quarta-feira, 6 de abril de 2011
Exportar a Revolução - Cuba e a Luta armada no Brasil
“Exportar a revolução”: Cuba e a luta armada no Brasil
por Rafael Leite Ferreira e Mirthyani da Silva Bezerra
Introdução
“A luta armada no Brasil foi constituída fundamentalmente por jovens estudantes, audaciosos, mas inexperientes, foram destroçados em uma luta desigual contra os aparelhos da repressão. Bravos jovens! Radicais, equivocados, mas generosos!”.
(Daniel Aarão Reis)
O objetivo deste texto é refletir sobre a influência da Revolução Cubana, em 1959, no desencadeamento e atuação dos grupos revolucionários, surgidos na América Latina, e no Brasil, a partir da década de 1960. Uma vez que o surgimento de tais movimentos se deu dentro de um contexto muito maior – a Guerra Fria –, optamos por dividir o trabalho em quatro partes. A primeira diz respeito a uma breve análise da política mundial entre as décadas de 1950 e 1960. A segunda parte trata da própria Revolução Cubana, ou melhor, dos motivos que levaram os guerrilheiros a se rebelarem contra o regime do ditador Fulgencio Batista e a optarem pelo socialismo como forma de governo. A terceira traça um rápido panorama sobre os grupos e partidos de esquerda existentes no Brasil naquele momento histórico. E a última parte analisa como se deu, de fato, o apoio dos grupos revolucionários cubanos à luta armada no Brasil.
1. Os EUA, a URSS e o surgimento dos movimentos revolucionários no Terceiro Mundo
Uma série de movimentos revolucionários começou a surgir nos países do Terceiro Mundo, a partir da década de 1950. Em sua grande maioria, tais movimentos estavam baseados na luta armada como estratégia para derrubar os governos totalitário/autoritários e implantar o socialismo como sistema de governo. Essas agitações – guardadas as particularidades do contexto social e político de cada país – refletiram-se num quadro de Guerra Fria. Ou seja, um período, pós-Segunda Guerra Mundial, marcado pela dualidade de duas grandes nações: os EUA (capitalismo) e a URSS (socialismo).
Logo após a Segunda Guerra Mundial, os EUA criaram um mito em torno do qual a URSS tinha a missão de impor o socialismo a todas as nações do mundo, construindo no imaginário ocidental o “inimigo soviético” [3]. Nesse contexto, o Terceiro Mundo, em diversas situações, acabou sofrendo as conseqüências dessa disputa ideológica, o que tornou essa região palco da influência e, por vezes, da intervenção direta das duas potências mundiais. Este fato, associado aos problemas internos desses países, acabou, de certa forma, “inflamando” tensões já existentes.
Foi, portanto, nesse período de disputas entre os EUA e a URSS no cenário mundial, que os golpes militares começaram a despontar em diversos países da América Latina, interrompendo governos fundamentados no projeto de “modernização nacional-populista” [4], como o de: Perón, na Argentina, em 1955; João Goulart, no Brasil; Paz Estenssoro, na Bolívia, ambos em 1964, entre outros. Refletindo sobre esta conjuntura, Luis Fernando Ayerbe afirma que, “temendo” a expansão do inimigo soviético, os EUA aumentaram as “pressões” sobre os países da América Latina no que se refere a um alinhamento à sua política externa e ao combate ao comunismo. Em suas palavras:
“As políticas adotadas na América Latina e no Caribe no período da Guerra Fria se pautaram pela combinação de pressões econômicas em favor da promoção da abertura dos mercados nacionais ao capital estrangeiro e combate aos regimes nacionalistas e de esquerda, que expressariam as escolhas “erradas” para lidar com os desafios do desenvolvimento” [5].
Diante da presença cada vez maior dos EUA nos países latino-americanos e, conseqüentemente, da multiplicação dos regimes militares de direita na região, diversos grupos de esquerdas – como também, alguns intelectuais – iniciaram inúmeros debates sobre a melhor “solução” para a superação da dependência norte-americana e do subdesenvolvimento em seus países.
O sucesso da guerrilha armada, comandada pelo jovem advogado Fidel Castro, na deposição do regime ditatorial implantado por Fulgencio Batista, em 1959, acabou significando para setores da esquerda latino-americana uma alternativa para destituição dos governos ditatoriais, solução dos problemas políticos, sociais e econômicos desses países e, por fim, a implantação do socialismo.
Neste sentido, tanto a Revolução Cubana quanto a Guerra do Vietnã foram tomadas pelas esquerdas latino-americanas como experiências emblemáticas de uma nova tendência na luta contra o imperialismo americano. Assim, para muitos jovens latino-americanos, a vitória das esquerdas nestes dois países “[...] destacaram-se como comprovação de que o momento é propício como nunca para a radicalização de posições” [6].
Como se pode perceber, a vitória da esquerda na ilha de Cuba teve um papel primordial neste processo de construção de um “imaginário revolucionário”, pois mostrou para muitos jovens – em sua grande maioria, idealistas – que era possível um “pequeno grupo de firmes convicções” conseguirem derrubar um governo antipopular e repressor, ou melhor, vencer os EUA. Este imaginário ganhou repercussão internacional, especialmente, “fazendo a cabeça” de muitos jovens das esquerdas brasileiras.
