domingo, 8 de maio de 2011

Desedificação

Dificil edifício. Sacrifício
do princípio de tudo. Parricídio.
Origem de todas mitologias
desumanas. Altar de ervas daninhas.
Habitação dos deuses destronados
enchando de vazio o ar dos espaços.
Construção do silêncio sonolento
Sonho. Lento roçar da asa do tempo.
Pedaços de paredes. Cumieiras
paradas esperando o vão das pedras.
Ossos dispostos em arquitetura
de ossatura matemática muda.
Plantação provisória da estação
florescendo em morbidez temporã.
Restos voltando ao chão. Eternamente
o pó virando barro. A lama. Sempre.
Gravação da memória. Cemitério
fundando a infertilização no esterco.
Enterro do momento que durar
mais que o nada. Pesada pá de cal
Terra. Mãe dos desejos reprimidos
A morada dos mortos e dos vivos.




Marcos de Carvalho

Trabalho vencedor I Concurso Escrita de Poesia
livro - Letra Morta
Ano 1976

São Paulo-SP

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Manoel Messias Pereira

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