domingo, 23 de outubro de 2011

Eleições na Argentina - Cristina Kirchner a favorita

Cultura Política










Cristina Kirchner


Português / Español





Eleições gerais na Argentina: 23 de outubro de 2011



30/09/2011 - As eleições gerais argentinas que ocorrerão no dia 23 de outubro acabaram se configurando de uma forma muito inusitada para os padrões da América Latina. Isso porque não só nenhum candidato é capaz de vencer a candidata líder nas pesquisas (o que por si só não seria exatamente uma novidade no panorama latinoamericano), mas principalmente porque o único candidato que teria alguma chance de dificultar a reeleição da atual presidenta, Cristina Kirchner, não está concorrendo. Trata-se do atual prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, muito recentemente reeleito para o cargo.



Pode-se dizer que a quase inexistência de chances dos outros candidatos a presidente é causada justamente pelo fato da direita do país ter se organizado principalmente em torno de Macri. Assim, se ele não é candidato a presidente, nem seu partido, o PRO, tem um candidato, qualquer outro candidato tem extrema dificuldade para enfrentar Cristina. Com isso, tem-se a estranha situação na qual ainda faltando pouco mais de três semanas para as eleições gerais, já se fala nas próximas, em 2015.



A recente morte do ex-presidente Néstor Kirchner reembaralhou parcialmente o jogo político argentino. Isso porque agora, esse próximo provável mandato de Cristina não poderá mais ser sucedido por um de Néstor Kirchner. Assim, em 2015 a esquerda da Argentina terá que ter um outro candidato, quando antes da morte do ex-presidente este candidato já estava quase definido. Outra questão importante é quanto à liderança do Partido Justicialista (PJ), de Cristina Kirchner.



Mesmo se conquistar a reeleição, Cristina Kirchner pode acabar assumindo também a presidência do PJ após as eleições. Este partido, também conhecido como "peronista", desde o início da presidência de Néstor Kirchner foi gradualmente indo para a esquerda. Se esse movimento continuar, o PJ pode acabar se tornando de fato um partido de centro-esquerda que seja a principal plataforma da esquerda da Argentina. Por isso, pensando-se nas eleições de 2015, se Cristina assumir também a presidência do PJ, a esquerda do país estará dando um passo importante rumo a que em 2015 o PJ possa apresentar um candidato forte de centro-esquerda à presidência.



O próximo presidente do PJ provavelmente será escolhido em 2012. O atual presidente do PJ, o governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, é uma importante opção para o cargo, assim como o atual ministro da Economia e candidato a vice-presidente de Cristina, Amado Boudou. Se um deles conseguir a presidência do PJ, terá dado um grande passo para ser o próximo principal candidato a presidente da esquerda argentina. O fortalecimento do PJ como partido de centro-esquerda seria muito importante para o país diminuir a importância dos personalismos, com termos como "duhaldismo", "alfonsinismo" e "macrismo", reflexo da história dos caudilhos históricos da região. A médio prazo, é possível que os únicos candidatos a presidente com chances de vitória sejam do PJ, pela centro-esquerda, e do PRO, pela centro-direita.



Na última quarta-feira começaram a ser veiculadas as publicidades audiovisuais. A reforma eleitoral de 2009 proibiu a contratação e a comercialização desse tipo de propaganda, sendo que todos os meios de comunicação devem reservar 10% de sua programação para a propaganda eleitoral. Ontem, Boudou, candidato a vice-presidente de Cristina, apresentou o projeto de orçamento para 2012 na Câmara de Deputados, que pode não ser aprovado pela oposição, como aconteceu no ano passado, obrigando o governo a usar o orçamento do ano anterior. Apesar disso, o governo aposta que a oposição vai aprovar o orçamento para evitar grande desgaste político. Clique aqui para ver o vídeo da notícia.











Pós-votação: eleições gerais (primeiro turno) na Argentina



26/08/2011 - O primeiro turno das eleições gerais argentinas, chamado de "eleições primárias", ocorrido no dia 14 de agosto, teve um comparecimento de cerca de 75%, semelhante ao das últimas eleições presidenciais há 4 anos. Este inovador sistema eleitoral pode ter até 3 turnos. O segundo turno será disputado no dia 23 de outubro deste ano, e se nesse dia nenhum candidato chegar aos 45% dos votos, ou aos 40% tendo aberto mais de 10% sobre o segundo colocado, haverá um terceiro turno com os dois candidatos mais votados. A principal consequência deste primeiro turno de 14 de agosto foi a exclusão das candidaturas extremamente pequenas, já que somente os candidatos que superaram os 1,5% dos votos passaram ao segundo turno.