“A revolução cubana era tudo: romance, heroísmo nas montanhas, ex-lideres estudantis com a desprendida generosidade de sua juventude – os mais velhos mal tinha passado dos trinta –, um povo exultante, num paraíso turístico tropical pulsando com os ritmos da rumba. E o que era mais: podia ser saudade por toda a esquerda revolucionária” [7].
Antes de abordar a influência de Cuba nos grupos e partidos de esquerda existentes no Brasil no final da década de 50 até depois do golpe civil-militar de 1964, iremos analisar em que contexto político, social e econômico a Revolução Cubana se deu e o porquê de ela ter se tornado sinônimo de libertação para muitas esquerdas na América Latina.
2. A Revolução Cubana e a opção pelo socialismo
Após a Segunda Guerra Mundial, as “guerras de guerrilhas” se difundiram pelo mundo, especialmente no Terceiro Mundo, tornando-se a forma básica de luta revolucionária nestes países. Segundo Eric Hobsbawm, suas táticas eram propagadas pelos “ideólogos da esquerda radical”, críticos da estratégia soviética – dentre os quais se destacaram Mao Tse-tung, na China, Fidel Castro e Che Guevara, em Cuba – que inspiravam ativistas ao redor de todo o mundo [8]. Apesar de tais guerrilhas terem sido freqüentes nos países de Terceiro Mundo, foi à experiência vivida em Cuba que ganhou os holofotes da política internacional:
“Curiosamente, foi um movimento relativamente pequeno [...], atípico, mas bem sucedido, que pôs a estratégia da guerrilha nas primeiras páginas do mundo: a revolução que tomou a ilha caribenha de Cuba em 1º de janeiro de 1959” [9].
Em nenhuma parte da América Latina, a noção de “quintal” dos EUA era tão forte como era em Havana, capital cubana. Como destacou Guilhermo Cabrera, “cassinos, hotéis de luxo e casas de prostituição, lotado de turistas norte-americanos endinheirados faziam parte do cotidiano desta região” [10]. A dependência de Cuba em relação aos norte-americanos se agravou, principalmente a partir do governo de Fulgêncio Batista, em 1952, apoiado pelos EUA. O presidente cubano tratava seus adversários políticos, na maioria das vezes, com repressão, tortura e prisão em massa. Um desses adversários era o advogado Fidel Castro, cuja proposta política era derrubar o ditador Batista e acabar com a dependência em relação aos EUA.
Em 1957, Fidel Castro com um pequeno grupo de guerrilheiros, no meio das florestas da Sierra Maestra, começou a preparar uma ofensiva ao governo de Fulgencio Batista. A estratégia de Fidel era, primeiramente, fortalecer a ação no campo, com o apoio da população mais pobre, para depois partir para um movimento revolucionário nas cidades de Cuba. Segundo Hobsbawm, em termos técnicos, tal estratégia era simples:
“O método de Fidel era ativista: um ataque a um quartel do exército em 1953, cadeia, exílio e a invasão de Cuba por uma força guerrilheira que, na segunda tentativa, se estabeleceu nas montanhas da província mais remota. A jogada mal preparada deu certo” [11].
Como se sabe, o regime de Fulgencio Batista desmoronou em 1959, o que, segundo Ayerbe, acabou significando a retomada dos movimentos de libertação nacional ocorridos no final do século XIX, frustrados pelos EUA, com a diferença de que o movimento de 1959 vinculou “a libertação nacional e social aos desafios da Guerra Fria” [12].
De acordo com Eric Hobsbawm, Fidel Castro venceu a batalha porque o regime de Batista era frágil, não tinha apoio da sociedade cubana – exceto daqueles motivados por interesses pessoais. Para ele, o regime de Batista, desmoronou quando todos os atores sociais decidiram que havia chegado a hora de ele desmoronar [13].
A deposição do presidente Fulgencio Batista não significou de imediato, no entanto, a adoção do regime socialista como forma de governar o país, até porque, apesar de todo o radicalismo, Fidel Castro e seus camaradas não se consideravam comunistas e nunca haviam declarado ter simpatia pelo marxismo. A este respeito, Hobsbawm argumentou que, logo quando se deu a revolução de 1959, os próprios diplomatas e conselheiros norte-americanos não enxergavam o movimento como uma “revolução comunista”. Para Hobsbawm, foi à própria conjuntura política do período, isto é, de Guerra Fria, que teria direcionado Cuba a adotar o modelo soviético de governar [14]. Em suas palavras:
“[...] tudo empurrava o movimento fidelista na direção do comunismo, desde a ideologia social-revolucionária daqueles que tinham probabilidade de fazer insurreições armadas de guerrilha até o anticomunismo apaixonado dos EUA na década de 1950 do senador McCarthy” [15].
Cuba se encaminhou para o socialismo, e posterior aliança com a URSS, principalmente, depois da tentativa de invasão de exilados pela baía dos Porcos, em 1961, empreendida pelos EUA. Segundo Hobsbawm, a principal causa do incidente na baía dos Porcos foi o fato de Fidel ter passado a antagonizar os interesses americanos em Cuba, ganhando a simpatia e, posteriormente, o apoio da URSS.
