sábado, 28 de maio de 2011

O "velhinho"

quando se vive muito
a morte pouco leva

não que não leve tudo
que na memória pese

assim como o que leve
apesar do que pede

a pesar bens e males
a embale e enleve

quando se vive muito
resta pouco do corpo

ossos feitos de poros
a carne de secura

pouco resta do corpo
mas de memória exsuda

porém mesmo a memória
é carne que recorda

(em suma: traz ao cor
ao coração retoma

a cor que tinha outrora
o mundo morto agora)

leve o corpo, a memória
enfim, perde seu peso

por isso há de interrá-los
sob bons sete palmos

para que não levitem
folhas secas ao vento.





Luis Dolhikoff




poeta nascido em São Paulo
cursou letras e medicina na USP

mora em Santa Catarina -Brasil

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Manoel Messias Pereira

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