domingo, 26 de dezembro de 2010

Morre o ex-presidente da Venezuela Carlos André Perez

(AFP)



CARACAS — O presidente da Venezuela Hugo Chávez lamentou neste domingo a morte do ex-presidente Carlos Andrés Pérez, firme opositor de seu governo, e assegurou que sua família tem o direito de enterrá-lo em seu país.



"Isto não deve alegrar ninguém. Nós recebemos com pesar a morte de qualquer venezuelano", declarou Chávez em um ato público junto com seu colega boliviano Evo Morales, de visita a Venezuela.



Chávez comentou que uma das filhas de Pérez ligou para uma pessoa do governo para pedir que os restos de seu pai possam ser repatriados para a Venezuela.



"A família tem nosso sentimento e tem todo o direito de trazê-lo para cá, e dar a ele uma sepultura cristã", afirmou.



"Que descanse em paz", acrescentou.



"Mas que com ele descanse em paz e se vá para sempre a forma que ele encarnou de fazer política, essa forma de fazer política atropelando os direitos dos povos", disse ainda.



A família de Pérez informou que o ex-presidente seria enterrado na quarta-feira, em Miami, onde vivia e faleceu. Segundo o jornal El Universal deste domingo, Pérez pediu, antes de morrer, que seus restos fossem levados para a Venezuela "sempre e quando houver liberdade".



Pérez, que morreu no sábado aos 88 anos, vítima de um ataque cardíaco, marcou a política da Venezuela na segunda metade do século XX com a nacionalização do petróleo em seu primeiro mandato e com crise social conhecida como "Caracazo" no segundo, o que abriu caminho político para o atual presidente Hugo Chávez.



Seu primeiro governo, entre 1974 e 1979, foi caracterizado pela nacionalização do petróleo e pela fundação da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), que permitiu a seu país favorecer-se dos altos preços do bruto e ganhar o apelido de "Venezuela saudita".



Ele tomou posse pela segunda vez em 2 de fevereiro de 1989, mas, antes que terminasse esse mês, ele teve de enfrentar o "Caracazo", a maior revolta popular que esse país viveu na era moderna democrática.



Em muitas oportunidades, o presidente Chávez disse que este protesto e as fortes desigualdades sociais foram o germe do que hoje ele chama "revolução bolivariana".



Três anos depois do "Caracazo", em 1992 Pérez derrotou duas tentativas de golpe, uma encabeçada pelo então desconhecido tenente-coronel Hugo Chávez, que, apesar de pegar mais de dois anos de prisão pela rebelião militar, projetou-se como líder sobre as cinzas dos partidos tradicionais.



O segundo golpe, de 27 de novembro de 1992, foi encabeçado por generais e almirantes, e também derrotados pelas tropas leais a Pérez.



Em 1996, o ex-presidente foi processado e condenado dois anos e quatro meses de prisão por malversação agravada de fundos secretos.



Saiu em liberdade em 18 de setembro de 1996, mas não interrompeu sua atividade política, sendo eleito em novembro de 1998 senador por seu estado natal de Táchira, apesar de estar em prisão domiciliar por um novo caso de corrupção que envolvia sua esposa Cecilia Matos.



Pérez recobrou sua liberdade para exercer como senador, mas em 1999 o congresso foi substituído pela Assembleia Constituinte, e o ex-governante se lançou como constituinte, mas não foi eleito, e pouco depois abandonou o país para evitar um novo julgamento.



Foi morar nos Estados Unidos, de onde periodicamente publicava notas com suas críticas quanto aos rumos do governo de Chávez e também manifestou seu desejo de voltar à Venezuela para passar seus últimos dias, depois de ter a saúde debilitada por dois acidentes cardiovasculares em 2003 e 2004.



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Manoel Messias Pereira

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