domingo, 3 de abril de 2011

Na Coroa de Aresta


Na coroa de arestas

Um morto ("Chê" Guevara?)

na primeira página dos jornais.
Não é nomeado diretamente no texto
(não se trata de um panfleto),
mas é indicado pelas alusões
aos pulmões abrasados por asmas",
à desconfiança dos camponeses,
a Las Higueras, à "velha condutora de cabras",
a um diário de campanha (Taguebusch) etc.
O artísta da práxis, polindo a sua vontade
como um diamante.
Segue um tríptico (à maneira de Andy Warhol)
dedicado a Marilyn Monroe,
vista aqui como uma suicída por náusea,
reagindo à "objetificação"
a que fora submetida,
uma tigresa a cavalo de um bidê fúnebre,
macabro triunfo de Vênus.
Nesse cenário de mortes dignificadas pela vontade (rigor)
e pela nausea (furor: um cansaço um cansaço um cansaço
e uma furia de cuspo frusco e saliva ensarilhada",
passa uma bala perdida: drop dead para a mira de um fuzil de dallas".
Kennedy, a morte à americana (morto involutário),
abatido por uma conspiração não suficientemente esclarescida),
morte mafiosa à medida do establishment, que sabe guardar as aparências.






Haroldo de Campos
Livro de viagem
poeta brasileiro

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Manoel Messias Pereira

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