sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ana Maria Machado e João Ubaldo Ribeiro na Sorbone

Ana Maria Machado - escritora

João Ubaldo Ribeiro - escritor


Portugal Digital - Brasil/Portugal
Ana Maria Machado e João Ubaldo brilham na Sorbonne Nouvelle
De saída, o que nos impressionou foi o auditório completamente lotado, com mais de 150 estudantes e pesquisadores de diferentes nacionalidades (sobretudo brasileiros e portugueses).

Arnaldo Niskier *



Numa feliz iniciativa do Crepal (Centro de Pesquisas sobre Países Lusófonos), da Universidade Sorbonne Nouvelle, em Paris III, os escritores e acadêmicos Ana Maria Machado e João Ubaldo Ribeiro realizaram uma bem sucedida Matinée Literária naquela instituição.

De saída, o que nos impressionou foi o auditório completamente lotado, com mais de 150 estudantes e pesquisadores de diferentes nacionalidades (sobretudo brasileiros e portugueses). Não foi trabalho de mão única, pois as atraentes performances foram seguidas de debates com o público. Um sucesso completo!

Ana Maria Machado teve a sua obra “Tropical Sol da liberdade”, relativa ao período militar, analisada pelas especialistas Jacqueline Penjon e Cláudia Poncioni. Fizeram aprofundada análise do seu livro – e se referiram ao apreço da autora, em todos os momentos, pelo conceito e a prática da liberdade. Foi comparada com a importância de Monteiro Lobato.

A seguir, o acadêmico Didier Lamaison, membro correspondente da Academia Brasileira de Letras, dirigiu um autêntico jogral com 10 alunos, cada um deles lendo parte do texto selecionado, o que se transformou num espetáculo bastante agradável. Houve lembranças do período de obscurantismo no Brasil e a violência que acabou por vitimar o estudante Edson Luís (“O enterro do estudante”).

Ana Maria Machado, então, contou parte da sua experiência como jornalista e escritora: “Escreve-se por inspiração da memória, das nossas várias lembranças.” Mostrou que escrever para adultos ou crianças apresenta diferenças, por vezes sutis. Afirmou que todo bom escritor gosta de reler. Demonstrou que o mercado infantil tem crescido muito, sobretudo a partir da década de 70. E com qualidade. Houve compras volumosas por parte do Governo. Citou entre os grandes escritores brasileiros de literatura infantil os nomes de Lígia Bojunga, Ziraldo e Ruth Rocha. Ela mesma é autora de livros que alcançaram o impressionante número de 19 milhões de exemplares. Criticou o pequeno contingente de bibliotecas públicas: “Temos que desenvolver o gosto pela leitura.”

Depois foi a vez de João Ubaldo Ribeiro, apresentado por Jacqueline Penjon e Rita Godet. Os alunos trabalharam sobre uma crônica de sua autoria, muito bem-humorada , e houve muitos risos da plateia. O autor de “Viva o povo brasileiro” contou a influência do pai, desde Sergipe, para levá-lo ao gosto pela leitura: “Mas os livros, para mim, eram uma brincadeira como outra qualquer.” Afirmou que gosta mais de ler do que escrever e que recebeu, na sua formação, forte influência de Monteiro Lobato: “Nunca aceitei a sua morte.”

João Ubaldo contou da sua intimidade com Gláuber Rocha (desde os tempos da Faculdade de Direito da Bahia) e do estímulo dele recebido para se tornar escritor. Elogiou também o reitor Edgard Santos pela efervescência cultural da Bahia e confessou aos presentes: “Quanto mais velho eu fico, mais me afeiçoo a Itaparica. Aquilo é muito rico!”

Ubaldo, sempre bem-humorado, afirmou que “sem Jorge Amado e Dorival Caymmi a Bahia seria outra”. Emocionou-se com a lembrança dos dois amigos falecidos.
Após as conferências/debate, muito aplaudidas, os dois acadêmicos brasileiros foram homenageados com um simpático almoço na Embaixada do Brasil, por iniciativa do Embaixador José Maurício Bustani.

Arnaldo Niskier é membro da Academia Brasileira de Letras e presidente do CIEE/Rio

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Manoel Messias Pereira

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