Religião
Uneal promove segunda edição do 'Xangô Rezado Alto' nesta quinta
Divulgação
“Xangô Rezado Alto”
A Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) promoveu, pelo segundo ano consecutivo, na quinta-feira (21), o “Xangô rezado Alto”, evento que lembra o episódio conhecido como Quebra de Xangô, um ato de violência praticado na madrugada do dia 1º para o dia dois de fevereiro de 1912 contra as casas de culto afro-brasileiras de Maceió, que se estendeu também pelo interior de Alagoas.
Naquele dia, babalorixás e yalorixás tiveram seus terreiros invadidos por uma milícia armada, denominada Liga dos Republicanos Combatentes, seguida por uma multidão enfurecida, assistiram a retirada à força dos templos de seus paramentos e objetos de culto sagrados, que foram expostos e queimados em praça pública, numa demonstração flagrante de preconceito e intolerância religiosa, para com as nossas manifestações culturais de matriz africana.
Por isso, a Uneal realizará mais uma edição do projeto, com a finalidade de recuperar esse passado que reivindica da população alagoana e dos poderes públicos constituídos, atenção e compromisso para com as causas das populações afrodescendentes.
Este ano o projeto, que conta com o apoio da Fundação Municipal de Ação Cultural de Maceió, iniciará suas ações, a partir das 15 horas, com um Cortejo Cultural e Religioso, reunindo as casas de matriz africana. A saída em direção à Praça Visconde de Sinimbu, também no Centro de Maceió, está prevista para às 16 horas.
O cortejo seguirá até a Praça Visconde de Sinimbu, também no Centro de Maceió, onde haverá o lançamento do 2º Prêmio de Incentivo Cultural para Comunidades de Terreiros, além do 1º Encontro da Juventude de Comunidades de Terreiro, que acontecerá em Arapiraca (AL), na sede da Uneal, em data a ser divulgada.
De acordo com o reitor da Uneal, prof. Jairo campos, a mudança na data do evento, para o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, aconteceu por questões administrativas e pela proximidade com as prévias carnavalescas, “o que tiraria o foco do evento e, em comum acordo com os religiosos, decidimos transferir a celebração da memória do ‘Quebra’ para o dia 21 de março, que é outra data significativa e contextualizada com o projeto Xangô Rezado Alto", explicou.
Em 2012, o ano do centenário do 'Quebra', o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, assinou um pedido oficial de perdão do Governo de Alagoas às comunidades de terreiros e a todo o povo de Alagoas pelas atrocidades cometidas em 1º de fevereiro de 1912.
Jorge Riba
Já na Praça Visconde de Sinimbu, acontecerão apresentações culturais, após as solenidades. Além de grupos de afoxé de Alagoas e Pernambuco, o cantor, compositor, músico, arte educador, produtor cultural e principalmente amante do samba e das artes, Jorge Riba, também se apresentará, a partir das 21h30.
Jorge Riba é recifense criado no Morro da Conceição no bairro Casa Amarela e nas praias de Rio Doce, em Olinda, filho de Ogum e Yemanjá. O artista tem mais de 20 anos de carreira, dedicados ao desenvolvimento e reconhecimento da cultura afrodescendente no estado de Pernambuco.
Sócio fundador dos primeiros afoxés de recife ainda na década de 1970, sendo um dos primeiros compositores de musicas para essas agremiações. Incentivador da criação de diversos blocos afros durante as décadas de 1980 e 1990, sendo idealizador de um bloco afro que congregava os outros em uma só saída no início dos desfiles do carnaval de 1994.
Assim sendo, “Seu Riba”, como é carinhosamente chamado pelos amigos, segue a trilha aberta por grandes nomes do samba tais como; Donga, João da Baiana, Noel Rosa, Nelson Cavaquinho, Clara Nunes, Gilson de Souza e defendida hoje em dia por Dona Ivone Lara, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho, Almir Guineto, entre tantos outros. Sempre consciente de que, o trabalho só é valido se o produto final servir a todos.
Bongar
O Bongar é composto por seis jovens integrantes do terreiro Xambá do Quilombo do Portão do Gelo, em Olinda. O grupo foi fundado em 2001, com o propósito de levar aos palcos a tradicional festa do Coco da Xambá, que se realiza na comunidade há mais de 40 anos, no dia 29 de junho. O grupo Bongar tem um trabalho voltado para preservação e divulgação da cultura pernambucana. A formação musical dos integrantes tem origem no universo popular, especificamente da comunidade religiosa Xambá.
O Bongar mostra em suas apresentações toda a musicalidade do Coco da Xambá, uma vertente desse ritmo tão presente no Nordeste do Brasil, além de ciranda, maracatu, candomblé, entre outros ritmos da cultura de raízes. O Bongar também realiza oficinas de percussão e dança popular, confecção de instrumentos, aulas-espetáculos e palestras.
O público, através do show do Bongar, terá a oportunidade de conhecer, não só a música e a dança deste coco tão peculiar, mas compreender a formação histórica e cultural desta Nação. O Bongar tem uma musicalidade muito forte de diversas influências musicais, vivenciadas nos cultos afro-brasileiros, principalmente da linhagem Xambá. Os integrantes do grupo herdaram toda essa musicalidade desde a infância, ouvindo os mais velhos e aprendendo com eles os toques, as loas e as danças, durante as festas da Casa Xambá.
Programação do Dia 21 de março
14h - Concentração na Praça Dom Pedro II
15h - Saída do cortejo em direção à Praça Visconde de Sinimbú
16h - Chegada à Praça Visconde de Sinimbú
16h30- Solenidade oficial
Apresentações artísticas
17h - Afoxé Ofá Omim
17h30 - Apresentação artística do Projeto Inaê
18h - Gifá Lomim
18h30 - Coletivo AfroCaeté
19h - Afoxé Odô Iyá
20h - Grupo de Coco Bongar (PE)
20h45 - Acorte de Airá
21h30 - Jorge Riba (PE)
Informações: (82) 3315-7892 / 9971-4281 / 8882-9785
projetoxango@gmail.com
xangorezadoalto.blogspot.com.br
uneal.edu.br
Fonte: UNEAL
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