quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Egito : O povo nas ruas

Foto: AP

O povo Egípcio hoje nas Ruas
Partidários de Mubarak (parte de baixo da foto) entram em choque com manifestantes contra o governo

Partidários do presidente do Egito, Hosni Mubarak, saíram às ruas do Cairo nesta quarta-feira para uma manifestação a favor do líder, um dia depois de ele anunciar que não buscará a reeleição nas eleições de setembro. Ao chegar à praça Tahrir, os partidários de Mubarak encontraram manifestantes anti-Mubarak, e os dois grupos entraram em choques pontuais.

Os partidários de Mubarak estão concentrados em uma das entradas da praça, e por enquanto não há confrontos em massa. A reportagem do iG viu 11 partidários do líder egípcio serem retirados à força pelos opositores da praça Tahrir, cujo nome em árabe significa "libertação". Alguns dos manifestantes expulsos sangravam, choravam e um deles havia perdido um dente.

Os simpatizantes do líder egípcio afirmam que ele realizou um bom trabalho nos últimos 30 anos e, enquanto alguns apoiam sua decisão de deixar o poder em setembro, outros querem que ele permaneça governando o país por mais um mandato.

"Nós somos 85 milhões. Eles (os opositores) talvez sejam um milhão. Mubarak é nosso presidente. Ele fez tudo pelo Egito e está conosco na guerra e na paz", disse ao iG o dono de restaurante Neher Ali, de 29 anos.

Os defensores do presidente do Egito carregam cartazes com sua foto estampando frases como "Nós amamos o Mubarak", "Mubarak é nosso líder", "Apoiamos a legitimidade do Mubarak" e "Mubarak é o maior". Muitos seguram a bandeira do Egito.

As entradas da praça estão isoladas por tanques do Exército, que na segunda-feira anunciou que não usará a força para reprimir as manifestações, mas nesta quarta-feira fez um apelo para o fim dos protestos. O controle de entrada e saída da Tahrir é feito por voluntários da proscrita Irmanda Muçulmana. Eles foram cinco barreiras de homens que fazem revistas, para evitar que os manifestantes entrem armados, e realizam controle de documentos.

Confrontos

Segundo a Associated Press, milhares de egípcios participam da manifestação a favor de Mubarak, a primeira em grande escala desde que os protestos antigoverno começaram, no dia 25 de janeiro. Ainda de acordo com a agência, os partidários do presidente quebraram uma corrente humana de manifestantes contra o líder, que tentava proteger os milhares de egípcios reunidos na Tahrir.

Eles queimaram cartazes que criticavam o presidente e houve pancadaria. Segundo a AP, manifestantes dos dois lados ficaram feridos e alguns foram vistos com sangramento na cabeça.

Os confrontos começaram horas depois de o Exército ter feito um apelo pelo fim das manifestações. Os manifestantes também anunciaram uma redução em três horas no toque de recolher, que agora vale para o período entre 17h e 7h no horário local (13h e 3h de Brasília). Os serviços de internet também começaram a ser restabelecidos, após cinco dias de bloqueio.

O porta-voz do Exército, Ismail Etman, fez um pronunciamento na televisão estatal no qual pediu que os jovens manifestantes encerrem os protestos "por amor ao Egito". "Vocês saíram às ruas para expressar suas exigências e vocês são os únicos capazes de trazer a vida normal de volta ao Egito", afirmou. "Sua mensagem chegou, suas exigências são conhecidas." Após o pronunciamento, a televisão estatal exibiu uma mensagem de texto que dizia: "As Forças Armadas pedem que os manifestantes voltem para casa para trazer a estabilidade de volta."

Discurso

O discurso de Mubarak, no qual prometeu não concorrer à reeleição, foi recebido com hostilidade pelas centenas de milhares de manifestantes que participavam de protestos em massa na terça-feira em vários pontos do país. Eles exigem que o líder deixe o poder imediatamente, e não em setembro, quando acaba seu mandato.

A multidão assistiu ao discurso de Mubarak em um telão na praça Tahrir (ou praça da Libertação), epicentro dos protestos Muitos vaiaram o presidente e gritaram frases como: "não vamos embora até que ele vá embora", "Fora Mubarak!" e "A população quer que o presidente seja julgado". Alguns balançaram sapatos no ar - um profundo insulto no mundo árabe.


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Manoel Messias Pereira

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