A votação de 14 de agosto pode ser considerada um primeiro turno porque foi organizada pelo Estado, financiada pelo Estado, regulamentada pelo Estado, com o registro de eleitores do Estado, com voto obrigatório de todos os cidadãos em idade compatível e participação obrigatória de todos os candidatos e partidos, sendo que a diferença significativa em relação à votação de 23 de outubro é o critério para os candidatos passarem ao próximo turno, que é superar 1,5% dos votos válidos. Dos 10 candidatos a presidente, somente 7 conseguiram superar os 1,5% e estão habilitados a participarem do segundo turno. Os resultados foram os seguintes:



Cristina Kirchner (Partido Justicialista): 50,07%



Ricardo Alfonsín (União Cívica Radical): 12,17%



Eduardo Duhalde (União Popular - dissidente justicialista): 12,16%



Hermes Binner (Partido Socialista): 10,26%



Alberto Rodríguez Saá (Peronismo Federal - dissidente justicialista): 8,09%



Elisa Carrió (Coalizão Cívica): 3,24%



Jorge Altamira (Partido Operário): 2,48%



O fato é que as chances de Cristina Kirchner se reeleger são enormes, principalmente por causa do sistema eleitoral argentino, porque ela conquistou a metade dos votos válidos. Se no dia 23 de outubro fosse necessário que ela tivesse 50% dos votos para se reeleger, a disputa teria consideráveis chances de ir para o terceiro turno. Como é provável que só tendo mais de 40% ela já liquide a disputa, dificilmente haverá terceiro turno, até porque nenhum dos outros candidatos concentra suficientemente votos para chegar a menos de 10% da porcentagem de votação de Cristina em 23 de outubro.



Dessa forma, após este primeiro turno, havendo muitas chances da esquerda permanecer no poder na Argentina, ganham importância as perspectivas para daqui a 4 anos, e por isso o candidato a vice-presidente de Cristina, seu ministro da Economia, Amado Boudou, ganha destaque como possível candidato à sucessão de Cristina, quando provavelmente terá que enfrentar o político mais importante da direita argentina, o prefeito de Buenos Aires e líder do maior partido de direita do país, o PRO (Proposta Republicana), Mauricio Macri. Clique aqui para ver o vídeo da notícia.











Eleições gerais na Argentina: 23 de outubro de 2011



10/08/2011 - No próximo domingo ocorrerão as eleições primárias na Argentina, que definirão as candidaturas que participarão das eleições gerais de 23 de outubro deste ano. Este mecanismo de eleições primárias é muito interessante, instituindo uma espécie de "sistema de 3 turnos". Isso porque essas eleições primárias, apesar da competição supostamente ocorrer dentro dos partidos, são simultâneas para todos os partidos e obrigatórias para todos os cidadãos, tendo, portanto, aspectos semelhantes ao 1º turno oficial em 23 de outubro. Além disso, para poder concorrer em outubro, os partidos e candidatos precisarão ter pelo menos 1,5% dos votos válidos no próximo domingo. Assim, essas eleições primárias acabam servindo para definir candidaturas, o que na prática é uma etapa do processo eleitoral que pode ser caracterizada efetivamente como um outro turno.



Em todo este processo eleitoral de 2011 serão eleitos presidente, vice-presidente, 130 deputados e 24 senadores, além de vários governadores e deputados estaduais. As candidaturas a presidente não terão disputa nas primárias dentro dos partidos, mas para os outros cargos as disputas dentro dos partidos serão intensas. Esta será a primeira vez que este sistema eleitoral será usado na Argentina. Em 2009, o parlamento do país aprovou uma reforma eleitoral que renovou toda a organização eleitoral do país.



São 28,8 milhões de argentinos aptos a votar, sendo que 38% do eleitorado está em Buenos Aires, juntando a província e a capital do país. São 10 pré-candidatos a presidente, mas é possível que alguns deles não atinjam o 1,5% necessário para passar desta etapa. Os mandatos são de 4 anos com direito a uma reeleição nos postos executivos. A reforma eleitoral de 2009 acabou diminuindo a quantidade de partidos no país, que já é gigante, de 713, em 2009, para 494 nestas eleições. O número de partidos é tão grande porque muitos deles são provinciais, e não nacionais. Clique aqui para ver o vídeo da notícia.