Como se verá, a influência de Cuba nos movimentos de guerrilha na America Latina foi além do campo simbólico. Em vários momentos na história da luta armada nos países latino-americanos, o que inclui o Brasil, Cuba apoiou os movimentos, treinando guerrilheiros e, muitas vezes, oferecendo ajuda financeira, na intenção de difundir, ainda mais, a chamada estratégia do “foquismo”.
“O foco se iniciava com um punhado de homens e se punha a atuar entre os camponeses de uma região cujas condições naturais favorecessem a defesa contra ataques do exército (a predileção pelas montanhas denunciava um fácil geografismo). Numa segunda etapa, colunas guerrilheiras se deslocavam na região inicial, levavam a luta armada a outras regiões e confluíam afinal para o exército rebelde capaz de infligir ao inimigo à derrota definitiva” [16].
A teoria do “foco guerrilheiro”, segundo Jean Rodrigues Sales, apregoava que os grupos revolucionários precisavam instalar um foco dentro do seu território e a partir dele expandir a revolução para o restante do país. Segundo Rodrigues, esses movimentos acreditavam ser possível a realização de uma revolução socialista através da guerra de guerrilha, sem a interferência do partido comunista. Era preciso preparar os revolucionários através de um forte treinamento guerrilheiro, para que estes conseguissem implantar os focos. Em suas palavras:
“Uma vez iniciados os combates, as massas acabariam por se aliar aos guerrilheiros, e estes conseguiriam aumentar a sua força até a tomada do poder. Durante o processo revolucionário, a guerrilha seria a vanguarda política, estando todas as outras tarefas a ela subordinadas” [17].
Antes de falar das razões que levaram Cuba a oferecer tal apoio e de que maneira ele auxiliou os movimentos ligados à luta armada no Brasil, é preciso traçar um rápido panorama sobre os grupos e partidos de esquerda existentes no Brasil entre o final da década de 1950 e após o golpe civil-militar de 1964.
3. Um breve panorama das esquerdas no Brasil entre as décadas de 1950 e 1960
No início da década de 1960, o pensamento predominante entre as lideranças esquerdistas era o do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Apesar de ilegal, suas propostas, chamadas de nacional-reformistas, influenciaram, inclusive, grupos, setores sociais e militantes que não estavam ligados ao partido. Apesar de ter sido fundado em 1922, segundo Marcelo Ridenti, esse foi o período em que o partido atingiu seu apogeu. “[...] com muitas adesões, suas idéias influenciaram a luta política e sindical, e até mesmo as diretrizes do próprio governo federal” [18].
O PCB afirmava que ainda existiriam no Brasil “relações de produção feudal” ou “semifeudais na estrutura econômico-social brasileira”. Para a superação desse quadro de estagnação econômica, era necessária a realização de uma “revolução democrático-burguesa” no Brasil, nos moldes da proposta pelo pensamento leninista: isto é, deveriam ser implantadas transformações econômicas, políticas e sociais de caráter antifeudal no país, preparando, assim, o terreno para a implantação do socialismo. De acordo com José Carlos Reis:
“A ação a ser desenvolvida era a da revolução democrático-burguesa, pois as condições econômicas e políticas do Brasil indicavam que o socialismo só seria atingido após um período de transformações burguesas, que eliminariam os entraves feudais e quando se removeriam os obstáculos ao desenvolvimento das forças produtivas” [19].
Segundo as instruções do PCB, aos comunistas caberia se aliar à burguesia nacional, contra o imperialismo norte-americano e a favor da revolução democrático-burguesa, para darem à classe trabalhadora (proletariado e camponeses) a emancipação necessária para participarem politicamente da implantação do socialismo [20]. Este modelo de pensamento era considerado de “etapista” e seguia à risca as instruções da III Internacional.
De acordo com Marcelo Ridenti, duas correntes surgiram no início da década de 1960 se apresentando como alternativas às propostas do Partido Comunista Brasileiro: a Ação Popular (AP) e a Organização Revolucionária Marxista – Política Operária (Polop). Esta contestava as idéias reformistas e pacifistas do PCB, propondo ação revolucionária baseadas na luta armada para a implantação do socialismo; enquanto que aquela propunha a criação de uma alternativa política que não fosse nem capitalista nem comunista, inspirada em um “humanismo cristão e na Revolução Cubana”. Além dessas duas organizações, Ridenti destacou também a atuação das Ligas Camponesas, “que pretendia ser o embrião de uma guerrilha rural” – contando com o apoio de Cuba, o que será falado posteriormente –, do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e de outros pequenos grupos atuantes em 1964, como o Partido Comunista do Brasil (PC do B) e o Partido Operário Revolucionário – Trotskista (PORT), entre outros.
“O golpe civil-militar e a derrota sem resistência das forças ditas progressistas e 1964 marcaram profundamente os partidos e movimentos de esquerda brasileiros. Os nacionalistas, a Polop e outros grupos, que já advertiam para a necessidade de resistência armada a um golpe de direita, praticamente nada fizeram para levar adiante a resistência, enquanto o PCB e outras Forças reformistas assistiam perplexos à demolição de seus ideais” [21].
