novo. (1938-1945) (Parte 1)

por Valéria Dal Cim Fernandes

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O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.

Vinicius de Moraes

O presente artigo tem como objetivo ponderar sobre os discursos proferidos por Getúlio Vargas na festa do Primeiro de Maio no contexto do Estado Novo. Estudando o período em que permanecera no poder nacional em moldes ditatoriais, com as devidas especificidades, daremos enfoque o discurso oficial apresentado ao público trabalhador a partir de tal festividade, data do aguardado contato anual entre operariado e Poder Público. A hipótese do trabalho é de que a partir desses discursos, minuciosamente elaborados pelos ideólogos do regime varguista, tenha sido possível apresentar uma redefinição do sentido de democracia e de cidadania no cenário político brasileiro, com o propósito de justificar a ditadura então vigente.

De um modo resumido, através de uma linguagem simples e o acionamento de dispositivos simbólicos, o Estado Novo, por meio da figura de Getúlio Vargas, se responsabilizou por transformar o operário em cidadão brasileiro. O esforço dos ideólogos do governo era de criar um imaginário político homogêneo entre os trabalhadores nacionais, de que eles estariam integrados à vida da Nação. Assim, os discursos pronunciados na festa do Primeiro de Maio faziam parte de um grande escopo de obras do Estado Novo, interessado na dignificação da figura do operário nacional.

Para melhor desenvolver a apreciação proposta, o texto está divido em quatro tópicos. Incialmente foi levantada uma breve reconstituição da importância do processo comunicativo montado através do programa cerimonial e festivo elaborado pelo Estado Novo para o Primeiro de Maio. A premissa é de que a data, de grande significação para o proletariado mundial, foi reformulada pelo Governo na tentativa de animar e controlar os trabalhadores brasileiros, através da transmissão de um conjunto de valores e crenças com a utilização de dispositivos discursivos.

No segundo tópico trato sobre a conceituação de cidadania específica estruturada durante a ditadura varguista, em que o divórcio entre os direitos sociais e os outros direitos ligados ao "status" de cidadão era latente. Nesse tema será enfatizado como a constituição de um tipo particular de cidadania acompanhou alterações no conceito de Estado, relativas às modificações do método e alargamento do exercício das funções do governo varguista, visando conciliar a maior soma dos interesses coletivos.

O terceiro tópico é responsável por esclarecer como a apresentação de um novo código de direitos e deveres ligados à lógica trabalhista foram fundamentais para redefinir o conceito de trabalho e, por fim, a figura do trabalhador brasileiro.

Como base dessa investigação, foram utilizados os já mencionados discursos pronunciados pelo Presidente, com a suposição de que tais orações foram fabricadas pelos responsáveis pela governança política para influenciar opiniões, a fim de obter adesões a certos ideais políticos. Patrick Charaudeau definiu os a importância dos discursos para a construção de opiniões do público: "o discurso político dedica-se a construir imagens de atores e usar estratégias de persuasão e sedução, empregando diversos procedimentos retóricos." [1]

Deste modo, a elaboração dos discursos presidenciais proferidos nos festejos do Dia do Trabalho durante o Estado Novo não podem ser consideradas obras do acaso.[2] Parto da constatação de que tais orações devem ser analisadas como peça de um amplo conjunto de iniciativas empreendidas pelo Estado em nome da obtenção de consensos relativos à ideologia política adotada.

1. A condução da festividade do Primeiro de Maio

A condução da festividade do Primeiro de Maio durante do Estado Novo é um objeto de estudo de extrema importância para o intelectual interessado em questionar de que maneira o investimento na elaboração de um programa cerimonial e festivo pode auxiliar na criação de um imaginário social [3]homogêneo. Verificando que a data universal de protesto operário, o Dia do Trabalho[4], assumiu contornos especiais na ditadura varguista, a ideia de utilizar a comemoração como estudo de caso parte da premissa de que o espaço cerimonial criado na data privilegiava a transmissão de um conjunto de valores e crenças, com o intuito de animar e controlar os trabalhadores.

A partir de 1938, o projeto trabalhista do Estado Novo, na tentativa de aproximar o Presidente Vargas e o movimento operário, apropriou-se do Primeiro de Maio e o transformou em comemoração cívica, a "festa do Trabalho", retirando o caráter combativo que a data apresentava.

O novo modo de celebrar incluiu a criação de novos lugares de memória [5]dos operários, com a apresentação de um novo conteúdo simbólico. Por isso, em 1938 a festividade foi comemorada no Palácio Guanabara e a partir de 1939 a comemoração foi feita no estádio de São Januário, o campo do Vasco da Gama. A exceção foi o ano de 1944, em que a festa foi transferida para o estádio paulista do Pacaembu.

A festa do Primeiro de Maio se transformou no esperado momento em que acontecia o contato direto entre o povo e o Poder Público. Nessas ocasiões, Vargas costumava enfatizar em seus discursos as últimas iniciativas de administração do Ministério do Trabalho e anunciava, também, as novas iniciativas no campo da legislação social a uma multidão de trabalhadores eufóricos.

O Dia do Trabalho encaixava-se no projeto político do Estado Novo por proporcionar momentos em que as iniciativas governamentais fossem dramatizadas, de acordo com a ideologia trabalhista [6] em voga. A preocupação em aproximar o momento com um amistoso diálogo anual entre os pares da sociedade parecia unir-se com a o estabelecimento da ideologia do corporativismo da política governamental. A ideia de que o Poder Público conversava com os operários brasileiros anualmente causava a impressão geral de que todos participavam diretamente das atividades organizadoras do Estado.

A importância do Primeiro de Maio para a ideologia trabalhista pode ser resumida pelo trecho de um verbete disponibilizado pelo CPDOC:

Nesse momento, o Primeiro de Maio se transformou numa festa, onde o presidente e os trabalhadores se encontravam e se comunicavam pessoalmente, fechando simbolicamente um grande conjunto de práticas centradas na elaboração e implementação de uma legislação trabalhista para o país. Por isso, nessas oportunidades, os trabalhadores não estavam nas ruas, nem faziam reivindicações como antes, mas recebiam o anúncio de novas leis, o que efetivamente causava impacto, não sendo apenas efeito retórico.[7]

O Primeiro de Maio na ditadura varguista igualava o povo ao chefe na exaltação das realizações no plano do bem comum, celebrava os desempenhos tidos como realizados, e mencionava o que faltava fazer, sempre com uma grande carga emocional. No momento em que acontecia o contato direto entre o povo e o Poder Público, as iniciativas governamentais eram apresentadas sempre como uma demonstração da proteção e da atenção oferecida pelo presidente. Nessa ocasião, o espetáculo visual era importante, mas a arte de persuasão do presidente era fundamental. Vargas, em seus discursos e gestos, era o principal responsável pela manutenção dos seus laços afetivos com os trabalhadores.

