segunda-feira, 14 de novembro de 2011

PCB e UJC homenageam hoje Alfonso Cano







PCB - Dia 14 de novembro, segunda-feira, às 18:30 horas, na rua da Lapa, 180, grupo 801, Lapa (Sede Nacional do PCB).



Exibição do filme:

"FARC-EP - A insurgência do século XXI"

(A câmara na selva)

O conflito armado do ponto de vista da rebeldia colombiana (*)

(*) – vide a sinopse do filme em seguida

Local: Rua da Lapa, 180 – grupo 801 – Lapa

Sede nacional do PCB - Rio de Janeiro

Promoção:

Partido Comunista Brasileiro

União da Juventude Comunista

A câmera na selva

Sobre o documentário FARC-EP: a insurgência do século XXI

Florencia Torres Freeman, para o Rebelión.

Enquanto os Estados Unidos lançam sua Quarta Frota e instalam sete novas bases militares na Colômbia, em diferentes países da América Latina acaba de estrear simultaneamente o filme FARC-EP, a insurgência do século XXI, documentário de longa metragem que narra o conflito armado do ponto de vista da guerrilha bolivariana.

No século XXI a insurgência é apenas uma lembrança do passado? Acabaram as ideologias? Os revolucionários se converteram em delinquentes, narcotraficantes, bandoleiros, terroristas?

Os grandes monopólios da (in)comunicação insistem numa mensagem velha, gasta e única: a insurgência colombiana não tem ideologia, formação cultural nem projeto político. Seu coração mercenário bateria no ritmo frenético e louco da coca. O antigo e tenebroso "ouro de Moscou" teria sido substituído pelas maletas repletas de dólares e euros, provenientes do narcotráfico. Indígenas massacrados, mulheres violadas, jovens maltratados. Nas telas de TV o movimento guerrilheiro se converteu em um monstro muito mais temível que Satã, Lúcifer, Luzbel e os piores demônios medievais.

O velho e barbudo Karl Marx começou seu célebre Manifesto Comunista afirmando que "Um fantasma corre a Europa: o espectro do comunismo. Contra este espectro se conjuraram numa santa matilha todas as potências da velha Europa... Não há um único partido de oposição que os adversários governantes não acusem de comunista". Se substituirmos "comunismo" por "FARC-EP" (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo), hoje o fantasma continua perambulando por aí. Que movimento social radicalizado da América Latina não foi estigmatizado e acusado de simpatizar com as FARC? Hoje em dia, a CIA, o FBI, o DEA e outros organismos "democráticos" vivem distribuindo a acusação de "colaborador das FARC" a qualquer um que tente, pareça ou aspire a ser um dissidente radical.

A obra As bruxas de Salem, de Arthur Miller, parece ter sido escrita ontem. O macartismo se mantém arrogante e provocador. Toda dissidência, em qualquer parte do mundo, cheira a guerrilha bolivariana. Vivemos um controle do pensamento que faria empalidecer os presságios mais sombrios das estórias de 1984, Um mundo feliz e Fahrenheit 451, ou dos filmes Brazil, Matrix e até o mais recente Setor 9.

Desde os mega-noticiários de TV até a ficção de Hollywood, passando pelas toneladas de papel manchado de tinta dos grandes empórios jornalísticos, hoje todos batem na mesma tecla. Inclusive os principais presidentes da América Latina devem discutir com Uribe, servil ventríloquo local do grande amo imperial, tomando como eixo o rechaço ou a indiferença frente às FARC-EP. Nem UNASUR nem a OEA têm escapado destes debates.

Nesse contexto global, onde o fim da guerra fria não tem permitido que se baixe um grau sequer à temperatura da guerra psicológica contra as rebeliões armadas contemporâneas, o que pensam realmente as FARC-EP? Possuem um plano? Têm ideologia? Mantêm sob força e ameaça as suas dezenas de milhares de jovens combatentes? Como vêem o futuro da América Latina?

