domingo, 17 de abril de 2011

Elo com a Cultura Afro

Evento. O consultor espanhol Fernando Vicário, entre os coordenadores da Contato, Vitor Santana e Helder Quiroga
Galeria de fotos


Fruto de articulações que vêm sendo feitas desde 2008, o programa Cultura e Pensamento: Juventude e Ativismo - capitaneado pela ONG Contato e pelo Centro Cultural Casa África, em parceria com a Asociación Hermanos Saíz, de Cuba, e com a CIC Batá, da Espanha -, realizou, no ano passado, em Belo Horizonte, um encontro de intelectuais, artistas e produtores de diversos países. O evento gerou a revista homônima lançada há cerca de 15 dias, com entrevistas e artigos assinados pelos convidados. A publicação registra e materializa as questões que estão no foco das discussões dessa rede, o que aponta um caminho para futuras realizações.

"O programa tem a proposta de tentar interligar universos culturais distintos, de diferentes países, utilizando a juventude como elemento de interlocução", diz Helder Quiroga, cineasta, produtor e um dos coordenadores da Contato. Ele destaca que os artigos da revista tratam de temas e demandas comuns às entidades parceiras no programa.

"Estivemos em pelo menos dois encontros internacionais anteriores ao evento e fizemos umas quatro ou cinco reuniões com o Ministério da Cultura para discutir as temáticas e os campos de atuação. A escolha do que tratar também vem do diagnóstico que a Contato vem fazendo ao longo de sua trajetória de nove anos, refletindo o ativismo juvenil, a arte e a mobilização em torno de determinadas questões", diz.

A publicação, ele aponta, é uma compilação de pensamentos de quem trabalha o tema da cultura em diálogo com a juventude - gente como o norte-americano James Green, escritor e professor de história do Brasil na Brown University, em Rhode Island, Lionel Valdívia, mestre em cultura latino-americana e membro da Asociación Hermanos Saíz, e o antropólogo José Márcio Barros, coordenador do Observatório da Diversidade Cultural em Belo Horizonte.

Transversal. A revista traz imagens do que foi batizado de Convocatória Artística, uma "convocação paralela, para quem quisesse contribuir com fotos, poemas e outras produções dentro do campo das artes visuais", conforme explica Helder.

Ele ressalta a pertinência e o caráter transversal do Cultura e Pensamento: Ativismo e Juventude. "Quando se vai tratar de ações voltadas para a juventude, olha-se para o jovem como se ele fosse um torpe, um demente, gerando ações de entretenimento para que ele consuma, ou se pensa apenas na dimensão social, a falta de moradia, o desemprego, a violência. Mas há uma dimensão na qual a própria juventude está reinventando o seu modo de pensar o mundo. Resolvemos fazer o evento, junto com o MinC, para pensar cultura e direitos humanos, arte e novas linguagens, temas que, de uma maneira transversal, dialogam com a juventude, independente de origem, classe social ou credo", diz.

No segundo semestre, o programa vai promover residências criativas, pelas quais jovens cubanos, espanhóis e de países africanos virão à cidade para capacitação nas áreas do audiovisual e da música.

Revista
Alguns artigos e autores

- Apontamentos sobre novos diálogos entre cultura e Direitos (Regina Novaes)

- Diversidade cultural, globalização: lembrando o passado, pensando no futuro (James Green)

- O circuito fora do eixo e os desafios do século XXI (Talles Lopes)

FOTO: Charles Silva Duarte - 20.5.2010



Ibrahima Gaye fez a interlocução com entidades africanas
Interlocução
Elo com o o continente africano
Ibrahima Gaye, diretor do Centro Cultural Casa África, cumpriu, no programa Cultura e Pensamento: Juventude e Ativismo, o papel de interlocutor com ONGs e entidades afins de países africanos, especialmente o Senegal, pelo qual é cônsul honorário em Belo Horizonte. Foi o que possibilitou a vinda ao Brasil, para o encontro realizado, em agosto do ano passado, de nomes como os escritores senegaleses Abou Haydara e Boubacar Diop – ambos também com artigos publicados na revista.

"Quando comecei a conversar com Vitor Santana e o Helder Quiroga, em 2008, eu estava chegando de uma viagem à África, onde fiz muitos contatos com embaixadores. Começamos a pensar em fazer algo em conjunto, voltado para a cooperação internacional. Existem, com relação à juventude africana, europeia e da América Latina, demandas parecidas, possíveis de serem trabalhadas em conjunto, e isso não vinha acontecendo", diz.

Helder pondera que esse diálogo internacional nem sempre é fácil, mas é necessário para se pensar, conjuntamente, questões como cultura e meio-ambiente ou liberdade de expressão. "As quatro entidades parceiras no programa têm demandas gigantescas em seus campos de atuação, então é difícil manter um contato periódico, mas trabalhamos para que ele seja permanente", diz.

É através dessa rede organizada que Ibrahima aspira trazer para o Brasil o Festival Mundial de Artes Negras, do qual o Centro Cultural Casa África participou, no ano passado, no Senegal. "Estava presente a grande maioria dos países africanos, bem como os da diáspora. Temos a proposta de trazer o evento para o Brasil. Não é fácil organizar isso, então uma outra ideia seria fazer algo similar, o que até já formatamos: a Semana da União Africana e da Diáspora", aponta, ressaltando a presença também de jovens africanos na residência criativa prevista para o segundo semestre.

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Manoel Messias Pereira

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