Para Ridenti, o golpe de 1964 trouxe para a esquerda brasileira um momento de “autocrítica” e reflexão sobre os possíveis erros de que teriam levado à deflagração do golpe. Para ele, foi nesse momento “autocrítica” entre as esquerdas que se passou a contestar, inclusive internacionalmente, o modelo tradicional de atuação e organização das esquerdas, em sua grande maioria vinculada ao modelo soviético, que havia se revelado incapaz de “dar conta das contradições das sociedades de classes contemporâneas”.
O fracasso do pensamento defendido pelo PCB após o golpe militar de 1964 e as dissidências que se seguiram ocasionou à formação de diversos grupos de esquerda que – com o aumento da repressão do regime ditatorial instalado no Brasil – passaram a adotar a luta armada como trajetória de atuação.
4. Fazendo a “cabeça dos jovens”: Cuba e a luta armada no Brasil
Para manter o status de primeiro território livre na América Latina e expandir o comunismo no cenário internacional, Cuba passou, a partir de 1961, a empreender uma “política de exportação da revolução” para os demais países latino-americanos [22]. A intenção de Cuba a partir de tal estratégia era simplesmente: “levar a revolução pelo mundo, como uma onda que asseguraria a vitória da revolução em Cuba e libertaria os povos do Terceiro Mundo” [23].
De acordo com Denise Rollemberg, a primeira experiência, de fato, de “exportação da revolução” na América Latina ocorreu no início da década de 1960, na Bolívia. Entretanto, essa experiência não só culminou na derrota do movimento – e na morte do líder guerrilheiro Che Guevara, em 1967 –, como também revelou o fato de os guerrilheiros estarem sozinhos, sem o apoio da sociedade.
Rollemberg destacou ainda como um dos principais fatores para o “fracasso” da implantação do comunismo na Bolívia o fato de os revolucionários – ao tomar a experiência de Cuba, em 1959, como inspiração – conferirem pouca relevância à conjuntura política, social e econômica do momento. Isto é, os revolucionários colocaram muita ênfase na estratégia de combate – o foquismo – e esquecerem-se da conjuntura do momento, que fora totalmente determinante para a derrubada do governo de Fulgencio Batista, em Cuba, naquele ano de 1959. Refletindo sobre esse “equívoco” de análise, Jacob Gorender destacou que:
“O foquismo se origina num dos mais interessantes mitos do movimento revolucionário mundial. O mito de que a Revolução Cubana chegou à vitória pelo poder mágico de doze ou dezessete sobreviventes da expedição do Granma, iniciadores da luta na Sierra Maestra a partir do nada, a partir do zero. [...] Não há começo a partir do nada, exceto o que os crentes atribuem a Deus na teologia judaico-cristã. O pequeno grupo comandado por Fidel Castro em nenhum aspecto corresponde à idéia de foco. Desde o primeiro momento, foi reconhecido pelos camponeses e neles encontrou simpatia e ajuda. Tanto que pôde travar as primeiras escaramuças apenas um mês depois da chegada à Sierra Maestra. Quatro meses mais, enfrentava vitoriosamente um combate de grande envergadura. É que, desde antes, o grande motor – as massas – já estava em funcionamento. A luta guerrilheira cubana ficaria indefinidamente confinada ou seria esmagada, se já não encontrasse a campanha nacional à qual a guerrilha se associou e da qual a guerrilha se associou e da qual terminou ganhando a direção” [24].
No caso específico do Brasil, o apoio de Cuba à formação de guerrilheiros se deu no governo de João Goulart (1962-1964), quando o Brasil ainda gozava de um regime democrático. A partir deste momento e até o início da década de 1970, o apoio de Cuba à luta armada no Brasil foi crescente. Grosso modo, podemos dizer que esse apoiou se deu em três momentos bastante distintos: primeiro, antes do golpe civil-militar de 1964, com as Ligas Camponesas; segundo, após a restauração do novo regime, através do grupo formado por Leonel Brizola; e por último, a partir de 1967, através da atuação de Carlos Marighela.
a) Ligas Camponesas e Cuba
Segundo Socorro Abreu, ao longo da década de 1950, as Ligas Camponesas, no interior do Nordeste brasileiro, tiveram suas idéias ligadas às diretrizes do PCB. Para ela, somente no inicio dos anos 60, ocorreu uma virada política e ideológica nas Ligas, principalmente, a partir da deflagração da Revolução Cubana em 1959 [25]. Um ponto-chave para esta virada nas Ligas foi à visita do advogado, Francisco Julião, à ilha de Cuba.
“A experiência de ter visto de perto as transformações que se operavam na sociedade cubana teve grande peso para o representante do maior movimento social no campo brasileiro. [...] O interesse de Julião pela Revolução Cubana e seus desdobramentos era sem dúvida recíproca por parte dos dirigentes da ilha, de sorte que também era patente a atração dos cubanos pelos movimentos sociais progressistas na América Latina” [26].
A partir deste momento, as Ligas passaram a acreditar ser possível alcançar, sem etapas, o socialismo. Como escreveu Joseph Page: “As pessoas não estavam mais perguntando se haveria uma revolução, mas sim quando ela aconteceria e qual a direção que tomaria” [27].