O longa-metragem FARC-EP: a insurgência do século XXI tenta responder estas perguntas, submetendo à discussão a propaganda barroca e macartista promovida a partir dos EUA. A equipe de cinema «Glauber Rocha», formada por cinegrafistas de diversos países da América Latina e da Europa, se internou na selva, percorreu as cordilheiras e as montanhas, mostrando de dentro, como nunca antes se viu, a vida cotidiana nos acampamentos das FARC-EP. O documentário, que dura quase duas horas, contém entrevistas com os principais comandantes guerrilheiros do secretariado das FARC-EP e numerosos testemunhos de combatentes de base, camponeses e jovens urbanos do Partido Comunista Clandestino da Colômbia (PCCC), incluindo sequências sobre o papel fundamental das mulheres na luta guerrilheira, os indígenas e povos originários, o problema do narcotráfico, o para-militarismo, os prisioneiros de guerra, as novas bases militares estadunidenses e a violação sistemática dos direitos humanos por parte do terrorismo de Estado na pátria do líder independentista Simón Bolívar.

A estrutura formal do documentário constitui uma imensa colagem, onde aparecem reconstruídos desde as matanças da empresa bananeira UNITED FRUIT em 1928, o assassinato do dirigente popular Eliécer Gaytan em abril de 1948 e a fundação das FARC-EP, até a captura de militares estadunidenses na selva colombiana, o caso recente de Ingrid Betancourt e as declarações dos principais referentes paramilitares (aliados de Uribe) que confessam ter recebido dinheiro das empresas bananeiras para assassinar guerrilheiros e massacrar a população civil.

Nesse mosaico que não deixa nada ou quase nada de fora, são retratados pela primeira vez na história (até onde temos notícias) os cursos de formação, políticos, ideológicos e militares, dos combatentes comuns das FARC-EP e também de suas forças especiais. Em meio à selva, aos rios, às árvores imensas e aos animais aparecem bibliotecas, grupos de leitura, quadros-negros e muita, mas muita gente jovem estudando. Quem assistir a alguma projeção deste filme (até agora projetado em circuitos underground, será ele projetado nas grandes salas?) não poderá deixar de recordar das cenas daquelas paisagens da guerra revolucionária esculpidas e retratadas em outra época pela excelente escrita de Ernesto Che Guevara, um dos inspiradores da ideologia das FARC-EP junto a seu legendário comandante e fundador Manuel Marulanda Vélez, recentemente falecido. Mas as cenas e entrevistas retratadas neste filme não pertencem aos nostálgicos anos sessenta, tão louvados e tão esgarçados, e sim... ao século XXI.

Como em Cuba, Nicarágua e El Salvador, como na Argélia e, sobretudo, no Vietnã, hoje a Colômbia vive uma guerra civil. Este filme mostra o que jamais aparece na CNN e em outras usinas do poder: o conflito armado do ponto de vista da rebeldia bolivariana. Não passará despercebido.

FICHA TÉCNICA (com algumas homenagens...!

Roteiro e direção / Script and Direction: Diego Rivera

Montagem / Editing: Alejo Carpentier

Câmeras / Cameras: Diego Rivera, Tina Modotti y César Vallejo

Fotografia / Cinematography: Frida Kahlo

Produção / Production: Grupo de cinema «Glauber Rocha»

Pós-produção / Post-production: Julius Fucik e André Gunder Frank

Música / Music: Banda de sonido de las FARC-EP / Songs of FARC-EP

Pesquisa jornalística / Journalistic Research: Roque Dalton

Assessoria historiográfica / Historical Consultant: Ruy Mauro Marini

Agradecimentos / Thanks: Frida Kahlo, Ulrike Meinhof e Vladimir Maiacovsky

112 minutos / minutos - 2009

(tradução de Rodrigo Fonseca)

Obs: filme legendado em português por pelo jornal Inverta.


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Manoel Messias Pereira

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