sábado, 9 de abril de 2011

A pedra-pomes

Por que a pedra-pomes sobre a pia,
ó mãe, por que aquele gesto,
o cabelo afastado do rosto
a mão esquerda no avental,
o olhar através do vitrô translúcido

-a respiração que eu quase senti ter-

E eu vi, ó mãe, a pedra-pomes pousada
e a tua mão crispada no avental
eu vi teus lábios mordendo uma palavra
a teus olhos translúcidos
através do vitrô quebrado

E a pedra-pomes deixada, por que ali,
pedra largada sobre a pia, ó mãe,
por que a pedra-pomes sobre a pia?





Augusto Bicalho
(As paredes caiadas)

São Paulo-SP

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Manoel Messias Pereira

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