quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Raúl Castro assume presidência da Celac, um marco para Cuba



Raúl Castro assume presidência da Celac, um marco para Cuba



AFP inte



O presidente de Cuba, Raúl Castro, assumiu, nesta segunda-feira, a presidência da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), principal organismo de integração regional, o que constituiu o respaldo mais importante de seus vizinhos ao regime comunista da ilha.



"Bem-vindo sr. Raul Castro, eu o parabenizo e lhe entrego o comando", afirmou o presidente do Chile, Sebastián Piñera, ao transmitir a presidência temporária por um ano da comunidade formada por 33 países da América Latina e do Caribe, criada em Caracas em 2011.



Havana é objeto de um embargo econômico e alvo de uma política de isolamento por parte de Washington há 50 anos. E a Celac é o primeiro organismo de diálogo e cooperação que reúne todos os países da América Latina e do Caribe sem a participação dos Estados Unidos e do Canadá.



O presidente Hugo Chávez, que se encontra hospitalizado em Havana há um mês e meio, enviou uma mensagem à cúpula de próprio punho e escrita com tinha vermelha afirmando que com a presidência de Cuba, a "América Latina e o Caribe estão avisando aos EUA em coro que todas as tentativas de isolar Cuba fracassaram e fracassarão".



"Nós nos comprometemos a dar todo o nosso apoio a Cuba, que ocupa a partir desta cúpula de Santiago a presidência temporária da comunidade; é um ato de justiça depois de mais de 50 anos de resistência ao criminoso bloqueio imperial", escreveu Chávez na mensagem lida pelo vice-presidente Nicolás Maduro.



Os líderes regionais que falaram na tribuna da cúpula saudaram o posto que Cuba assumiu nesta segunda.



Este respaldo da região à ilha de Fidel ocorre depois de o presidente Barack Obama, que flexibilizou o embargo contra o país, assumir seu segundo mandato e nomear John Kerry como secretário de Estado. Kerry sempre se declarou cético com respeito ao bloqueio americano, vigente desde 1962.



Raúl Castro, de 81 anos, reconheceu antes de assumir a presidência temporária do grupo que "entre nós há pensamentos distintos e inclusive diferenças, mas a Celac surgiu sobre a história de 200 anos de luta pela independência".



"A Celac não é, portanto, uma sucessão de meras reuniões nem de coincidências pragmáticas, mas uma visão comum da grande pátria", disse o irmão caçula de Fidel Castro na sessão plenária da cúpula.



O presidente uruguaio José Mujica celebrou "este clima que estamos vivendo, de gente que pensa muito diferente, mas descobre que tem que andar junta, algo que nunca se viu na nossa América".



Sebastián Piñera prestou homenagem a três presidentes que contribuíram para criar a unidade latino-americana e caribenha: o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o mexicano Felipe Calderón e o venezuelano Hugo Chávez.



Em relação a Cuba, a região percorreu um longo caminho desde a ruptura de relações diplomáticas a mando de Washington em 1962, com exceção do México, passando pelo apoio de Havana às guerrilhas que surgiram então na região, até chegar à presidência da Celac.



Na última década, a esquerda chegou ao governo em vários países da região, presididos em alguns casos por ex-guerrilheiros inspirados no 'castrismo', como Dilma Rousseff no Brasil, Mujica no Uruguai, Daniel Ortega na Nicarágua ou como no caso da guerrilha de El Salvador, que constitui o partido que está no poder.



Já Cuba está desempenhando um papel chave nas negociações de paz entre o governo do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, com a última grande guerrilha da América Latina, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).



Em dezembro de 2011, numa cúpula em Caracas se decidiu pela fundação da Celac presidida por Chávez, já doente, e foi acordado que o Chile presidiria o primeiro ano e era responsável por organizar a atual cúpula de fundação. Por uma necessidade de equilíbrio, a presidência nos próximos dois anos se dividirá entre Cuba e Costa Rica.



A presidência cubana da Celac gerou uma polêmica na região entre políticos e analistas.



José Miguel Insulza, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), entidade que excluiu o regime castrista a exemplo de Washington em 1962, afirmou que "os chefes de Estado e de governo avaliariam se isto era conveniente ou não em uma comunidade recém-nascida e que ainda necessita afirmar-se na parte internacional".



"No que diz respeito a Cuba, sempre pensei que a inclusão e a cooperação com Cuba é melhor para promover a democracia do que a exclusão e o isolamento", acrescentou Insulza.



A OEA retirou a suspensão do governo de Cuba em 2009, mas Havana manifestou que não lhe interessava regressar à organização do continente criada depois da Segunda Guerra Mundial por determinação de Washington.



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Manoel Messias Pereira

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