2. A reelaboração de códigos e símbolos

O discurso oficial apresentado ao público trabalhador nas festividades do Primeiro de Maio do Estado Novo tinha um eixo: o governo se caracterizava nas falas do Presidente como o regime que tornava possível a transformação do operário em um homem novo. Ou seja, o ser, antes excluído da comunidade nacional, teria se transformado em cidadão na ditadura varguista.

Através do aparelho governamental constituído em 10 de novembro de 1937, o Estado Novo foi implantado no Brasil um regime ditatorial. A nova natureza política brasileira foi revelada ao povo brasileiro através da Carta Constitucional outorgada em 1937, e seu caráter essencialmente autoritário foi minuciosamente justificado. Assim estava na "Proclamação ao Povo brasileiro":

Quando as competições políticas ameaçam degenerar em guerra civil, é sinal de que o regime constitucional perdeu o seu valor prático, subsistindo, apenas, como abstração. A tanto havia chegado o país. A complicada máquina de que dispunha para governar-se não funcionava. Não existiam órgãos apropriados através dos quais pudesse exprimir os pronunciamentos da sua inteligência e os decretos da sua vontade.[8]

Deste modo, a ditadura varguista foi imposta em nome das exigências históricas e das solicitações dos interesses coletivos. As exigências eram duas: a tão propagada ameaça comunista, segundo a qual arranjos facciosos organizavam-se para tomar o poder e impor à Nação a suas crenças; tal conspiração poderia ser evidenciada pela tentativa de "golpe extremista" de 1935; as outras ameaças foram chamadas de caudilhescas na "Proclamação ao Povo Brasileiro", para evidenciar a presença constante de representantes das oligarquias regionais na política brasileira, assim como os perigos que os moldes clássicos do liberalismo e do sistema representativo pregados por eles podiam trazer à política. Uma suposta dificuldade do Executivo em aprovar leis de interesse nacional é apontada pelo Governo como principal consequência da perpetuação de particularismos de ordem local na política.

A necessidade de reajustar o organismo político às necessidades do país revelava também o imperativo de outros moldes de ação do governo, vislumbrados numa reforma política. O novo governo seria caracterizado por ser um regime forte, de paz, de justiça, de trabalho, e que, portanto, priorizava a dignidade do trabalho e do trabalhador. A reforma política, por sua vez, seria seguida de vários outros reparos nas demais esferas da sociedade. [9]

A fim de esclarecer aos trabalhadores brasileiros os novos códigos da política geral, um amplo conjunto de iniciativas foi empreendido pelo Estado em louvor à imagem de Getúlio Vargas[10]·. Por isso, os festejos do Dia do Trabalho durante o Estado Novo não podem ser consideradas obras do acaso e devem ser analisados como uma tentativa de associar as reformas empreendidas pelo Estado, frequentemente, à figura do estadista.

Através da utilização de dispositivos discursivos, as manifestações públicas em geral, tinham a finalidade de espalhar uma carga emotiva, atingindo com facilidade o público trabalhador que comparecia.

Os subtópicos a seguir tem a função de destrinchar detalhes dos novos moldes de ação do governo definidos pela Carta Constitucional de 1937, apresentado ao público trabalhador nas comemorações do Primeiro de Maio.

2.1 O problema trabalhista e social

Desde sua ascensão ao poder nacional, o governo de Getúlio Vargas prometeu empreender a obra de "Justiça Social", colocando em prática um projeto inovador, capaz de reunir a maior soma de interesses coletivos, principalmente as justas aspirações das classes trabalhadoras e, de preferência, isento de perturbações. As diretrizes governamentais garantiriam aos operários a estabilidade e a segurança econômica essenciais aos indivíduos, tidos como úteis a coletividade:

O trabalho é um dever social. O trabalho intelectual, técnico e manual tem direito à proteção e à solicitude especiais do Estado. A todos é garantido o direito de subsistir mediante o seu trabalho honesto e este, como meio de subsistência do indivíduo, consiste um bem que é dever do Estado proteger, assegurando-lhe condições favoráveis e meios de defesa. [11]

De acordo, com José Murilo de Carvalho, o Positivismo, através do pensamento de Augusto Comte, teve papel fundamental na estruturação de certas obras governamentais do Estado Novo. A corrente que teve grande enraizamento no Rio Grande do Sul, Estado de onde viera Getúlio e seu primeiro ministro do Trabalho, Lindolfo Collor, ajuda a explicar o destaque que foi dado pelo regime varguista como demanda social. A premissa do autor parte da constatação de que para o positivismo a principal finalidade da política era incorporar o proletariado à sociedade por meio de medidas assistencialistas; a corrente também prevê uma busca de solução pacífica para as confusões entre patrões e empregados, já que ambos devem agir de acordo com o interesse maior da sociedade onde estão inseridos. [12]

O alinhamento com o positivismo pareceu mais evidente em tempos de ditadura, já que o Estado Novo apresentou à sociedade brasileira, em 1937, o projeto político autodenomindo "democracia social". Através dele, o governo pretendia enfrentar a questão social no Brasil, reconhecer o papel social dos trabalhadores e integrá-los à sociedade. [13]

O Estado Novo prometeu a integração dos excluídos através de um discurso oficial que valorizava o trabalhador nacional, preocupando-se não somente com as questões jurídicas inerentes ao contrato de trabalho, mas, sobretudo, com os aspectos sociais e políticos do problema. De maneira geral, o governo assumiu a responsabilidade de criar leis sociais, regulamentar o mercado de trabalho e intermediar a relação entre empregadores e empregados. A criação do Ministério do Trabalho, em 1930, já apontava para a pretensão do encaminhamento das questões trabalhistas.