Eleições gerais na Argentina: 23 de outubro de 2011



08/07/2011 - A Argentina utilizará este ano um sistema eleitoral bastante inovador nas eleições gerais. Isso porque utilizará eleições primárias, mas não como normalmente ocorre em vários países do mundo. A diferença é que essas eleições primárias na Argentina, a serem disputadas no próximo dia 14 de agosto, serão reguladas pelo Estado, e não pelas regras internas de cada partido. Além disso, o voto será obrigatório, assim como nas eleições definitivas que ocorrerão no dia 23 de outubro deste ano.



Nesse sistema de primárias oficiais, o eleitor terá que escolher de qual primária vai participar. Para um partido político participar nas eleições de outubro, terá que alcançar pelo menos 1,5% do total dos votos nas primárias. Para um candidato presidencial participar das eleições de outubro, terá que conseguir pelo menos 5% dos votos nas primárias. Os candidatos a presidente serão 8 nas primárias, e não mais 7 como estava previsto, porque nos últimos dias o Partido Socialista e o Projeto Sul, ambos de esquerda, decidiram lançar candidatos diferentes, em vez de disputarem unidos a eleição. Claro que essa decisão vai dificultar terrivelmente a participação deles nas eleições presidenciais de outubro, mas parece que um considerável setor da esquerda argentina ainda tem enormes dificuldades para se adaptar ao sistema eleitoral e ter alguma chance de vitória.



Teoricamente, as eleições primárias poderiam também decidir o candidato presidencial de algum partido se em algum deles houvesse dois candidatos, mas todos os partidos que apresentaram candidatos têm apenas um. Ou seja, as primárias não servirão para escolher o candidato de cada partido, mas sim para escolher quais candidatos terão o apoio mínimo necessário para participar das eleições de outubro. A presidenta Cristina Kirchner, que até o momento venceria as eleições no primeiro turno segundo as pesquisas de opinião, terá como seu companheiro de chapa na vice-presidência o seu ministro da Economia, Amado Boudou. Isso indica que se Cristina se reeleger, ela aposta em que o excelente desempenho econômico atual do país será um grande impulso para a continuidade de seu governo com Boudou se candidatando a presidente em 2016.





Eleições gerais na Argentina: 23 de outubro de 2011



22/06/2011 - Já está praticamente definido o panorama de candidatos para a eleição para presidente da Argentina a ser realizada em 23 de outubro deste ano. Com o anúncio da última terça-feira da presidenta Cristina Kirchner de que tentará a reeleição, a lista de candidatos está quase fechada, só faltando esperar até o próximo sábado para ver se algum deles vai retirar a candidatura. Os candidatos que se apresentaram até o momento, e que provavelmente serão os que disputarão as eleições em outubro, são:



Cristina Kirchner (Partido Justicialista): como atual presidenta, faz um governo relativamente bem avaliado com grandes progressos econômicos e sociais para o país. No espectro político argentino, sua candidatura é de esquerda.



Eduardo Duhalde (União Popular - dissidente justicialista): o ex-presidente vai tentar preencher o máximo possível o espectro político da direita, já que o PRO de Mauricio Macri não apresentará candidato próprio.



Alberto Rodríguez Saá (Peronismo Federal - dissidente justicialista): encontra-se numa posição parecida à de Duhalde, disputando o espaço da direita, mas com muito menos força política e eleitoral.



Ricardo Alfonsín (União Cívica Radical): tem chance de ter uma boa votação e talvez até de ir ao segundo turno, por ser uma opção eleitoralmente mais viável para a direita que os candidatos genuinamente de direita, já que Alfonsín está claramente à esquerda de Duhalde e de Rodríguez Saá. Seu grande desafio também será resgatar a força política da UCR, quase destruída pelo governo de Fernando de la Rúa.



Elisa Carrió (Coalizão Cívica): apesar de ter um eleitorado cativo, não tem real viabilidade nesta eleição. Tende a ter uma atitude extremamente agressiva em relação à presidenta Cristina Kirchner.



Hermes Binner (Partido Socialista): terá o apoio de mais 3 partidos de esquerda e promete ser um importante nome na eleição, iniciando finalmente a entrada em cena da esquerda partidária argentina viável eleitoralmente.



Jorge Altamira (Partido Operário): candidato de extrema-esquerda que com o lançamento da candidatura de Binner, perde quase totalmente a chance de ter uma participação expressiva na votação de 23 de outubro.