Como se verá, a estratégia das Ligas contrariava com a visão etapista defendida pelo PCB. A animosidade existente no período acabou levando a um racha entre ambos. Para Socorro Abreu, “ao reelaborar suas concepções sobre a revolução brasileira, incorporando a experiência da revolução cubana e a teoria da guerra de guerrilhas, as Ligas procuraram criar uma organização camponesa que possibilitasse um enfrentamento armado quando isso se fizesse necessário” [28].
Denise Rollemberg destacou que as Ligas Camponesas foram, de fato, o primeiro grupo revolucionário brasileiro a receber apoio cubano. Segundo ela, “Cuba viu nesse movimento e nos seus dirigentes o caminho para subverter a ordem no maior país da América Latina” [29]. O apoio cubano se deu através do fornecimento de armas, dinheiro e treinamento militar.
Um total de 11 membros das Ligas teria feito o curso de guerrilhas. Rollemberg afirmou que os participantes das Ligas Camponesas que passaram pelo treinamento, ao retornarem ao Brasil, deveriam formar cursos preparatórios de lutas de guerrilha em vários pontos do país e ministrá-los em fazendas e sítios [30].
Para Rollemberg, mesmo que a luta de guerrilha não tenha se concretizado com as Ligas Camponesas, o interesse do grupo pela luta armada, evidenciou que uma parte da esquerda brasileira já estava insatisfeita com o modelo etapista do PCB [31].
b) Leonel Brizola, MNR e Cuba
Após a experiência “frustrada” das Ligas e com a instauração da ditadura civil-militar no Brasil, em 1964, Cuba passou a melhor redefinir o seu apoio à revolução no Brasil. A solução encontrada pelo país caribenho para a realização de uma revolução brasileira, aos moldes da cubana, foi apoiar um grupo de políticos recém exilados para o Uruguai, após o golpe de 1964. Dentre esses políticos, estava o ex-governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que, naquele momento, havia começado a articular, “com refugiados que afluía a Montevidéu”, um “contragolpe”.
Segundo Denise Rollemberg, Brizola já havia conquistado a simpatia de Cuba mesmo antes da queda de Goulart. Ele era visto pelo governo cubano como um importante líder que seria capaz de empreender a revolução dentro do país e encabeçaria o “contragolpe” que derrubaria o regime recém instalado pelos militares [32].
Em um primeiro momento, Brizola resistiu à teoria cubana sobre a instalação de um “foco guerrilheiro”, mas sem alternativas, acabou se rendendo a ela [33]. A idéia de Brizola era aplicar no Brasil uma versão do foco guerrilheiro cubano:
“Previa que, juntamente com o foco, haveria ‘um elemento surpresa’, ele próprio. Assim que as três frentes acontecessem, ele entraria no Brasil e, sem ninguém saber ao certo sua localização e com o seu poder pessoal de mobilização, levantaria as forças populares, dividiria as Forças Armadas e daria um contragolpe” [34].
Com o objetivo de “importar” a estratégia guerrilheira de Cuba para a revolução no Brasil, Leonel Brizola fundou o “Movimento Nacionalista Revolucionário” (MNR), que, antes de ser uma organização formal, significava o nascimento de um novo projeto. O apoio de Cuba ao MNR se deu através do treinamento guerrilheiro e da doação de dinheiro. Brizola só veio a abandonar o projeto dos focos guerrilheiros quando a Guerrilha de Carapó, no Rio de Janeiro, teve seu desfecho, em 1967 [35].
c) Carlos Marighella e Cuba
De acordo com Denise Rollemberg, Carlos Marighella foi à figura que mais se aproximou da linha “castro-guevarista” e foi, a seu ver, à personificação, no Brasil, de uma proposta de revolução continental, idealizada a partir da influência da Revolução Cubana.
A autora argumentou em sua obra que, perseguido pela polícia, após o golpe militar de 1964, Carlos Marighella entrou num cinema do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, e lá resistiu aos policiais, até ser diversas vezes baleado, espancado e finalmente preso. Em 1965, escreveu e publicou o livro “Por que resisti à prisão”, em que apontou sua opção por organizar a resistência dos trabalhadores brasileiros contra a ditadura e pela libertação nacional e o socialismo [36]. Em relação ao livro de Marighella, Jacob Gorender argumentou o seguinte:
“No início do livro, o autor narra o episódio de sua prisão dentro de um cinema do Rio, a luta com os tiras depois de ferido a bala, a passagem por diversos cárceres, interrogatórios policiais etc. Alto e musculoso, cinqüentão ainda forte, Marighella foi um dos homens mais valentes que conheci. Não direi que não temesse a morte, mas a desafiava. Sua narrativa teve a intenção de oferecer um exemplo de resistência e levantar os ânimos no ambiente de frustração dos adversários do regime militar. Após o relato pessoal, segue-se a denúncia de crimes e arbitrariedades cometidos pelos novos donos do poder. Em toda esta parte, observa-se a moderação nas proposições críticas à direção do PCB e ainda aparecem os habituais elogios à figura de Prestes. Já os dois últimos capítulos se desfazem do tom cauteloso e as proposições críticas se aguçam. O texto põe em descrédito a possibilidade do caminho pacífico e condena as ilusões no potencial revolucionário da burguesia nacional. O autor salienta o erro da subestimação do aliado camponês, destaca a lição de Cuba e afirma que a luta revolucionária no Brasil poderá levar ao aparecimento de guerrilhas” [37]
Como se pode perceber, no livro “Por que resisti à prisão”, Marighella demonstra claramente sinais de insatisfação pela maneira como a revolução estava sendo conduzida no Brasil, isto é, demonstra nitidamente sua divergência com a linha oficial do PCB, principalmente de sua política etapista de moderação e subordinação à burguesia [38].
