quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Casa de Oxumarê é o sexto terreiro tombado pelo Iphan em Salvador

Òxumarê



Casa de Oxumarê é o sexto terreiro tombado pelo Iphan em Salvador


O terreiro Ylê Axé Oxumarê, localizado no bairro da Federação, em Salvador, um dos mais antigos centros de culto afro-brasileiro do Brasil, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), nesta quarta-feira (15), dia de Xangô. Estiveram presentes na cerimônia o governador Jaques Wagner, a primeira-dama do Estado, Fátima Mendonça, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, e outros convidados e autoridades.

Para o governador, é difícil mensurar a importância do tombamento de um terreiro como o Casa de Oxumarê, que reúne pessoas dedicadas à manutenção da religião africana, que durante muito tempo foram perseguidas pela polícia e pelo Estado brasileiro, “e agora tem este reconhecimento do Iphan e do Ministério da Cultura, que tornam esta casa um patrimônio histórico do Brasil. Para a Bahia é algo grandioso”.

O Babá Pecê do terreiro, Silvanilton Encarnação da Mata, avalia ser importante que a iniciativa incentive o tombamento de outros espaços religiosos, os quais também precisam preservar a sua cultura e história. “Para nós, é uma tranquilidade porque podemos perceber a importância deste local escolhido pelos orixás, de onde emana muita energia e que já foi de muita resistência para o povo negro. Nossos ancestrais lutaram e sofreram muito, mas tenho certeza que hoje eles estão felizes com este reconhecimento e a preservação deste espaço”.

Segundo a ministra Marta Suplicy, o tombamento é um processo complexo. “Este terreiro é algo que vai além da religião, faz parte da história do Brasil, é um lugar de resistência da cultura afrobrasileira”. O Ylê Axé Oxumarê é um dos sete terreiros já tombados no Brasil, dos quais seis estão na Bahia - Casa Branca, Ilê Axé Opô Afonjá, Gantois, Alaketu e Bate-folha – e um em São Luís do Maranhão, o Casa das Minas Jejê.
Legado ancestral
O Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó, conhecido como Casa de Òsùmàrè, foi fundado há 180 anos e há 110 está localizado na Federação, sendo um dos mais antigos e tradicionais terreiros de candomblé da Bahia. Ao longo de sua história, contribuiu de modo significativo para preservar e difundir a cultura africana no Brasil.

Guardiã e detentora de tradição milenar, a casa perpetua o legado ancestral do culto aos Òrìsà, lançando as sementes do que hoje representa o candomblé para o país e o mundo. Faz parte do panteão das casas matrizes responsáveis pela construção da religiosidade afro-brasileira.

A história da Casa de Òsùmàrè remete à formação do candomblé no Brasil. Sua origem remonta ao início do século 19 e foi marcada pela luta e resistência de africanos escravizados que, obrigados a abandonarem suas terras e laços familiares, não renunciaram a sua cultura e fé.

Em 15 de abril de 2002, a Fundação Cultural Palmares reconheceu a Casa de Òsùmàrè como território cultural afro-brasileiro, atestando sua permanente contribuição pela preservação da história dos povos africanos no Brasil. Dois anos depois, em 15 de dezembro de 2004, foi registrado em livro de tombo do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) como patrimônio material e imaterial do Estado.


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Manoel Messias Pereira

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