Ainda não foi anunciado o candidato a vice-presidente de Cristina, o que é aguardado com ansiedade. Para ganhar no primeiro turno, é preciso ter 45% dos votos ou 40% se houver uma vantagem maior do que 10% sobre o segundo colocado. Não será fácil para Cristina vencer no primeiro turno devido ao grande número de candidatos com alguma expressão. Assim, vai haver uma grande disputa pela ida ao segundo turno, mas ainda é muito difícil saber quais candidatos disputarão concretamente esta vaga. O que se pode dizer é que se houver segundo turno, este será disputado entre Cristina e Alfonsín, Duhalde, Carrió ou Binner.





Eleições gerais na Argentina: 23 de outubro de 2011



09/06/2011 - Uma situação inusitada está se apresentando nas eleições gerais argentinas de outubro deste ano. A atual presidenta, Cristina Kirchner, aparentemente não terá um candidato competitivo para concorrer com ela. Depois que o prefeito de Buenos Aires, o direitista Mauricio Macri, desistiu de concorrer à presidência preferindo se candidatar à reeleição para prefeito, parece não haver mais chance de surgir nenhum outro candidato viável que ameace a reeleição da presidenta. É possível que a desistência de Macri tenha ocorrido pela recente morte do ex-presidente Néstor Kirchner, por dois motivos: primeiro, porque agora não há mais a perspectiva de que a próxima eleição, em 2016, seja disputada contra um Kirchner, e segundo, porque a morte do ex-presidente deve ter firmado mais na população a ideia de que os 10 anos dos Kirchner melhoraram muito a situação social do país.



Os outros candidatos que até agora parece que também vão se apresentar como candidatos à presidência são Ricardo Alfonsín, filho do ex-presidente Raúl Alfonsín, pelo Partido Radical, e Hermes Binner, do Partido Socialista. Alfonsín, inclusive, já lançou oficialmente sua candidatura, enquanto que Binner, que é governador da província de Santa Fe, ainda precisa confirmar a candidatura, mas tudo indica que ele concorrerá mesmo à presidência.



O PRO de Mauricio Macri, a principal força de direita do país parece estar insinuando um desejo de aliança com o Partido Radical, apoiando Alfonsín. A aliança em termos nacionais será mesmo difícil de ocorrer, mas o PRO e Mauricio Macri são muito hábeis politicamente e certamente estão pensando nas eleições de 2016. O problema da direita é que se Cristina Kirchner fizer mais cinco anos de governo como foram os cinco primeiros, a situação econômica do país será tão boa em 2016 que a presidenta terá muita força ao apoiar o candidato de sua preferência. De qualquer forma, o fato da esquerda governar mais 5 anos a Argentina é uma ótima notícia para a esquerda latinoamericana.





Eleições gerais na Argentina: 23 de outubro de 2011



12/05/2011 - A perspectiva para as eleições gerais na Argentina no próximo dia 23 de outubro sofreram uma reviravolta quando no último sábado o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, do PRO, anunciou que não vai disputar a presidência, e sim a reeleição para a prefeitura da capital, Buenos Aires. Isso modifica muito o panorama porque abre um espaço enorme à direita. O PRO está tentando negociar com outros partidos para que o cabeça de chapa da candidatura apoiada pelo partido não seja do PRO. A estratégia parece ser, ao abrir esse espaço à direita, dividir a aliança política de Cristina Kirchner. Com isso, Cristina pode até vencer, mas o seu bloco político pode ficar menor após a eleição, com a direita aglutinando partidos que hoje estão relativamente próximos a Cristina.



Com o espaço eleitoral mais aberto, outros candidatos estão tentando ocupá-lo. O candidato do Partido Radical, Ricardo Alfonsín, está tentando fechar uma aliança com o Partido Socialista, talvez querendo empurrar Cristina e o Partido Justicialista para o centro. Outra consquência dessa ação de Macri foi que figuras importantes que estavam sem definir que lado tomar, se Cristina ou Macri, estão com menos chances de apoiar Cristina, como por exemplo o ex-presidente Eduardo Duhalde.



A verdade é que a decisão de Macri, talvez mirando 2016, está reembaralhando a corrida eleitoral, ou seja, se na situação anterior Cristina iria ocupar majoritariamente o espaço da esquerda, agora pode ser empurrada para o centro. Por outro lado, o centro foi empurrado para a direita para ocupar seu espaço. Enfim, agora, se a direita vencer, terá um governo menos direitista, mas ainda não está clara a real força de sua candidatura, no caso apoiada pelo PRO. Além disso, se com isso Macri conseguir dividir a esquerda e atrair parte considerável do centro para a direita, estará dando um grande passo para se eleger presidente em 2016.





