ANL

Poucos escrevem e falam sobre a Aliança Nacional Libertadora, fundada em 1935 e que significou um marco importante para o pensamento e a construção de um novo olhar sobre o Brasil.

O Partido Comunista Brasileiro apoio ativamente a ANL, Luis Carlos Prestes, que foi o comandante da Coluna Prestes de 1924 e 1925, e que em 1934 tinha tornado, membro do Partido Comunista Brasileiro, foi feito presidente da ANL. Era um cidadão de enorme prestígio junto a classe média brasileira, por causa dos seus feitos como comandantes da Coluna. E isto com certeza atraiu muita gente para ANL.

Parte da classe média e os sindicatos estavam pela primeira vez se unindo para apoiar um programa de mudanças radicais no Brasil. E até maio de 1935, já havia em todo o Brasil mais de 1600 sedes da ANL. E até já ouvia a frase "Todo o Poder à Aliança Nacional Libertadora".

O Programa de lutas da ANL queria para o Brasil:

a) Um governo popular

b)liberdade garantida para o povo

c)a Negação do pagamento da dívida externa, pois essa dívida já havia sido paga pelos lucros que estes países já haviam carregado daqui.

d)a distribuição das terras dos latifundiários, para os trabalhadores rurais

e) A nacionalização das empresas estrageiras no Brasil

Até mesmo alguns elementos da burguesia nacional, que eram contra os latifundiários e as empresas estrangeiras chegavam a apoiar a ANL.

Por outro lado os políticos conservadores e de ideologia capitalista, se apavoraram e em abril de 1935, o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado) aprovou a Lei de Segurança Nacional, que dava poderes ao governo pra reprimir o que eles consideravam idéias subversivas. A Lei também proibia as greves de funcionários públicos e de empregados em empresas de serviços públicos e do setor de abastecimento. Além da propaganda de idéias que desse a entender que havia interesses opostos entre as classes sociais passava a ser considerada crime.

O texto da Lei era vago, e dava poderes ao governo para agir quase como quisesse. Com isto o governo fechou a recém fundada Confederação Unitária Sindical.

E a ANL, continuou sua ação até junho de 1935, até ser fechada pelo governo. A polícia invadiu a sede e confiscou todos os documentos. E o Partido Comunista achava que essa era a hora pra começar um processo de revolta armada, já que o caminho eleitoral estava fechado para as mudanças. Os comunistas tinham uma boa penetração entre os militares, embroa membros da ANL e do próprio partido achassem que não era possível, mas prevaleceu a maioria e o PCB, preparou a Insurreição Armada, e assim militares de Natal e Recife iniciaram a revolta antes do dia marcada e foram seguidos por dois quarteis do Rio de Janeiro e foram facilmente dominados pelas tropas leais ao governo.

Com essa falha na tentativa de revolução, o governo passou a ter pretextos para mandar a policia reprimir toda tentativa de organização popular. E a repressão caiu sobre o Movimento dos operários. E assim aumentaram o poder do governo, fecharam-se sindicatos, prenderam lideres sindicais, além da prisão de qualquer político suspeito, seja civil e militar. E foram milhares de presos, sendo que um velho navio foi transformado em presídio ancorado à vista de toda a população. Quase toda a direção do PCB foi presa. E reunião de sindicato só acontecia com a presença da polícia. Foi o fim do sindicalismo livre, embora constitucionalmente havia a garantia da liberdade. E em seguida vimos Getúlio Vargas preparar o Golpe do Estado Novo. E Getúlio que não podia ser candidato, pela legislação brasileira, tornou -se o Ditador. E começa a idéia que Getulio estava salvando o Brasil da desordem e dos comunistas.

Esse é um espaço pra reflexão, sobre um pouco da nossa história, e sobre a nossa liberdade, tão bem vigiada e continuamente colocada como cabrestos, em todos os brasileiros.

Manoel Messias Pereira

professor de História.