Meses antes de publicar o seu livro “Por que resisti à prisão”, Carlos Marighella já tinha publicado um documento de crítica à direção do partido, intitulado “Esquema para discussão”, juntamente com alguns outros integrantes do PCB, entre eles: Mário Alves, Jover Telles, Jacob Gorender, Giocondo Dias e Orlando Bonfim. Entre outras coisas, o documento afirmava que a causa da derrota para os golpistas estava no “desvio de direita” do PCB, “na medida em que alimentara ilusões a respeito do alcance das reformas de base por meio pacífico, acreditando na aliança com a burguesia nacional e ‘conciliando objetivamente com um governo burguês’, não tendo, assim, preparado as massas para resistir ao golpe” [39]. Apesar de todas as críticas, as questões levantadas pelo Esquema para Discussão não foram suficientes para modificar o posicionamento do PCB.
Em maio de 1965, ocorreu a primeira reunião do Comitê Central após a chegada dos militares ao poder. Nela, diferentemente do que afirmava o “Esquema para discussão”, prevaleceram às diretrizes “etapistas” do V Congresso. Com isso, Carlos Marighella se distanciou cada vez mais das idéias do “partidão”, isto é, do PCB, passando a defender a luta armada e a visualizar a Revolução Cubana como exemplo ilustrativo sobre como os países da América Latina poderiam proceder para alcançar independência política e progresso social [40].
De 31 de julho a 10 de agosto de 1967, realizou-se, na cidade de Havana, a Conferência da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS). Segundo Jean Rodrigues Sales, esta Conferência significou, em certa medida, “[...] uma tentativa por parte dos cubanos de tornarem-se um centro revolucionário no continente” [41]. A Conferência criticou a política etapista defendida pelos partidos comunistas – criticando, inclusive, a atuação do PCB – e indicou a “luta de guerrilhas” como estratégia adequada para a implantação da revolução nos países latino-americanos. Desobedecendo às instruções do PCB, Carlos Marighella não apenas esteve presente na reunião em Havana, como proferiu publicamente duras críticas à política adotada pelo partido no Brasil. Diante dessa situação, o Comitê Central, o expulsou do PCB.
Refletindo acerca da postura de Marighella em Cuba, Denise Rollemberg mencionou que:
“[...] o revolucionário brasileiro assumia as principais teses propostas pelo foquismo: a não necessidade de um partido para guiar a guerrilha, o campo como cenário ideal para o seu desencadeamento e a crença de que um pequeno núcleo de guerrilheiros poderia dar início à luta, aglutinar forças e chegar ao poder” [42].
De fato, a opção feita por Marighella na ilha de Cuba ratificava um caminho que, desde 1961, já estava sendo trilhado por militantes de outras organizações – a exemplo da Polop, como já foi dito. A defesa da luta armada como única alternativa para o combate aos militares conseguiu ganhar ainda mais fôlego, em 1968, com o decreto do Ato Institucional nº 5, quando os movimentos sociais passaram a sofrer uma dura e constante repressão.
Após a Conferência de OLAS, Marighella fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN) e ajustou um acordo prático com as lideranças cubanas. A partir deste momento, Carlos Marighella se tornou a “menina dos olhos” de Cuba para a “exportação da revolução” no maior país do continente. Em termos práticos, o apoio de Cuba à luta armada no Brasil se restringiu ao treinamento guerrilheiro, e algumas vezes, à doação de dinheiro à ALN. Ainda em 1967, viajou para Cuba a primeira turma de adeptos da facção de Marighella que ali fez treinamento de luta guerrilheira. A primeira turma, chamada de I Exército da ALN, foi formada em setembro de 1967. Em 1968 e 1969, seguiram mais duas turmas para a Havana. A partir desta iniciativa da ALN, diversas outras organizações começaram a buscar treinamento em Cuba.
A respeito dos treinamentos realizados por grupos guerrilheiros na ilha de Cuba, Denise Rollemberg salientou que além de o treinamento não significar, na prática, uma preparação para a “revolução”, “retirava o militante do dia-a-dia da luta, de uma realidade que mudava muito rápido”. Assim, muitas vezes, “ao voltar, ele desconhecia a dinâmica do combate, as novidades da repressão e não havia tempo para adaptar-se” [43].
Entre os anos de 1967 e 1968, as ações guerrilheiras, especialmente, os assaltos a bancos se intensificaram. Entretanto, em meados de 1969, com a forte repressão, as ações dos grupos armados no Brasil tenderam a entrar em declive. Como destacou Jacob Gorender, muitas vezes o dinheiro obtido dos assaltos a bancos não compensava as despesas e outros problemas dele decorrente [44].