Eleições gerais na Argentina: 23 de outubro de 2011



19/04/2011 - Na última sexta-feira, o governo da Argentina regulamentou a lei eleitoral válida para as eleições gerais de 23 de outubro deste ano. Entre as principais novidades estão a realização de eleições prévias internas nos partidos obrigatórias, abertas a todas os cidadãos e simultâneas para todos os partidos, a serem realizadas no dia 14 de agosto. Outra decisão importante da lei eleitoral foi permitir que uma lista de candidatos legislativos de um partido (na Argentina o voto legislativo é em lista) apoie um candidato a presidente de um outro partido.



Pela primeira vez, as cédulas de votação terão a foto dos candidatos e cores. A publicidade na Internet foi completamente liberada, sem nenhuma regulamentação, diferentemente dos outros meios de comunicação. Isso diminuirá o custo da comunicação entre os candidatos e os eleitores. Cerca de 64% dos argentinos estão conectados à Internet. Uma outra inovação eleitoral, o voto eletrônico, ainda não estará em vigor nestas eleições nacionais, mas já está sendo usado por vários estados do país nas eleições estaduais, e a tendência é que sua utilização em plano nacional aumente gradualmente.



As eleições gerais de 23 de outubro no país têm como principal disputa a eleição presidencial, que provavelmente será dominada pela atual presidenta, Cristina Kirchner, do Partido Justicialista (PJ) que concorrerá à reeleição aglutinando a esquerda, e o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, da Proposta Republicana (PRO), liderando a direita do país.





Eleições gerais na Argentina: 23 de outubro de 2011



24/03/2011 - A política da Argentina está passando por uma transformação histórica de grandes proporções. A segunda metade do século XX foi dominada basicamente por duas dicotomias: adesão ou rejeição ao peronismo, e adesão ou rejeição à democracia. Essas duas dicotomias se cruzavam e formavam o panorama político do país.



A partir do final da última ditadura, em 1983, começou um processo de consolidação da democracia que gradualmente foi fazendo com que a questão de ser a favor ou contra a democracia deixasse de ser definidora na política argentina. A outra dicotomia que foi gradualmente perdendo força foi aquela em relação ao peronismo, o que por sua vez tem a ver com o fortalecimento da democracia. A concentração de poder moral em uma pessoa, no caso em Perón, tinha muito mais força numa sociedade mais autoritária. Com o aumento da participação popular na política pelos processos eleitorais, o "peronismo" passou a não unificar mais suficientemente as pessoas do partido peronista, chamado de Partido Justicialista.



Por isso, desde o ascenso de Menem ao poder, em 1989, houve um gradativo esfacelamento da união política do partido peronista e do peronismo em si. Para ilustrar esse fato, é bom lembrar que Menem, peronista, fez um governo de direita, enquanto que os Kirchner, peronistas, fizeram um governo de esquerda. Assim, a segunda dicotomia que dominou a política argentina no século XX, o peronismo ou a rejeição ao peronismo, não é mais fundamental na política nacional. Essa é a reorganização pela qual está passando a política argentina.



Da parte da direita, já houve uma libertação do peronismo. O prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, fundou um partido chamado PRO (Proposta Republicana), em torno de seu nome e esse já partido tem considerável poder político aglutinando a direita. Por parte da esquerda, a relativa libertação do peronismo se configurou em torna da figura do casal Kirchner. Com a morte de Néstor Kirchner, essa força aglutinadora ficou somente com a presidenta Cristina Kirchner, mas a esquerda não tem uma alternativa partidária tão clara como a direita. Apesar disso, tudo indica que Cristina terá a indicação do Partido Justicialista para a candidatura à reeleição.



Assim, as próximas eleições presidenciais em 23 de outubro serão disputadas, com chances de vencer, por Cristina Kirchner (pela esquerda e pelo Partido Justicialista), e por Mauricio Macri (pela direita e pelo PRO). Cristina tem mais chances que Macri, pois os 10 anos de governo dos Kirchner recuperaram o país e ela tem muito apoio principalmente nas classes populares. Mas por sua estrutura ideológica-partidária ser mais frágil que a de Macri, a disputa deverá ser apertada. Além disso, mesmo Macri perdendo neste ano, se a esquerda não se reorganizar em uma estrutura partidária-ideológica forte, como fez a direita, corre o risco de ver um Mauricio Macri imbatível em 2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

opinião e a liberdade de expressão

Manoel Messias Pereira

Manoel Messias Pereira
perfil

Pesquisar este blog

Seguidores

Arquivo do blog