O Ministério do Trabalho agiu rapidamente e logo em 1932 foram definidos, por exemplo, a redução da jornada de trabalho para oito horas, a regulamentação do trabalho feminino com a proibição do trabalho noturno para mulheres e o estabelecimento do salário igual para homens e mulheres, regulamentação também do trabalho de menores, instituição da carteira de trabalho como o documento de identificação do trabalhador, e também foram criadas as Juntas de Conciliação e Julgamento, um rascunho da Justiça do Trabalho. Em 1933, a carteira de trabalho foi criada, permitindo um maior controle dos trabalhadores pelo Estado. [14]

De modo geral, as leis trabalhistas foram gradualmente reconhecidas de 1930 até 1945, e, em 1943, toda a legislação foi codificada através da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). O trecho do discurso do estadista do Primeiro de Maio de 1945 resume bem o conjunto de conquistas dos operários durante seu governo:

Vitoriosa a revolução de 30 uma das primeiras iniciativas do governo foi a criação do Ministério do Trabalho. Isso por só definia os rumos políticos daquele movimento revolucionário. Daí por diante a nossa atuação desenvolveu-se sem hesitações abrangendo todos os setores da legislação social a saber nacionalização do trabalho com lei dos Dois Terços; normas gerais e especiais de tutela do trabalho; duração do trabalho no comércio, na indústria, nos serviços públicos e atividades privadas; concessão de férias; proteção ao trabalho da mulher e do menor; contrato individual e contrato coletivo de trabalho; organização sindical; fiscalização das leis trabalhistas; justiça especial do trabalho; estabilização no emprego e indenização por acidentes; higiene, alimentação e ensino do trabalhador, com a instalação de refeitórios populares, escolas de ofícios ;[...] instituição do salário mínimo, suas adaptações às condições regionais; salário adicional e possibilidade de novas revisões; amparo econômico a todas as classes de trabalhadores, com a organização dos Institutos e caixas que distribuem os benefícios comuns e especiais do seguro social, mantendo além disso a assistência médica hospitalar, financiando a construção de casas operárias e ampliando direta ou indiretamente os meios de elevar o nível profissional, melhorar a saúde e prover a segurança do lar e a educação da prole do trabalhador. [15]

Assim, Getúlio representou aos trabalhadores a conquista da carteira profissional, o salário mínimo, a regulamentação do trabalho feminino e infantil, os institutos de aposentadoria e pensões, a jornada de oito horas de trabalho e as férias pagas. Durante o governo ditatorial de Getúlio Vargas, apesar da repressão e supressão das liberdades políticas, muitos trabalhadores perceberam a possibilidade de ser reconhecidos como cidadãos[16], pelo menos no que diz respeito à posse de direitos sociais; daí a construção da imagem do primeiro como pai protetor.

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[1] CHARAUDEAU, Patrick. Discurso político. Trad. Fabiana Komesu e Dilson Ferreira da Cruz- 2ª ed.- São Paulo: Contexto, 2011. p.40.

[2] No livro de memórias escrito pela filha de Getúlio Vargas, Alzira Vargas do Amaral Peixoto, a autoria dos discursos varguistas é atribuída a vários autores: Gregório de Fonseca, Araújo Jorge, Ronald de Carvalho, Luiz Vergara, Maciel Filho, Andrade Queiroz, Queiroz Lima. A própria Alzira Vargas confirma a sua colaboração direta na elaboração em um discurso varguista. Porém, Alzira Vargas do Amaral Peixoto condena os que acusam seu pai de não ter participação na autoria dos discursos: "Uma das injustiças ou perversidades espalhadas a respeito de meu Pai, entre as muitas, era a de que não era ele quem redigia seus discursos." (PEIXOTO, 1960, p.148) De acordo com ela: "todo um discurso de vinte e tantas páginas tinha de ser refeito porque ele não concordava com as alterações sugeridas, lembrava um ponto que desejava abordar, cortava outro por inoportuno. (Idem) É importante salientar que se trata de alguém que tem vínculos afetivos com Getúlio Vargas o que reflete diretamente na sua interpretação sobre o fato.

[3] A definição de "imaginário social" é concebida neste trabalho a partir da leitura de Patrick Charaudeau: "uma imagem da realidade, mas imagem que interpreta a realidade, que a faz entrar em um universo de significações". De modo conciso, para Charaudeau, "o imaginário social é um universo de significações fundador da identidade do grupo na medida em que é o que mantem a sociedade unida, é o que cimenta seu mundo de significação." Ver: CHARAUDEAU, Patrick. Discurso político. Trad. Fabiana Komesu e Dilson Ferreira da Cruz- 2ª ed.- São Paulo: Contexto, 2011, p.203.

[4]A festa do Dia do Trabalho era apenas uma dentre o vasto calendário de comemorações cívicas organizado pelo regime varguista para criar um imaginário político específico entre a população. No Estado Novo todas as datas nacionais eram comemoradas e realizadas a partir de jogos de imagens e discursos elaborados pelo Departamento de Imprensa e Propaganda e o Ministério de Educação e Saúde. Entre as datas de maior destaque estavam o aniversário do Estado Novo, 10 de novembro, o aniversário do presidente da República, 19 de abril, e o dia da Independência Nacional,7 de setembro.

[5] Esse trabalho parte da concepção de lugares de memória proposta por Pierre Nora que os definiu como locais que expressam o anseio de retorno a ritos e marcos testemunhas de outra era, que definem certos grupos. Assim, os lugares de memória são artifícios usados pela coletividade para conservar a memória sobre um foco privilegiado, geralmente protagonizado por um grupo que se auto-reconhece e se auto-diferencia através de lembranças particulares. De acordo com Pierre Nora: "os lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não há memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso manter aniversários, organizar celebrações, pronunciar elogios fúnebres, notariar atas, porque essas operações não naturais. É por isso a defesa pelas minorias, de uma memória refugiada sobre focos privilegiados e enciumadamente guardados nada mais faz do que levar à incandescência a verdade de todos os lugares de memória. Sem vigilância comemorativa, a história depressa as varreria." (NORA, 1993, p.13) Ver: NORA, Pierre. Entre Memória e História: a problemática dos lugares. In:Projeto História.São Paulo: PUC, n. 10, p. 07-28, dezembro de 1993.

