Gazprom expande presença na Bolívia
Tags: exploração, Gazprom, gás, Bolívia, petróleo, Rússia,
Oleg Nekhai
Moscou
RIA Novosti
A companhia russa Gazprom foi autorizada pelo governo da Bolívia a participar na exploração de duas províncias gasíferas com reservas estimadas em quase 175 bilhões de metros cúbicos de gás. A extração deverá começar em 2017.
A Gazprom já há muito deixou de ser uma empresa gasífera que se ocupa apenas de prospeção, produção e transporte de gás. Hoje em dia, é uma companhia energética global, que tem negócios de petróleo, gás e energia em todo o mundo, assinala o diretor do Instituto de Energia Nacional, Serguei Pravosudov:
"A Gazprom proclamou a estratégia de transformação em companhia global para independer de um só mercado, que hoje em dia é o europeu. Porque os volumes de suas exportações para a Ásia são relativamente pequenos. Da ilha Sacalina, no âmbito do projeto Sakhalin 2, eles (a Gazprom) exportam dez milhões de toneladas de gás natural liquefeito (GNL) para o Japão e a República da Coreia, e um pouco para a China. O principal mercado de destino das exportações é o europeu. Por isso, eles vêm comprando licenças em outros países com o objetivo de diversificar seu portfólio, para trabalhar em todo o mundo. Se um mercado entrar em situação de declínio, poderão obter lucros em outros mercados, se calhar, mesmo na América Latina. A empresa está canalizando esforços para diversificar os mercados."
O governo boliviano durante vários anos estava examinando a questão sobre a eventual participação da Gazprom nestes dois projetos. O consórcio russo teria podido renunciar a essa opção, mas não o fez, ao mesmo tempo que enfrentava muitos desafios de suma complexidade, inclusive a exploração de jazidas na plataforma continental ártica e a implementação do programa asiático, entre outros. Portanto, trás as decisões tomadas pela Gazprom, o perito divisa não só o sentido pragmático:
"Não é segredo que o bloco de ações de controle da Gazprom pertence ao Estado. Entretanto, a América Latina é uma das prioridades da direção russa. A Venezuela, por exemplo, e a Bolívia são os países amigos, têm relações de apoio recíproco, regimes políticos amigáveis. Portanto, o reforçar as posições nestes países é o reforçar as posições da Rússia na América Latina em geral, reforçá-las por intermédio do negócio e as empresas."
Para a Gazprom, os referidos projetos não são os primeiros na Bolívia. A empresa já tem contratos para obras de prospecção geológica em três blocos a sudeste do país, cujas reservas constituem até 300 bilhões de metros cúbicos de gás. A Bolívia ocupa a terceira colocação no ranking latino-americano de reservas do gás natural. O volume geral do gás, incluindo reservas prováveis, é estimado em 1,5 trilhões de metros cúbicos. O país encontra-se no centro da América do Sul, o que possibilita distintas variantes de transporte do hidrocarboneto, comenta o analista do Fundo de Segurança Energética Nacional, Alexander Pasechnik:
"Se se trata de transporte no interior do continente, o meio mais rentável é o gasoduto. Não há outra alternativa. Enquanto no litoral, claro está, deve ser o GNL. Se um país está situado na costa, como, por exemplo, o Chile, nesse caso é mais vantajoso construir terminais de desliquefação. Mas os países localizados no interior do continente não poderão prescindir da rede de gasodutos."
Pelas estimativas de especialistas, a demanda por gás irá crescer nos países da América Latina. Provavelmente, entre os consumidores do gás proveniente de novas jazidas bolivianas estarão a Argentina e o Brasil, que em 2011 compraram na Bolívia, respectivamente, 9,7 e 3,6 bilhões de metros cúbicos de gás. Portanto, não se pode excluir que a Gazprom participe também na realização de projetos de construção de gasodutos. Mas antes de mais nada é preciso extrair o gás.
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