Como uma última cartada de implantar a revolução no Brasil, Cuba propôs o seguinte plano aos remanescentes da ALN: entrar no Brasil pelo rio Amazonas, com um barco levando cem combatentes cubanos bem treinados e armados. A idéia era se instalar na selva amazônica, em seguida, montar depósitos de armas, abrigos, recuos da guerrilha e, em uma fase posterior, começar as ações de guerrilha no campo. “Era a primeira vez que Cuba propunha a entrada de cubanos no Brasil para implantar a guerrilha” [45]. A ação, no entanto, não foi possível porque, com a morte de Marighella, muitos dos contatos que faziam parte dos esquemas se perderam.
Considerações Finais
O apoio de Cuba aos grupos revolucionários brasileiros – que se distanciaram das idéias do PCB e aderiram à luta armada – se deu não apenas no campo ideológico, mas se consolidou na prática, com o envio de guerrilheiros à ilha caribenha e, algumas vezes, ajuda financeira. Vale salientar que o apoio financeiro de Cuba aos grupos armados no Brasil, principalmente, o treinamento oferecido aos seus guerrilheiros, apesar de toda a precariedade, foi visto pelas forças de repressão no Brasil como um risco à ordem vigente.
Com pudemos observar ao longo do texto, o apoio de Cuba aos grupos armados no Brasil foi motivado por razões internas (para a consolidação e expansão da “revolução” no continente) e externas (firmar Cuba sobre o status de primeira nação da América Latina a se libertar do imperialismo norte-americano e adotar o socialismo como regime político). Talvez, no fundo, em meio aos conflitos da Guerra Fria no período, Cuba quisesse ter certa hegemonia ou liderança sobre os demais países da América Latina. É, portanto, como sugerimos no início do texto, tendo em mente as causas das disputas entre os EUA e a URSS e o impacto que elas trouxeram para a América Latina que se pode perceber mais claramente como se deu a formação dos movimentos revolucionários nessa região e o porquê de Cuba ter encontrado em diversos países latino-americanos, especialmente, no Brasil, terreno fértil para a “exportação” de seu modo de revolução.
Referências Bibliográficas
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AYERBE, Luis Fernando. A revolução cubana. São Paulo: Editora UNESP, 2004.
BIAGI, Orivaldo Leme. O Imaginário da Guerra Fria. Revista de História Regional, Paraná, vol. 6, n. 1, p. 61-111, 2001.
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Seis Interpretações sobre o Brasil. Revista de Ciências Sociais, IUPERJ, Campus, vol. 25, n. 3, 1982.
CABRERA, Guilhermo Infante. Vista do amanhecer no trópico. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
FERREIRA, André Lopes. Reforma agrária e revolução: Cuba e as Ligas Camponesas do Brasil nos anos 60. Revista Brasileira do Caribe, Brasília, vol. X, nº 19, jul/dez, 2009.
GORENDER, Jacob. Combate nas trevas, a esquerda brasileira: das ilusões perdidas à luta armada. 2.ed. São Paulo: Ática, 1987.
HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX – 1914-1991. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
PAGE, Joseph A. A revolução que nunca houve. Rio de Janeiro: Record, 1972.
REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.
RIDENTI, Marcelo. O fantasma da Revolução Brasileira. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1993.
ROLLEMBERG, Denise. O apoio de Cuba à luta armada no Brasil: o treinamento guerrilheiro. Rio de Janeiro: Mauad, 2001.
SALES, Jean Rodrigues. A Ação Libertadora Nacional, a revolução cubana e a luta armada no Brasil. Tempo, Rio de Janeiro, v. 14, p. 219-238, 2009.
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[1] Graduado em História pela Universidade Católica de Pernambuco. Mestrando em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Bolsista CNPq. Integrante do Grupo de Pesquisa “Poder e relações sociais no Norte e Nordeste” (CNPq). E-mail: rafaleferr@hotmail.com
[2] Graduada em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco. Pós-graduanda em História e Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco. E-mail: mirthys.silva@gmail.com
[3] De acordo com o historiador Orivaldo Leme Biagi, naquele contexto político, social e econômico, os norte-americanos precisavam “demonizar” o comunismo, sob o pretexto de que estavam defendendo a “democracia e liberdade”. Por isso, se criou no país uma idéia sobre a necessidade de se apoiar uma política externa mais “agressiva” em relação à URSS. BIAGI, Orivaldo Leme. O Imaginário da Guerra Fria. Revista de História Regional, Paraná, vol. 6, n. 1, p. 61-111, 2001. p.65.
[4] Para Ayerbe, o “projeto nacional-populista” advoga em favor da continuidade das estratégias de desenvolvimento nacional atribuindo à industrialização o eixo dinâmico e ao Estado o papel de protagonista principal na orientação dos rumos da economia. AYERBE, Luis Fernando. A revolução cubana. São Paulo: Editora UNESP, 2004. p.16.
[5] Ibid., p. 93.
[6] Ibid., p.17.