[6] O conceito de "trabalhismo" é essencial para entender a relação dos trabalhadores com o governo Vargas. Desqualificando as análises que apontam para um conceito de "populismo" para pensar o período que vai do início dos anos 1940 até o início dos anos 1960, e procuram interpretar a "Era Vargas" como inauguradora de uma era da história brasileira em os trabalhadores brasileiros, por ausência de consciência e sentimento de classe, foram manipulados por políticos intencionados em enganar o povo. Para estudiosos como Francisco Weffort e Hélio Jaguaribe, os trabalhadores, supostamente frágeis e sem condições de pensar por si mesmos, foram alvos de um suposto condicionamento homogeneizador da mídia do Estado Novo, presas fáceis dos efeitos de hábeis técnicas de propaganda política e mistificação ideológica. O conceito de "trabalhismo" foi cunhado por uma nova historiografia, que teve início na década de 70 e resolveu atribuir aos trabalhadores brasileiros um papel ativo no processo político brasileiro. Destaque para o trabalho de Ângela de Castro Gomes, que fornece grande contribuição à pesquisa na área ao afirmar a presença de um pacto trabalhista nas relações construídas entre Estado e classe trabalhadora. Para ela, havia um diálogo constante entre as partes do pacto. Os atores tinham recursos de poder diferenciados, mas eram igualmente capazes de se apropriar das propostas político- ideológicas do outro. De acordo com ela, os trabalhadores não teriam recebido as ideias governamentais passivamente.

[7]Gomes, Ângela Maria de Castro. Primeiro de Maio- CPDOC. Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/PrimeiroMaio Acessado em: 11 de maio de 2012.

[8]Discurso lido por Getúlio Vargas no palácio Guanabara e irradiado para todo o país, na noite de 10 de novembro de 1937. Ver: VARGAS, Getulio. Proclamação ao povo brasileiro. In: A nova política do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1938, vol. V: O Estado Novo (10 de Novembro de 1937 a 25 de Julho de 1938), p. 15-32.

[9]VARGAS, Getulio. Proclamação ao povo brasileiro In: A nova política do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1938, vol. V: O Estado Novo (10 de Novembro de 1937 a 25 de Julho de 1938), p. 15-32.

[10]Alcir Lenharo caracteriza o investimento na pessoa física e simbólica do Presidente em "Getulização do regime". A onipresença de Vargas era garantida pelos meios de comunicação, que lhes atribuía toda a concretização das obras reformadoras do Estado Novo. Ver: LENHARO, Alcir. Sacralização da política. Campinas 2ª ed. SP: Papirus, 1986.

[11] ART. 136 da Constituição de 1937 Ver: CASTRO, Araújo. A Constituição de 1937. Ed. fac-similar. Brasília: Senado Federal, 2003.

[12] CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil- o longo caminho. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

[13] GOMES, Ângela Maria de Castro. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: Iuperj/ Vértice, 1988.

[14] Idem, Ibidem..

[15] Discurso de Getúlio Vargas aos Trabalhadores brasileiros- 1º de Maio de 1945.





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Consórcio de Oderecht e Eike Batista avança na licitação do Maracanã




Consórcio de Odebrecht e Eike Batista avança na licitação do Maracanã


O consórcio formado pela empreiteira Odebrecht e pelo empresário Eike Batista deu mais um passo rumo à vitória no processo de licitação do Maracanã.
Segundo informou nesta segunda-feira o governo estadual do Rio, foi concluída a segunda fase da licitação do Complexo do Maracanã, e o consórcio de Odebrecht (empresa líder, com 90%), IMX Venues (de Eike, com 5%) e AEG Administração de Estádios do Brasil (5%) ficou em primeiro lugar na avaliação das propostas técnicas e econômicas, superando o consórcio liderado pela empreiteira OAS.
A decisão final da licitação será anunciada em 9 de maio.
O processo foi alvo de críticas porque a IMX, de Eike Batista, foi encarregada de realizar o estudo de viabilidade econômica do complexo.
Segundo o levantamento, os lucros do vencedor da licitação podem chegar a R$ 1,4 bilhão durante o período da concessão.


fonte: BBC Brasil

A Itália contra as políticas de austeridade defendidas pela Alemanha


Enrico Letta


Itália se lança contra as políticas de austeridade defendidas pela Alemanha

AFP - Agence France-Presse
Publicação: 29/04/2013 18:04 Atualização: 29/04/2013 18:50
O novo governo da Itália assumiu disposto a estimular o crescimento econômico em um momento em que a política de austeridade defendida pela Alemanha é mais criticada do que nunca pelos países mais afetados pela recessão. O novo primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, alertou que uma de suas prioridades será lutar contra a austeridade imposta pela União Europeia (UE) e fomentar o crescimento econômico, sobretudo, para combater o desemprego, que chega a 12%.

"Será um governo europeu e europeísta", prometeu Letta, cuja primeira viagem ao exterior será na terça-feira à sede da UE, que estimulou o país a se transformar no "motor de crescimento duradouro" para os países do velho continente. O novo chefe de governo italiano recebeu domingo o apoio do presidente francês, François Hollande, para quem França e a Itália devem "unir esforços" já que a "Europa tem que se mobilizar mais do que nunca para retomar o crescimento".

Na mira de ambos está a política alemã em um momento em que os indicadores confirmam que os países do sul da zona do euro não vão voltar a recuperar o crescimento, apesar das medidas de austeridade a que se encontram submetidos há tempos, como Berlim esperava. Hollande viu vários membros de seu partido, o socialista, se rebelarem contra a política de austeridade preconizada pela Alemanha.

O presidente da Assembleia Nacional, Claude Bartolone, pediu um "confronto" com a chanceler alemã, Angela Merkel. O governo se apressou a tranquilizar Berlim, apesar de não negar suas diferenças. "Debate sim, luta não", sintetizou o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius.

