terça-feira, 5 de março de 2013

Educação Libertária, exemplaridade e ação direta




Educação libertária, exemplaridade e ação direta em O Libertário - Parte 1

por Cláudia Tolentino Gonçalves

Sobre a autora [1]

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Introdução:

A intenção deste artigo é problematizar três temáticas abordadas no jornal anarquista O Libertário[2]: (1) a importância de determinados valores ético-políticos na condução da educação libertária, (2) a promoção de homens exemplares cuja conduta se ajusta aos pressupostos anarquistas e (3) a importância dos sindicatos de ação direta em contraposição ao sindicalismo pelego. Todos estes elementos buscam fortificar o propósito deste anarquista de convencer os leitores sobre a validade das propostas políticas anarquistas. Para prosseguir com este intuito, questionaremos alguns elementos presentes nos escritos do jornal, tais como a "heroicização" de homens cuja conduta se afina à anarquia, a deslegitimação da ação comunista e a crítica ao peleguismo, não sem antes fazer alguns apontamentos sobre os atribulados anos 60 no Brasil.

A euforia dos Anos 60 e a atuação anarquista

No início da década de 1960, o Brasil foi marcado por intensas mobilizações sociais e políticas de caráter reformista. Organizações da sociedade civil como a União Nacional dos Estudantes (UNE), Sindicatos e Ligas Camponesas; instituições como os partidos políticos e o parlamento; artistas e intelectuais, envolvidos por um clima de efervescência, todos estes setores desenvolveram diferentes propostas políticas econômicas e sociais para o país. Apesar das profundas contradições sociais e econômicas presentes no cotidiano dos cidadãos brasileiros, a palavra renovar estava na ordem do dia. A crença na mudança contagiava diferentes segmentos da sociedade brasileira: era tempo de "cultivar utopias, um tempo de possibilidades mágicas para as pessoas e organizações que acalentavam projetos transformadores para o país".[3] Vale lembrar que, no contexto internacional, havia uma grande mobilização em torno de propostas reformadoras e revolucionárias.[4] A experiência revolucionária em Cuba (1959-1960), por exemplo, influenciou boa parte dos brasileiros que se movimentavam contra as injustiças e dificuldades existentes no país.

Daniel Aarão Reis apontou as principais indagações que assolavam os brasileiros no início dos anos 60: como enfrentar e resolver os desafios colocados pelo próprio desenvolvimento do capitalismo no Brasil? Como conciliar as exigências de uma política nacionalista com os interesses do capital internacional? O que deveria ser feito para manter o ritmo do desenvolvimento e conter a inflação? O que fazer para corrigir a crescente desigualdade social? As discussões sobre tais indagações se tornavam mais calorosas a cada dia, por mais que a necessidade de reformas fosse admitida por boa parte dos segmentos políticos e sociais. A definição de seus objetivos, assim como dos meios a serem adotados, acirrava os ânimos e radicalizava as divergências.[5] Diferentes grupos políticos e sociais projetavam diversas propostas de transformação para a sociedade brasileira. Estudantes, artistas, intelectuais, políticos, trabalhadores e militantes de diferentes inclinações se mobilizavam e conscientizavam a população da necessidade de organização na luta contra os problemas enfrentados pela sociedade brasileira. Todos eles, pautados em diferentes propostas, idealizavam projetos transformadores para o país. Os anarquistas vislumbravam o período como sendo propício para a efetivação de mudanças drásticas no país:

(...) não pode haver dúvida de que o mundo está atravessando um período de profundas remodelações na vida dos povos, de que estamos vivendo um período de transição social, caracterizado pelo ocaso de velhos moldes de civilização, preanunciando a aurora de uma nova era que já se vai iniciando com o movimento de radicais mudanças em muitos países nos seus sistemas de organização político-econômico-social. É inegável por ser evidente, a situação convulsiva por que presentemente atravessa o Mundo. Um ambiente de incertezas e inquietudes fornece os elementos para agitações de toda a natureza, que se transformam em movimentos de rebeldias contra regimes de opressão em prol de reivindicações emancipadoras. O mundo apresenta-se como se fosse um imenso cadinho de fundição social, dentro do qual se entrechocam os sistemas estatais e de organizações governamentais - para a moldagem de novas estruturações de convivência humana (...). Chegará até nós esse impulso de remodelação social? Atravessará ele o Atlântico, buscando as plagas brasileiras, para que também sob o signo do Cruzeiro do Sul passe a tremular a bandeira da libertação socialista? Não temos dúvida; a evolução caminha nesse sentido e não haverá forças que a possam deter.[6]