[7] ROLLEMBERG, Denise. O apoio de Cuba à luta armada no Brasil: o treinamento guerrilheiro. Rio de Janeiro: Mauad, 2001. p.18.
[8] HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX – 1914-1991. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.425.
[9] Ibid., p.425.
[10] CABRERA, Guilhermo Infante. Vista do amanhecer no trópico. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
[11] HOBSBAWM, op. cit., p.426.
[12] AYERBE, op. cit., p.29.
[13] HOBSBAWM, op. cit., p.426.
[14] Cuba só se integrou formalmente ao bloco socialista em 1972, quando se inclui no Council for Mutual Economic Assistance “Conselho para a Ajuda Econômica Mútua” (COMECON).
[15] HOBSBAWM, op. cit., p.427.
[16] GORENDER, Jacob. Combate nas trevas, a esquerda brasileira: das ilusões perdidas à luta armada. 2.ed. São Paulo: Ática, 1987. p.80.
[17] SALES, Jean Rodrigues. A Ação Libertadora Nacional, a revolução cubana e a luta armada no Brasil. Tempo, Rio de Janeiro, v. 14, p. 219-238, 2009.
[18] RIDENTI, Marcelo. O fantasma da Revolução Brasileira. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1993. p.25.
[19] REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007. p.152.
[20] A visão nacional-burguesa do PCB veio se opor ao que Bresse-Pereira chama de “interpretação hegemônica da vocação agrária do Brasil”. Segundo ele: “[...] para essa interpretação, o Brasil é o país essencialmente agrícola, é o país cheio de riquezas naturais e de cordialidade, mas tropical e mestiço, portanto inferior”. Ainda de acordo com o autor, segundo a interpretação da vocação agrária, “[...] o Brasil não é visto como um país subdesenvolvido, mas como um país rico e cheio de futuro, com uma vocação agrícola definitiva” BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Seis Interpretações sobre o Brasil. Revista de Ciências Sociais, IUPERJ, Campus, vol. 25, n. 3, 1982. p.272.
[21] RIDENTI, op. cit., p.27.
[22] Segundo Denise Rollemberg, essa “exportação da revolução cubana” não era visto com bons olhos pela URSS, muito embora, ela sempre estivesse ciente do apoio dado pelo governo cubano aos grupos revolucionários na América Latina. ROLLEMBERG, op. cit., p.17.
[23] ROLLEMBERG, op. cit., p.12-13.
[24] GORENDER, op. cit., p.81.
[25] ABREU E LIMA, Maria do Socorro de. Construindo o sindicalismo rural: lutas, partidos, projetos. Recife: Editora da UFPE, 2005. p.31.
[26] FERREIRA, André Lopes. Reforma agrária e revolução: Cuba e as Ligas Camponesas do Brasil nos anos 60. Revista Brasileira do Caribe, Brasília, vol. X, nº 19, jul/dez, 2009. p.176.
[27] PAGE, Joseph A. A revolução que nunca houve. Rio de Janeiro: Record, 1972. p.134.
[28] ABREU E LIMA, op. cit., p.33.
[29] ROLLEMBERG, op. cit., p.22.
[30] Ibid., p.24.
[31] Ibid., p.26.
[32] Ibid., p.28.
[33] Para muitos, a idéia da adesão de Brizola ao “foco guerrilheiro” deve ser vista com ressalvas, pois ela não teria a ver com uma mudança ideológica, mas, principalmente, devido às circunstâncias do momento.
[34] Ibid., p.30.
[35] Quatorze homens se instalaram na Serra de Caparaó, no Rio de Janeiro, em outubro de 1966, “[...] onde passaram cinco meses, isolados da população local e enfrentando todo tipo de dificuldades. Entre os guerrilheiros, cinco tinham treinamento em Cuba” (Ibid., p.34). O foco mais promissor do movimento encabeçado por Brizola caiu em abril de 1967, sem ter havido nenhum embate com as forças inimigas. Debilitados, os guerrilheiros acabaram sendo capturados pela Polícia Militar de Minas Gerais. Apesar de não oferecer perigos a ordem estabelecida pelos militares, segundo Denise Rollemberg, o Exercito teria mobilizado cerca de dez mim homens para enfrentá-los, o que de acordo com ela, significava a relevância dada pela direita ao treinamento guerrilheiro oferecido em e por Cuba.
[36] Ibid., p.36.
[37] GORENDER, op. cit., p.94-95.
[38] Vale salientar que, embora as divergências de Marighella em relação ao PCB tenham aumentado consideravelmente após a instauração da ditadura militar em abril de 1964, sua insatisfação pode ser percebida desde a renúncia de Jânio e, especialmente, após a divisão do partido, em 1962, com a formação do PC do B.
[39] SALES, op. cit., p.202.
[40] Ibid., p.203.
[41] Ibid., 206.
[42] Ibid., p.209.
[43] ROLLEMBERG, op. cit., p.35.
[44] GORENDER, op. cit., p.184.
[45] ROLLEMBERG, op. cit., p.40.
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abril
(172)
camarada bastante legal este artigo.Vou reproduzir no blog de solidariedade á Cuba (solidários).
ResponderExcluirVc sabe onde vc tirou ele?
Abraços