Apesar de Berlim fingir que ignorava essas críticas, sem dúvida, está no centro dos pedidos por uma maior flexibilidade orçamentária, tanto por parte dos Estados Unidos como do FMI, da Comissão Europeia e dos países em recessão e obrigados a realizar grandes cortes econômicos.
Saiba mais...
 Novo primeiro-ministro da Itália promete renunciar caso não recupere a economia
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 Sobe superávit comercial da Itália com países fora da UE

A Alemanha se nega a ser o bode expiatório: "Sei que a Alemanha recebe críticas em outros países europeus"; "Sei que vocês estão ouvindo muitas críticas, mas os que falam verdadeiramente em nome de nossos países, falam de forma inequívoca", declarou nesta segunda-feira o ministro alemão de Finanças, Wolfgang Sch?uble.

Na França "há quem esteja a favor de nosso trabalho", defendeu quando questionado sobre as recentes críticas dos socialistas franceses, em uma coletiva de imprensa em Granada (sul da Espanha) junto a seu homólogo espanhol, Luis de Guindos. "Na Alemanha tivemos um déficit muito alto, que temos superado com êxito. Sabemos que devemos isso à estabilidade da zona do euro" e "não acreditamos que seria um conselho adequado pedir aos outros que resolvam nossos problemas", disse, em relação aos países mais afetados pela crise e a defesa alemã dos cortes frente às políticas de fomento do emprego que esses países reivindicam.

A Espanha, atingida por uma recessão e com um desemprego recorde de 27%, admitiu na sexta-feira que precisa de mais dois anos para reduzir seu déficit e que seu PIB não vai se recuperar tão rápido como esperava. O primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, se juntou nesta segunda-feira aos países que, há meses reivindicam políticas de estímulo de crescimento durante uma visita a seu homólogo português em Lisboa.

"Acreditamos que a Europa pode fazer mais pelo crescimento e pelo emprego", declarou, lembrando os cortes econômicos postos em prática tanto na Irlanda como em Portugal. Segunda a imprensa alemã, os ataques a Merkel se explicam pelas eleições legislativas previstas dentro de cinco meses em seu país.

Os alemães "não votarão apenas sobre a composição do próximo parlamento, mas também sobre a sorte de muitos outros países. Por isso a Europa quer se meter na campanha eleitoral alemã", disse o Süddeutsche Zeitung. Merkel será atacada por "negar dinheiro" aos países em crise, mas esses ataques a ajudarão, já que "a maioria dos alemães é cética quanto aos planos de ajuda" aos países em crise e "apoiam a política da chanceler", lembra o jornal.
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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Dia Internacional da Dança


A todos
que 
caminham em pontas
ou com calcanhares
todos
que dançam
no solo "chão"
no meio
ou nos ares

os mais efusivos cumprimentos
de


Tela da Reflexão.



Fatos Históricos importantes do dia 29 de abril

Jean George Noverre

Em 29 de abril de 1772 - Nasceu Jean George Novarre, que escreveu "Letters sur la Danse", falecido em 1810.
Em 29 de abril de 1876 - Nasceu a imperatriz da Etiópia Zaeditu, sendo ela a primeira mulher a governar a Etiópia de 09/1916 a 1930, quando faleceu.
Duke Ellington
Em 29 de abril de 1899 - Nasceu Edward Kennedy Duke Ellington, pianista de jazz e líder de banda estadunidense.
Fornovo di Taro
Em 29 de abril de 1945 - A comuna italiana Fornovo di Taro é libertada das tropas da Alemanha pela Força Expedicionária Brasileira
Marika Gidali

Em 29 de abril de 1971 - Marika Gidali e Décio Otero fundou o Ballet Stagium

Nestor Veras
Em 29 de abril de 1976 - Ofensiva da repressão em Minas Gerais, com prisões e torturas assassinaram Nestor Veras, dirigente do PCB

Em 29 de abril de 1982 - A Unesco por intermédio do Comitê Internacional de Dança no ano de 1982, instituiu o "Dia Internacional da Dança".
Em 29 de abril de 1986 - Cuba anunciou a suspensão por 90 dias do pagamento do serviço da dívida externa, a partir de 5 de maio de 1986.
Gonzaguinha


Em 29 de abril de 1991 - Faleceu o cantor e compositor brasileiro Luis Gonzaga do Nascimento Jr, o Gonzaguinha.
Marcelino Sambé

Em 29 de abril de 1994 - Nasceu Marcelino Sambé, bailarino português guinense
Em 29 de abril de 1995 - O presidente do Haiti, Jean Bertrant Aristides, anunciou a dissolução do exército de seu país. Acabara derrubado em seguida.

Avaliações na educação não são feitas para punir, diz presidente do Inep



Avaliações na educação não são feitas para punir, diz presidente do Inep

Além de um retrato da situação da qualidade da educação em todo o País, e em cada escola da rede pública, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), criado em 2005, traçou metas a serem alcançadas ano a ano, até chegar ao nível de país desenvolvido em 2022, ano do bicentenário da independência.

Neste domingo, Dia Nacional da Educação, os resultados mostram que o trabalho tem dado resultado, de acordo com o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa. Ele destaca que as avaliações na educação não são feitas para punir nem para fazer um ranking das escolas ou Estados, mas sim para induzir a melhoria na qualidade do ensino.

"(Serve para analisarmos) onde estamos, quais são as nossas fragilidades, quais são as nossas potencialidades, como é que a gente deve avançar. E a gente está percebendo que o Brasil incorporou essa cultura de avaliação, está tendo muito comprometimento das escolas, dos gestores de educação, da família e da sociedade para, a partir da avaliação, serem feitas intervenções pedagógicas que melhorem a qualidade dos nossos estudantes", destacou.

Para 2022, a meta é chegar à nota 6,0. Atualmente, a média brasileira está em 5,0 nos anos iniciais do ensino fundamental, 4,1 nos anos finais e 3,7 no ensino médio. "A gente está caminhando bem em direção a ela (meta), temos avançado em todos os níveis, temos um desafio maior que é no ensino médio", afirma Costa.

Ele lembra que as metas estão previstas no Plano Nacional da Educação e que alguns Estados já alcançaram notas superiores. "Mas precisamos alcançar a meta como País. Temos diferenças, mas temos desafios em todo o País e temos pontos de excelência em todo o Brasil."