O militante anarquista Edgard Leuenroth, um dos criadores do jornal O Libertário, atento aos movimentos contestatórios que ocorriam pelo mundo, apostava no anarquismo para solucionar os problemas enfrentados pela sociedade brasileira na década de 1960. Em outro artigo, datado de outubro de 1962, Leuenroth registrou em O Libertário mais um de seus escritos em prol da edificação de uma sociedade anarquista no país:

Necessidade sempre essencial é a habitação. E o pobre, o trabalhador, o homem do povo, no Brasil, de maneira quase que geral, não reside, não mora, abriga-se, esconde-se, promiscui-se em choças de palha e em ranchos de pau-a-pique, em barracos, em mocambos e favelas, em cortiços e porões. Nem ar, nem luz suficientes. Ausência de condições de higiene, formando ambientes propícios ao desenvolvimento de moléstias contagiosas. Promiscuidade forçada, contribuindo para a degenerescência moral e física da grande maioria dos brasileiros (...). Essa injustiça deve, portanto, ser enfrentada decisivamente, para que tenha pronta solução. Como? (...) É preciso que se lembre de que o povo também é gente - e gente que trabalha e produz e que paga impostos, que enfim, é parte ativa da coletividade, tendo o direito, pois, a uma vida decente a que o seu esforço faz jus. Mas nada se fará sem a intervenção direta dos interessados, dos inquilinos, do povo que nada poderá esperar de quem quer que seja - da burocracia parlamentar e governamental ou de partidos políticos. O problema da habitação somente poderá ser resolvido pela ação popular, direta, ativa e incessante, organizando-se o povo em ligas de inquilinos e consumidores, de ruas, ampliando-se por quarteirões, bairros e cidades e agindo em cooperação com os sindicatos operários. Dessa forma se prestará uma contribuição à luta para o advento da sociedade libertária, na qual, dentro da solução normal do problema da habitação, corresponderá à condição de produtor o direito irrecusável a uma habitação construída na medida das possibilidades coletivas. [grifos nossos].[7]

Em meio aos intensos movimentos sociais, políticos e culturais que marcaram a sociedade brasileira nos "Anos 60", Leuenroth postulava seu principal ponto de luta naquele momento histórico: despertar o povo brasileiro para a luta em busca de melhores condições de vida através da ação direta[8]. O militante aponta para a necessidade da organização popular na luta por melhores condições habitacionais no país, uma vez que, em sua concepção, nenhuma melhoria efetiva poderia ser conquistada por meio da intervenção parlamentar, governamental ou de partidos políticos. Apenas a ação autônoma dos indivíduos é considerada uma estratégia de luta eficaz na conquista de melhores condições de vida para a população desfavorecida pelo sistema capitalista. Ao mesmo tempo em que o militante faz uma critica ao sistema representativo, ele aponta a estratégia da ação direta como um exercício educativo, "uma contribuição à luta para o advento da sociedade libertária" no Brasil, uma vez que, ao ver dos anarquistas, esta sociedade emergiria da capacidade de decisão e do agir autônomo das pessoas. Neste e em outros de seus escritos deste período, Leuenroth evidencia sua euforia perante os intensos e turbulentos movimentos sociais ocorridos no país, atribuindo à ação direta o estatuto de único caminho possível para a efetivação de mudanças permanentes. Corrobora-se, assim, para a necessidade cunhada pelos militantes de se educar a população para a prática da ação direta. Esta educação propiciaria a transformação e emancipação dos homens e a consolidação da anarquia. Para a construção de uma nova sociedade, os anarquistas insistiam que os homens deveriam ser deseducados no que tange aos preconceitos e vícios comuns ao sistema vigente (capitalista), educados em conformidade com os princípios libertários e regenerados sob o ponto de vista social, político, moral e ético.

É importante ressaltar que a educação conferida pelos militantes anarquistas à população se dava por intermédio de diferentes meios: jornais alternativos, centros de cultura, sindicatos, escolas racionalistas, universidades etc. O jornal O Libertário, assim como inúmeros jornais anarquistas publicados no Brasil ao longo dos séculos XIX e XX, resultou do esforço coletivo de um grupo de anarquistas que se uniram para a criação de uma forma alternativa de difusão do ideal libertário. O grupo formado por Pedro Catallo, Edgard Leuenroth, Souza Passos, Lucca Gabriel, dentre outros, cogitaram, em um primeiro momento, a publicação de uma revista através da qual seria possível a circulação de um número maior de textos e matérias. Porém, devido à falta de recursos financeiros e à necessidade de manter vivas as relações entre os militantes e simpatizantes do movimento anarquista, o grupo optou pela criação do jornal, movidos pelos propósitos de denunciar os problemas enfrentados pela população sob a égide do sistema capitalista e de difundir o anarquismo, entendido como

