sábado, 16 de junho de 2012

Niemeyer para além da bela imagem

Niemeyer, como dissípulo direto das vanguardas e, em especial, de Corbusier compreenderá essa questão das forças produtivas. Há, porém, diferencia substâncial entre Corbusier, as vanguardas e Niemeyer. Para Niemeyer a arquitetura deve demonstrar as possibilidades técnicas e construtivas inscritas no desenvolvimento das forças produtivas, criando uma nova poética de formas livres e surpreendentes, à altura de nosso tempo, mas deve recusar, por outro lado, o emprego da técnica como redentora da sociedade capitalista. A chamada técnica moderna deve ser destituída de qualquer véu místico.
Brasilia - DF
Congreso Nacional

Sem duvida. Niemeyer supera o entendimento que as vanguardas tinham da questão. Trata-se, entretanto, de uma superação dialética que não nega abstratamente, por exemplo, a forma pura e retangular de Corbusier, nega sem dúvida a obsessão  da reforma social através da arquitetura e do urbanismo, mas assimila,  conserva e desenvolve toda a poética das forças produtivas, do novo que ali está contido. Tal poética é a poética de um futuro em que a cidade e os espaços sejam novamente adequados à escala dos homens, em que a arte  seja fundida à vida, em que seja restabelecida uma relação harmônica entre o mundo urbano e a natureza, possibilidades postas pelo desenvolvimento dessa "enorme força social".


Obra do Sambodrono - de Oscar Niemeyer

Mas, se para Corbusier essa poética aparece muitas vezes destituída de um conteúdo claramente político, para Niemeyer esta poética é imamente à superação da luta de classe, isto é, como e enquanto  negação da cidade capitalista e da sociedade burguesa. E este ponto é fundamental. Sem ilusões sobre a arquitetura como reformadora da sociedade capitalista, Niemeyer, arquiteto comunista, deixa de lado o conteúdo analítico do discurso moderno - aquele de uma utopia social, dos planos de cidade - e aprende de forma muito clara o sentido de progresso do capitalismo, daquela noção de progresso contida em Marx, isto é, de que cada nova sociedade nasce das contradições da anterior. Assim, podemos dizer que sua obra é portadora de um futuro para além do capitalismo, um inequívoco futuro socialista.



Alexandre Benoit


Arquiteto - Estudou na Faculdade de Arquitetura da USP
e
Universite Pierre e Marie Curie


(fragmento - Texto "Niemeyer poeta do futuro (im)possível)
Revista Crítica Marxista 26


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Manoel Messias Pereira

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