A diretora executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscilla Cruz, também atribui grande parte do avanço na educação dos últimos anos ao Ideb. "Existe uma correlação muito grande desse avanço com a própria criação do Ideb. O próprio Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) fez esse estudo relacionando o Ideb e a melhoria da qualidade da educação, porque aí a escola e as redes passam a ter um parâmetro concreto para poder buscar essa melhoria constante."

Em nota divulgada na época da divulgação dos resultados do Ideb, o Unicef afirma que "os números mostram que os esforços de governos e da sociedade brasileira estão permitindo que o País alcance as metas acordadas para os anos iniciais e finais do ensino fundamental e médio".

A secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, Claudia Costin, afirma que é fundamental usar os resultados do Ideb e das avaliações regionais para identificar as escolas que não estão conseguindo melhorar, dento de uma rede que melhorou muito como um todo. "Precisamos de equidade. É importante que a melhoria seja para todas (as escolas). Tenho muito medo de ilhas de excelência, escolas que são ótimas e aí você investe em umas e aquelas serão ótimas e as outras são um horror."

saiba mais
Premiação incentiva escolas a alcançar metas no Rio de Janeiro
O município do Rio tem superado as metas do Ideb desde 2007. No ensino fundamental um, a nota passou de 4,2 em 2005 para 5,4 em 2011 e tem meta de 6,4 para 2021.

O Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) Pablo Neruda, na Taquara, zona oeste da cidade, foi uma das escolas da rede municipal que superou as metas estabelecidas, chegando a 8,3 em 2011. A diretora da instituição, Maria Joselza Lins de Albuquerque, afirma que a nota do Ideb foi um grande incentivador para a melhoria.

"Não é que a educação estava falha o tempo todo, mas agora a gente tem um direcionamento, pela Secretaria de Educação, e para alcançar o IdeRio, para alcançar o Ideb, a gente sabe por onde caminhar".

Por outro lado, o Ciep Maestro Heitor Villa Lobos, em Santa Cruz, também na zona oeste, estava abaixo da média e trabalhou para superar os objetivos. A diretora Luzinete Costa dos Santos, diz que a nota 3,9 de 2009 estimulou toda a comunidade escolar a se empenhar. "A gente podia muito mais, apesar das dificuldades que a escola enfrenta. Estamos inseridos em uma região que tem uma carência muito grande, o nosso IDH (índice de desenvolvimento humano) aqui é muito baixo. Mas eu tenho uma equipe muito boa, uma equipe de professores que entenderam a situação e fomos para o trabalho arregaçamos as mangas."

Em 2011, o resultado subiu para 6,6. Segundo a a diretora, para manter a boa média é necessário estimular os estudantes e oferecer oportunidades, envolvendo toda a comunidade escolar. "Este ano o nosso quinto ano vai fazer a prova. Já estamos com reforço escolar dentro de todas essas turmas, do primeiro ano em diante, já estamos com voluntários tentando ajudar, o Programa Bairro Educador também participando do dia a dia da escola, tudo isso para a gente manter essa média que tem hoje."

Agência Brasil

Professores decidem manter greve em São Paulo


Professores decidem manter greve em São Paulo
Docentes fizeram assembleia no vão livre do Masp e seguiram em caminhada até a Secretaria da Educação, no centro da capital





Os professores da rede pública de ensino do estado de São Paulo, decidiram, em assembleia, hoje (26), manter a greve iniciada na última sexta-feira (19). A reunião dos professores, segundo a Polícia Militar, teve participação de cerca de 4 mil pessoas. Elas ocuparam o vão livre do Museu de Arte de São Paulo e bloquearam o trânsito na Avenida Paulista , a mais importante da cidade. Depois, seguiram em passeata até a Secretaria de Estado da Educação, na Praça da República, centro da capital.

Leia mais: Professora grevista diz que classe virou “depósito de aluno”


Futura Press
Greve começou esta semana e segue por tempo indeterminado em São Paulo
A categoria reivindica reposição salarial de 36,74%. A secretaria oferece reajuste de 8,1% . De acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, o aumento proposto pelo governo significa, na prática, reajuste de 2%, após desconto da inflação.

“Na reunião de ontem com os dirigentes da Secretaria da Educação não nos foi apresentada nenhuma proposta concreta. A resposta é a continuidade da greve”, disse a presidenta do sindicato, Maria Isabel Noronha.

Ela diz que cerca de 40% dos professores do estado aderiram a paralisação. A secretaria, no entanto, divulgou nota informando que as escolas apontam que o registro de faltas teve aumento de 2,3% do total de docentes, em relação à média diária de ausências, que é aproximadamente 5%.

“Vale ressaltar que, se aprovado pela Assembleia Legislativa, o acréscimo de 8,1% apresentado na semana passada, a política salarial elevará em 45,1% os ganhos da categoria entre 2011 e 2014”, disse, em nota, a Secretaria da Educação, após reunião ontem com representantes dos professores.

Além do reajuste, os professores reivindicam o cumprimento da lei que determina que um terço da jornada de trabalho seja destinada a atividades de formação e preparação de aulas e a extensão dos direitos da categoria aos contratados temporariamente. A Secretaria da Educação diz que cumpre a exigência de liberar os professores para as atividades extraclasse.



Leia tudo sobre: igsp • greve de professores

Senso Comum e Conservadorismo : PT e a desconstrução da Consciência




Um dos mitos da estratégia democrática popular é o acumulo de forças. A ideia geral é que por não haver condição de rupturas revolucionárias, nem correlação de forças por mudanças estruturais no sentido do socialismo, a democratização da sociedade e as reformas graduais iriam criando as bases políticas para o desenvolvimento gradual de uma consciência socialista de massa.

No 5o  Encontro Nacional do PT em 1987, o problema é colocado da seguinte maneira: certos companheiros não distinguem entre as ações ligadas ao acúmulo de forças daquelas voltadas diretamente à conquista do poder, não entendendo, segundo o juízo dos formuladores, a diferença entre o “momento atual, (…) em que as grandes massas da população ainda não se convenceram de que é preciso acabar com o domínio político da burguesia, e o momento em que a situação se inverte e se torna possível colocar na ordem do dia a conquista imediata do poder”.

O resultado desta incompreensão seria que os “pretensamente revolucionários” não seriam entendidos pela população e pelos trabalhadores contribuindo, assim, de fato para a “desorganização das lutas” ficando condenados a “pequenos grupos conscientes e vanguardistas”.

