quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A Geofísica da USP



Beatriz Amendola, do USP Online – beatriz.amendola@usp.br

Para divulgar a geofísica e torná-la mais próxima da sociedade, o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosférica (IAG) da USP mantém desde 1999 o Espaço Geofísica, situado atualmente no Parque de Ciência e Tecnologia (Cientec) da USP. No local são promovidas atividades que se propõem a mostrar como funcionam as “engrenagens da Terra”, voltadas principalmente para estudantes a partir do quinto ano do ensino fundamental.


Sismógrafo é utizado para demonstrar conceitos relacionados a geofísicaO Espaço possui aparelhos reais utilizados no exercício da geofísica, como um sismógrafo (instrumento que sente e registra tremores) e um magnetômetro (que mede a intensidade, sentido e direção de campos magnéticos). A geofísica teve seu início com a teoria da deriva continental, em 1912. “Apesar dos alunos estudarem conceitos de geofísica, como tectônica de placas e divisão da terra em crosta, manto e núcleo, eles não sabem como eles foram obtidos”, afirma o professor Ailton Bassini, responsável pelo local.

“Como é que a gente sabe qual a constituição da terra, que tipo de rocha, qual a densidade, qual a pressão, qual a temperatura? Tudo isso sai da geofísica” acrescenta Bassini. O roteiro da visita, que dura em média uma hora e meia, tenta fornecer algumas noções básicas da ciência por meio de uma palestra acompanhada por slides e filmes didáticos. Fenômenos recentes e de grandes proporções também são comentados, a exemplo do tsunami ocorrido na Indonésia ao final de 2004, sobre o qual Bassini fez um filme de nove minutos. “Posso dar uma aula de geofísica ao mostrar cenas do terremoto que aconteceu, as consequências, os danos, o que se pode fazer a respeito”, diz.

Durante a explicação, ainda se tenta trazer para os alunos a dimensão de fenômenos geofísicos, a partir da comparação com outros elementos palpáveis. Bassini conta que, para exemplificar o que seria a magnitude de um terremoto, ele costuma fazer uma comparação com a usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo. “A energia liberada por um terremoto de escala nove é mais ou menos a mesma que Itaipu produziria trabalhando quatro anos e meio”, afirma.


Desmitificação
Para o professor, a aula do Espaço Geofísica é importante para desmitificar algumas noções errôneas que os alunos carregam consigo, como a de que no Brasil não existem terremotos. “Eu faço uma pesquisa e, ainda hoje, 98% dos alunos respondem ‘não’ quando eu pergunto se há sismos no Brasil”. Como forma de corrigir isso, o docente costuma mostrar um grande mapa do Brasil, no qual há pequenos círculos indicando os locais em que acontecem tremores, e chamar a atenção para quatro ou cinco casos em particular, como o de João Câmara, cidade do Rio Grande Norte em que foram registrados 12 mil tremores em apenas quatro meses durante o ano de 1986. “ É preciso saber que há uma atividade física importante no País”, diz.

Além disso, as perspectivas do geofísico no mercado de trabalho, pouco conhecidas, também são reveladas na apresentação. Com o apoio dos slides e de pôsteres temáticos, são explicadas as formas de atuação em vários nichos específicos da geofísica, como geoelétrica, geotermia e prospecção de petróleo. “Geoelétrica, por exemplo, como funciona? Pode ser aplicada na contaminação dos lençóis freáticos. Pode-se, por métodos elétricos, determinar como é a contaminação, ou seja, qual a sua superfície e profundidade”, explica Bassini.

Por meio do projeto Ciência Móvel, do Parque Cientec, o Espaço Geofísica também consegue chegar a outras cidades do estado e até mesmo do Brasil. Este ano, já foram atendidas escolas em cidades como Lorena (SP), Franco da Rocha (SP), São Vicente (SP) e Caxambu (MG), entre outras.

Nas visitas, uma grande parte dos equipamentos encontrados no Espaço também é levada para ser exposta aos alunos. “Eu levo sismógrafo, sensor, GPS – todos os equipamentos pequenos que eu possa levar numa caixa. E os pôsteres temáticos também”, diz Bassini. Segundo ele, as atividades e seus objetivos permanecem os mesmos. Mas a grande diferença está no tempo e no número de alunos atendidos: as aulas duram apenas entre 40 e 50 minutos e, num dia inteiro, mais de mil estudantes chegam a ser atendidos.

As visitas ao Parque Cientec ocorrem de terça a sexta-feira e devem ser agendadas previamente pelo telefone (11) 5077-6312. O endereço é Av. Miguel Stéfano, 4200, Água Funda, São Paulo. Outras informações podem ser encontradas no site www.parquecientec.usp.br.

Mais informações: (11) 5077-6312, com Ailton Bassini


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Manoel Messias Pereira

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