Uma interpretação real da vida humana; e embora não tenha sido experimentado em larga escala, a humanidade, entretanto, caminha para ele. Pretende sucumbir as injustiças sociais e reduzir ao mínimo as imperfeições humanas. Busca aproximar os homens, criando-lhes uma nova personalidade, isenta de preconceitos e escoimada de superioridades absurdas. Prega a liberdade, a igualdade e a fraternidade, tendo por base os indeclináveis direitos e deveres das criaturas humanas. O anarquismo não é estático, de nada tem de difícil ou misterioso. É sempre atual porque, fundamentado nas ciências naturais e positivas estuda, acompanha e participa da estrutura e evolução dos conglomerados humanos e da vida de relações dos mesmos. Sem desconhecer os efeitos, combate fundamentalmente as causas; por isso é radical evolucionista e pela ação direta.[9]

Com o objetivo de suprimir as injustiças sociais e as inclinações tortuosas que caracterizam a sociedade vigente, o jornal aparece como um porta-voz das aspirações libertárias. Seus criadores acreditavam que - com a destruição do Estado, do clero e da autoridade política e militar, responsáveis pelos sofrimentos, injustiças, e mazelas a que se sujeitava o povo brasileiro - seria possível a constituição de outra "humanidade". O periódico O Libertário seria um instrumento de alerta aos leitores quanto à incapacidade do capitalismo de suprir as necessidades básicas da população e, sobretudo, de lhes proporcionar uma vida digna. Este alerta, contudo, era pincelado a partir de uma contraposição entre o sistema vigente e as perspectivas otimistas deste grupo, que pretendiam efetivar a transformação da sociedade através da filosofia anarquista. Antes de adentrarmos na análise de trechos destes documentos é necessário apontarmos para algumas características das concepções educacionais libertárias.

Em busca do novo homem: a importância da educação na construção da anarquia

Em um estudo de peso sobre as concepções educacionais do pensamento político anarquista internacional Leila Floresta afirma que o pensamento pedagógico de Proudhon está estritamente ligado à sua visão naturalista do homem e da sociedade. Neste caso, o homem é entendido como parte integrante da natureza e só se realiza em fusão com ela - a sociabilidade, por sua vez, desenvolve no homem sentimentos que lhe são inatos, como a solidariedade e o instinto de ajuda mútua. Para Proudhon, o homem é um ser social capaz de viver em liberdade e harmonia sem a necessidade de um contrato social para regulamentar e constranger suas relações. O contrato social proposto por Rousseau, que implica numa forma de associação não espontânea, e a adoção do princípio da representação política, forma de combater a natureza instintiva do homem, são procedimentos que, na concepção de Proudhon, incorrem na violação da liberdade natural dos indivíduos:[10]

O indivíduo de Proudhon é um ser ativo, capaz ele mesmo de propor questões e de tomar decisões, bem ao contrário da concepção democrática presente em Rousseau. Trata-se de uma visão otimista da natureza humana, uma crença nas qualidades inatas do homem que o impulsionam para a solidariedade, mas de modo algum é um otimismo cego, uma vez que insiste, reiteradas vezes, que o homem é portador de vícios e virtudes, sendo preciso criar condições sociais para que a solidariedade possa emergir.[11]

Na contramão do Contrato Social rousseaniano, no qual o povo necessita de representantes por ser incapaz de opinar ou resolver questões públicas, na concepção proudhoniana, o indivíduo é entendido como uma unidade política positiva e autônoma, que não necessita de mandatários, representantes ou qualquer tipo de mediador. Nesse sentido, a abdicação da autonomia e da liberdade do indivíduo a terceiros (Estado, líderes sindicais, Igreja e todos os mecanismos de representação) é uma forma de anulação do sujeito histórico. Para Proudhon, o indivíduo necessita da coletividade para alcançar a plenitude do seu ser, do mesmo modo que a coletividade necessita de indivíduos independentes para se desenvolver.

Conforme Silvio Gallo, na perspectiva proudhoniana existem dois tipos de liberdade: a liberdade simples, vivida no isolamento e na individualidade pelos pouco civilizados (o máximo de liberdade equivale ao máximo de isolamento, quando não há ninguém mais para limitar a liberdade do indivíduo); e a liberdade composta, vivenciada pelos indivíduos em sociedade, tratando-se de um equilíbrio dinâmico de forças (quando liberdade e solidariedade se equivalem, o máximo de liberdade significaria o máximo de relacionamento possível com os outros homens, pois nesta perspectiva as liberdades não se limitam, mas se completam e se auxiliam). Bakunin, por sua vez, partindo das reflexões de Proudhon, postula que a liberdade, longe de ser algo natural, é um "fato cultural":