Bem, o centro deste argumento que contrapõe os pretensos revolucionários aos verdadeiros seria que estes últimos teriam a capacidade de dialogar com a consciência imediata das massas e dos trabalhadores criando a mediação necessária para elevá-la à compreensão da necessidade da conquista do poder.

Nada como uma década depois da outra para julgarmos as pretensões anunciadas. A prova da validade ou não de tal formulação deve ser buscada na seguinte pergunta: após dez anos de governo petista os trabalhadores estão hoje (considerando como ponto de referencia 1987 e o 5 o  Encontro do PT) mais organizados e se desenvolveu uma consciência de classe que coloca de forma mais evidente a necessidade de conquista do poder “acabando com o domínio político da burguesia”?

Comecemos pela expressão maior dessa estratégia e seu líder incontentável: Luis Inácio Lula da Silva. Como operário ele expressava no início de sua trajetória política os elementos evidentes do senso comum, nos termos gramscianos, ou de uma consciência reificada nos termos de Lukács. Em seu discurso de posse no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema em 1975, dizia que vivíamos em um momento “negro” para o destino dos indivíduos e da humanidade, porque tínhamos “de um lado” o homem “esmagado pelo Estado, escravizado pela ideologia marxista, tolhido nos seus mais comezinhos ideais de liberdade”, e de outro lado, tínhamos o homem “escravizado pelo poder econômico explorado por outros homens” (Discurso de Lula na posse do Sindicato dos Metalúrgicos de SBC e Diadema, 1975).

As mudanças na consciência dos trabalhadores não vêm da autodescoberta ou do esclarecimento, são o resultado de sua inserção na luta de classes. As lutas operárias do final dos anos 1970 e início dos anos 1980 colocariam novos elementos à consciência deste operário em construção.

Em seu discurso na 1a  Convenção Nacional do PT em 1981, Lula já diria: “O PT não poderá, jamais, representar os interesses do capital”.  Em outra parte do mesmo discurso o líder em formação afirmaria:

“Nós, do PT, sabemos que o mundo caminha para o socialismo. Os trabalhadores que tomaram a iniciativa histórica de propor a criação do PT já sabiam disso muito antes de terem sequer a ideia da necessidade de um partido (…). Os trabalhadores são os maiores explorados da sociedade atual. Por isso sentimos na própria carne e queremos, com todas as forças, uma sociedade (…) sem exploradores. Que sociedade é esta senão uma sociedade socialista”
(Discurso de Lula na 1a  Convenção Nacional do PT, 1981).

Os trabalhadores, no momento de fusão que os constituía em classe contra o capital, expressavam a difícil passagem da consciência reificada à consciência em si, apontando já neste momento os germes de uma consciência para si, ou seja, mais que a consciência de uma classe da ordem do capital, mas uma classe portadora da possibilidade de uma nova forma societária para além da sociedade burguesa.

As lutas operárias, assim como o retomar de um conjunto muito amplo de lutas sociais, tornaram possível um salto organizativo que resultou na formação de um partido e, depois, de uma central sindical, da mesma forma que se alastra pela sociedade a retomada de associações, movimentos sociais e lutas das mais diversas.

Façamos um corte e pulemos para uma entrevista em que Lula recebe o repórter do programa norte americano 60 minutes por ocasião do final de seu segundo mandato como presidente.

Nesta entrevista o repórter norte americano pergunta ao ex-presidente:

“Havia empresários, no Brasil e no exterior, muito preocupados com sua posse, que pensavam que era um socialista e que daria uma virada completamente à esquerda. Agora estas pessoas são seus maiores apoiadores. Como isso aconteceu?”

E Lula responde:

"Veja, eu de vez em quando brinco que um torneiro mecânico com tendências socialistas se tornou presidente do Brasil para fazer o capitalismo funcionar.  Porque éramos uma sociedade capitalista sem capital. E se você olhar para os balanços dos bancos neste ano (final do segundo mandato de Lula) verá que nunca antes os Bancos ganharam tanto dinheiro no Brasil como eles ganharam no meu governo. E as grandes montadoras nunca venderam tantos carros como no meu governo. Mas os trabalhadores também fizeram dinheiro".

O repórter um tanto surpreso pergunta: “Como você conseguiu fazer isso?”. E Lula responde: “Eu descobri uma coisa fantástica. O sucesso do político é fazer o que é óbvio. É o que todo mundo sabe que precisa ser feito, mas que alguns insistem em fazer diferente”.

Notem bem, Lula expressava entre 1975 e 1987 o movimento da consciência de classe que passava de uma determinação da alienação à consciência de classe em si. Da mesma forma fica manifesto na consciência de sua liderança mais expressiva o caminho de volta à reificação.

O problema é que a consciência expressa na liderança é representativa do resultado político da estratégia por ele implementada no conjunto da classe e em sua consciência. Como a consciência em seu movimento é síntese de fatores subjetivos e objetivos, a ação política da classe conformada por uma estratégia incide diretamente sobre a classe e sua formação enquanto classe.

Em sua análise sobre a social-democracia, Adan Przeworski (Capitalismo e Social-democracia, São Paulo: Cia das Letras, 1989) afirma que:

“A classe molda o comportamento dos indivíduos tão-somente se os que são operários forem organizados politicamente como tal. Se os partidos políticos não mobilizam as pessoas como operários, e sim como “as massas”, o “povo”, “consumidores”, “contribuintes”, ou simplesmente “cidadãos”, os operários tornam-se menos propensos a identificar-se como membros da classe.” (Przeworski, 1989:42).

O mito do acúmulo de forças só se sustenta renovando-se ao infinito, isto é, nunca estamos prontos, nunca há a correlação de forças favorável, nunca o nível de consciência das massas e dos trabalhadores chega à necessidade da conquista do poder. O problema é que agindo desta forma criam-se as condições para que de fato nunca estejam dadas as condições.

No entanto, a questão é ainda mais séria. Os defensores do acúmulo de forças acreditam piamente que os patamares de consciência não regridem, isto é, a consciência de classe desenvolvida nos anos oitenta e noventa ficaria ali no ponto onde chegou e iria se tornando massiva em consequência do andamento positivo das ditas reformas. Nesta leitura, se ainda não temos uma consciência revolucionária, que já coloca a necessidade da conquista do poder, teríamos a generalização gradual de uma consciência em si, digamos democrática, disposta a manter o patamar das conquistas e reagir quando estes estão ameaçados.

