quarta-feira, 6 de abril de 2011

Chico Rei na poesia e na musica




Presença na poesia e na música
06/04/2011
Fonte: O Tempo (MG)

Em meados do século XVIII, um homem nomeado Francisco chegara a Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto. Naquela época, sob a égide da escravidão, ele foi trazido da África para trabalhar na mina de ouro Encardideira, que até hoje é lembrada como a mina de Chico Rei. Sua trajetória, marcada pela solidariedade e luta pacífica, é contada no livro "A História de Chico Rei" (Edições SM,64 págs., R$ 31), novamente escrita e ilustrada pela artista plástica Béatrice Tanaka. Anteriormente, em 1973, ela havia produzido uma edição semelhante destinada ao leitor francês. "Eu escrevi e ilustrei essa história, pela primeira vez, numa antologia de contos brasileiros ‘La fille du Grand Serpent, Contes du Brésil’, publicada em Paris. Também a adaptei para um espetáculo baseado em contos populares da América do Sul", lembra Béatrice, que ressalta o interesse das memórias sobre Chico Rei para o Brasil e para outros lugares do mundo todo. Mais de 30 anos depois, a artista - nascida em 1932 em Czernowitz, cidade antes pertencente à Romênia e hoje território da Ucrânia, de onde se mudou no fim da infância para o Brasil - recupera a narrativa sobre o lendário escravo que chamava a atenção pela postura altiva, além da atitude de liderança pela libertação dos negros. "Nos dias de hoje, com tanta violência, ganância e escravatura camuflada, a figura exemplar de Chico Rei e a sua inteligentíssima ação não-violenta são uma mensagem de dignidade, de solidariedade e de esperança", observa Tanaka. Transmitida por mais de 200 anos por meio da tradição da cultura popular e oral afro-brasileira, a história do rei do Congo, vendido como escravo para o Brasil, também é ricamente ilustrada por Béatrice Tanaka. Ela conta que as imagens foram criadas em tinta guache sobre papel e remetem aos principais acontecimentos que envolvem o personagem em destaque. Um dos principais fatos lembrados é o dia do desfile de Chico, que, vestido de rei, saiu ao som dos tambores pelas ruas rumo à Igreja de Santa Efigênia do Alto da Cruz, construída por intervenção dele, após ser alforriado. Outros elementos, como o chafariz onde os escravos lavavam os cabelos para recuperar a poeira de ouro, com o qual compravam a liberdade, também são mostrados pela autora. 7[NORMAL_A]A">A recente edição do livro "A História de Chico Rei", escrita e ilustrada por Béatrice Tanaka, traz ainda outros textos que também tratam da significativa trajetória de Chico Rei, que viveu no auge da exploração do ouro, na antiga Vila Rica. Um deles é o poema "Romance do Chico-Rei", criado em 1953 e parte da obra "Romanceiro da Inconfidência", de Cecília Meireles. O outro é um samba-enredo composto por Martinho da Vila, em 1964, para a escola carioca Acadêmicos do Salgueiro. Cantado em uma época em que o país caminhava rumo ao fortalecimento do conservadorismo e da repressão política, o samba levanta a mensagem de liberdade e respeito aos direitos humanos inerentes à figura de Chico Rei. "Foi também cantando esse samba-enredo que o amigo Fernando Pamplona me convenceu a trabalhar com o tema depois. Ele foi o grande carnavalesco do Salgueiro e me contou a história de Chico-Rei em 1965", afirma Béatrice Tanaka. (CAS)







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Manoel Messias Pereira

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