sábado, 4 de fevereiro de 2012





4 de Fevereiro: Históricos de Angola respeitam mas questionam data



O 4 de Fevereiro é um marco essencial na história recente de Angola e é por muitos, mas sem consenso, apontado como o tiro de partida para a luta armada pela independência do país iniciada em 1961.



Nos vários quadrantes políticos em Angola não se retira importância a esta data, mas nem todos a encaram como a linha definitiva a partir da qual o regime colonial começou a ser militarmente combatido até à independência do país, a 11 de Novembro de 1975.



Arlindo Barbeitos, poeta e politicamente próximo do MPLA, partido no poder em Angola desde 1979, que reivindica o feito histórico, admite que o 4 de Fevereiro é uma “data transversal” e a “mais consensual” porque o MPLA é o "maior e mais importante" partido da sociedade angolana.



“Mas não é a única data importante no contexto da luta contra o regime colonial”, admite Arlindo Barbeitos, que sublinha terem havido outros “momentos decisivos” embora “ainda mal estudados”, essencialmente porque a guerra, primeiro a colonial, de 1961 a 1974, e depois a civil, de 1975 a 2002, “não o permitiu”.



O poeta e professor universitário não exclui datas como o 15 de Março do mesmo ano, quando uma revolta popular gerida pela UPA (União dos Povos de Angola), “cruel mas com um regime colonial violento como pano de fundo”, teve um papel decisivo.



No mesmo sentido aponta o 4 de Janeiro, na denominada revolta da Baixa de Cassange, nos campos de algodão da colonialista Cotonang, que levou a uma violenta resposta do exército colonial.



Aponta o 4 de Fevereiro como estando “mais directamente” ligado ao MPLA, porque este é o partido “largamente mais enraizado” no tecido social do país e que, “logo no início teve um projecto nacional, ao passo que os outros movimentos tiveram uma abrangência mais regional”.



Já para a UNITA, o maior partido da oposição, o 4 de Fevereiro é, como admite Alcides Sakala, escritor e dirigente histórico deste partido, “uma data importante” para Angola, “mas não pode ser considerada a única com peso histórico nem sequer mais importante que outras”.



Sakala aponta os exemplos do 15 de Março ou ainda o 25 de Dezembro de 1966, data do primeiro ataque a uma guarnição militar portuguesa organizado pela UNITA, defendendo que, “ao contrário do que pretende o MPLA – impor esta data como início oficial da luta armada – não existe um consenso claro”.



“E isso devia ser mais cuidado quando o país ainda procura concluir o processo de reconciliação nacional”, adverte Alcides Sakala.



“A fractura da partida para a luta armada (com três movimentos, MPLA, FNLA e UNITA) continua agora com o mesmo problema porque um partido se recusa a procurar uma data consensual”, defende.



Ngola Kabango, dirigente de primeira hora da UPA e, depois, da FNLA, entende que o 4 de Fevereiro marca o início de uma revolta patriótica em Luanda, “mas não o início da luta armada”.



“A data que marca o início da luta armada é o 15 de Março”, refere Kabango, justificando que a acção popular no norte de Angola foi "mais abrangente"







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Manoel Messias Pereira

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