domingo, 31 de outubro de 2010

O Mito de Saturno, nos processos revolucionários


Saturno - Deus mitológico Romano

Quando na Revolução Francesa, Pierre Victunier Verniaud, chefe dos girondinos que acabou guilhotinado, mas deixou uma frase dita na Convenção Francesa, em que afirmou "É de se temer que as revoluções, como Saturno devorem seus filhos".

Ficou a frase, e a idéia, de quem era esse Saturno dito por Verniaud? Sim era o deus romano da agricultura equivalente ao Cromo (grego). era um dos titãs filho do céu e da terra. Recebeu uma foice de sua mãe, e mutilou o seu pai, Urano e tomou o poder entre os deuses.

Foi expulso do céu, por seu filho Jupiter (Zeus) refugiou -se no Lácio. E lá exerceu a soberania e fez reinar a idade do ouro, de paz e abundância. Ensinou aos homens a agricultura. Em Lácio criou uma nova família vindo a ser o pai de Pico. A Saturno atribuem a origem de Roma e a criação da divindade como Juno, Hercules e de heróis como Rômulo. O sábado é consagrado a Saturno.

O Saturno italico é representado nas moedas, como nas pinturas de Pompéia. O Saturno africano é o homem de barba curta, penteado com calátifes. Deus barbudo com foice, deus solar com ornamento a cabeças de raios, deus lunar crescente com lunar tudo isto aparece.

Mas a frase de Verniaud, será encontrada também no livro do escritor brasileiro, Tomás Coelho, na sua obra intitulada "Sombra do Sistema", exatamente no epígrafe, intitulado "Autofagia da Revolução", dizendo que toda a revolução tem o complexo de Saturno e fala de tres personagens civis, que lideraram o movimento de 1964, ou seja Adhemar de Barros, Magalhães Pinto e Carlos Lacerda. Os dois primeiros cassados e o terceiro preterido de ser o presidente por ser civíl.

Num episódio deste livro diz que na entrada do Tunel Velho, no Rio de Janeiro, o veiculo presidencial conduzido por Castelo Branco e o seu chefe da Casa Civil, foi surpreendido por um pesado caminhão se não fora a perícia do motorista teria esmagado o automóvel e os dois, o Presidente e chefe da Casa Civil. Castelo refeito do susto indaga:
-Dr. Luiz, o senhor está pensando o mesmo que eu estou a imaginar.
-Estou, Presidente. O José Maria Alkimin, jamais assumiria o governo.

Quando Costa e Silva ficou impossibilitado de continuar no governo era afastado e seu vice constitucional Dr. Pedro Aleixo ficou impedido de assumir por ser civil.

Sabemos que ocorreu no Brasil, não foi uma revolução, mas um golpe, e que muita coisa poderia acontecer de forma diferente, mas mesmo assim a alegação saturnista usada pelo girondino da alta burguesia francesa acabou sendo usada pelo escritor brasileiro, que acreditava estar vivendo um processo revolucionário.

Tinhamos uma ditadura militar e os civís tinham como arma, o medo. Tanto que o Congresso nunca declarou a vacância da Presidência da República. E os militares as armas, os cavalos, a violência, os coturnos que esmagam rosas. Que assassinaram sêres humanos,e que deixaram um país, com um olhar ao mar, na distância de um vazio, mas desejando e chorando, tantas lágrimas, em que famílias ainda procuram seus mortos pra enterrar.

Manoel Messias Pereira
professor de História
cronista

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