Não é o que verificamos. A consciência expressa na liderança revela que o conjunto da classe retoma um patamar que Sartre denominava de serialidade e ao qual corresponde a consciência reificada. Esta é a consciência da imediaticidade, da ultrageneralização, do preconceito, da perda do capacidade de vislumbrar, ainda que potencialmente,  a totalidade.

Presos a esta forma de consciência, os trabalhadores não agem como uma classe nos limites da ordem do capital em luta contra suas manifestações mais aparentes e, pior, eles a naturalizam e se comportam como agentes de sua reprodução e perpetuação desta ordem.

O senso comum reflete este movimento e é no cotidiano que ele se manifesta. Se podíamos falar de um senso comum progressista, ou tendencialmente de esquerda, no contexto de intensificação da luta de classes na crise da autocracia burguesa e no processo de democratização, hoje no quadro de uma democracia de cooptação consolidada temos um senso comum que tende a ser conservador e, por vezes, reacionário.

Permitam-se um exemplo caseiro, mas creio que significativo. Lincoln Secco escreveu um texto sobre a situação da Coréia do Norte em nosso blog (Kim Jong-un 17/04/2013). Um comentador simplesmente respondeu com um direto “vai morar lá”, mas deixemos este de lado. Destaco dois comentários mais substanciosos e que revelam uma forma de compreensão do mundo atual e seus dilemas:

“Olha, até pouco tempo tinha raiva dos EUA pela sua indústria cultural, sua arrogância, sua intromissão em assuntos de outras nações, etc. Entretanto, depois de conhecer o país e seu povo, mudei completamente minha concepção. Os caras são os “caras” porque trabalham duro, estudam bastante e são muito educados e politizados. O fazem mundo afora é conhecido na natureza como a lei do mais forte. Queria eu morar num país que dita as regras aos outros e ninguém tira farinha. Além disso, em pleno século XXI, os norte coreanos são tratados como um rebanho e não como cidadãos livres. Abaixo o apoio ao totalitarismo, como ocorre por lá!!!”

Um outro, mais duro, afirma:

“kkkkkkkkkkkkkkkkk . País sitiado? por quem? Paranóicos, malucos mesmo, todos eles, o “estadista mirim”, o “professor” que assina esta bobagem. Veja bem, a lição de história pode até ser boa, talvez o que o trai sejam as convicções políticas… o tempo passou e eles não perceberam… O Presidente dos Estados Unidos, já é Obama, viu pessoal… Ameaça do Ocidente? Para quem? Despertem deste “sono” louco, sejam felizes, ou não, mas, deixem de loucura! Vivemos num mundo diferente do das “cartilhas” que vocês estudam!!!”.

Não vou entrar no mérito, não guardo nenhuma simpatia pela forma política norte coreana, mas em seu núcleo central o texto do companheiro Lincoln, apenas afirma que existe um espaço de soberania dos Estados nacionais e que estes tem direito de se defender, o que o leva à constatação que não são eles que provocam e atacam, mas ao contrário, estão sendo provocados por “exercícios militares” que partem dos EUA. Como explicar tal reação?

Não vai aqui nenhuma consideração aos comentadores, eles têm direito de expressar sua opinião, concordemos ou não. Um blog tem de tudo e tais comentários o deixam ainda mais interessante. O que nos preocupa é que ele revela, e isto é uma virtude, um elemento do senso comum que indica uma preocupante guinada conservadora, mesmo em relação a valores mais elementares, e isso em um leitor de um blog de uma editora com uma linha claramente de esquerda em um pais que está há dez anos “acumulando forças”.

Podemos ver este fenômeno como um resquício ou uma exceção em um senso comum que tende a ser mais progressista. Infelizmente eu acredito que não. A forma do senso comum é resultado de toda a história da formação social, sua resultante cultural, a permanência das relações sociais de produção burguesas, mas também do processo político mais recente que como toda práxis pode superar ou reforçar o existente. No caso reforçou.

Lembrando ainda Przeworski, sabemos que a chamada organização das massas precisa ser compreendida de forma mais profunda. Não há uma relação direta entre organização e ação, é possível organizar para apassivar. Diz o autor:

“Os líderes tornam-se representantes. Massas representadas por líderes – eis o modo de organização da classe trabalhadora no seio das instituições capitalistas. Dessa maneira, a participação desmobiliza as massas” (Przeworski, 1989: 27).

É triste.


***

Mauro Iasi é professor adjunto da Escola de Serviço Social da UFRJ, presidente da ADUFRJ, pesquisador do NEPEM (Núcleo de Estudos e Pesquisas Marxistas), do NEP 13 de Maio e membro do Comitê Central do PCB. É autor do livro  O dilema de Hamlet: o ser e o não ser da consciência  (Boitempo, 2002). Colabora para o  Blog da Boitempo mensalmente, às quartas.


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Veja a Página do PCB – www.pcb.org.br

domingo, 28 de abril de 2013

Jano Ribeiro - Presente


O MUNDO

Espaço organizado
chamado
de mundo
que proporciona o absurdo
em passeios
tranquilos
sobre o cotidiano,
na qual inquietações
lamentações
fazem questionamentos.
Ficam falta de sensos
mas sentimo-nos,
como mecânicos
indagados
pelas máquinas
que desejam-as
concertos
e não consertos,
mas faltam sensibilidades
em nossos limites,
que mais quebramos
do que tocamos
sejam valsas, boleros
ou quaisquer outros diálogos
intelecto afetivo,
com isto, podemos
dizer que estamos
em pleno exílio.
Do espaço organizado
chamado
mundo.

Manoel Messias Pereira

poeta
São José do Rio Preto-SP



GOYA

que capricho teríamos nós,
e a morte genérica?


as guerras múltiplas vindas
no sangue, touros
contra a bílis?



o mundo de teus quadros,
esse abismo em quase-incêndio,
o grande espelho em que
meu rosto falte.


Iacyr Anderson Freitas
poeta brasileiro
Juiz de Fora-MG

Manoel Messias Pereira

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