(...) enquanto, o homem produz cultura, ou seja, se produz, ele conquista também a liberdade. Deste modo, o homem e a liberdade nascem juntos: um é criação do outro, um só existe pelo outro. E um processo de dupla ação: quanto mais o homem se "humaniza", mais livre ele fica, e quanto mais livre, mais humano. Conclui-se então que ao assumir-se plenamente homem, conquista-se o máximo de liberdade. Mas o máximo de liberdade, como já havíamos visto com Proudhon, ocorre quando todos os indivíduos são livres, pois as liberdades se completam. Uma sociedade socialista libertaria seria, pois, a realização do homem completo, livre e senhor de suas habilidades. "A liberdade dos indivíduos não é um fato individual, é um fato, um produto coletivo. Nenhum homem poderia ser livre fora e sem o concurso de toda a sociedade humana". A liberdade será sempre urna conquista de conjunto, comunitária, e só terá sentido se conquistada por todos e para todos. [12]

Se a liberdade deverá ser conquistada por todos e para todos, é relevante considerarmos a importância da educação nesse processo. É através dela que os homens entram em contato com a cultura produzida pela humanidade, sendo, desse modo, um instrumento utilizado pelos militantes anarquistas no combate à alienação e na criação de uma nova mentalidade. Qual é, portanto, o papel dos militantes anarquistas no pensamento pedagógico de caráter libertário?

Em um dos artigos d'O Libertário, Leuenroth mostra-se inconformado com a existência de políticos e líderes sindicais no Brasil que, durante a década de 1960, utilizavam o artifício da representação política para explorar e manter apática a população, ao apresentarem-se como "combatentes da democracia, da liberdade e dos direitos do povo":[13]

Não é admissível que se queira continuar conduzindo o povo como serviçal submisso, sempre a mercê dos manejos e conchavos de vivedores de política ou de pretensos salvadores, aparecendo o povo, em todas as ocasiões como mero comparsa. Aqueles que verdadeiramente estejam identificados com a causa popular devem agir COM O POVO e não PELO POVO, pretendendo falar em seu nome, como seus condutores. E, assim procedendo não poderão fugir ao imperativo da hora que passa que exige decisão para a luta, mantendo-se à margem da arena onde os acontecimentos se desenvolvem, ditando normas de conduta. Ao contrário, sua participação devera ser de unidades ativas no todo, suportando todos os azares das pelejas, dando ainda o exemplo de atividade, de dedicação e de honestidade. [14] [grifos nossos]

É calcado nestas premissas que Leuenroth afirma ser papel dos militantes o ato de despertar a condição intrínseca do homem como "ser social ativo", adormecida pela tradição. Para se alcançar a sociedade adequada, os militantes devem dar a população o exemplo de suas ações, conscientizando-a quanto à sua situação de explorada e injustiçada pelo sistema vigente e despertando nela o anseio pela autonomia e pela liberdade.

Jacy Seixas discorre sobre o perfil e as qualidades do militante anarquista que atuou no primeiro movimento operário brasileiro. De acordo com a autora, o militante anarquista cultiva uma virtude (no sentido maquiavélico): a exemplaridade. "Ele quer convencer, educar e transformar as consciências e comportamentos, 'despertar' o proletariado brasileiro e tirá-lo de sua 'apatia', organizar os sindicatos e ligas de resistência, mas tudo isso através do exemplo de sua ação".[15] É conveniente, portanto, os critérios que balizam o agir anarquista pressuposto em um dos artigos d'O Libertário:

A missão do anarquista não é sonhar a sociedade futura; porém deve ser atuar o mais anarquicamente possível dentro da presente sociedade; evitar tanto quanto seja possível situações em que seja mandado ou impelido a mandar; e tratar de criar relações de mútua e voluntária cooperação entre seus companheiros.[16]

O militante anarquista oferece sua ação como exemplo daquilo que ele quer suscitar nos homens: a iniciativa individual e coletiva, ousadia, a autonomia e a consciência. Seixas, nesta direção, trata da relação entre "ação" e "consciência": o militante é consciente porque é ativo, e é através da ação que a consciência revolucionária é constituída. Daí advém outra característica do militante: a sua forma de agir é instituída com base em sua mobilidade:

Ele se desloca constantemente pelo eixo Rio - São Paulo, mas principalmente no interior de seu próprio Estado. Encontra-se nos locais de greves ou daquelas em preparação; procura estar em todos os lugares onde o interesse pelas ligas de resistência começa a se fazer sentir e onde os trabalhadores se reúnem para discutir e enunciar seus próprios interesses. Aprecia, igualmente, organizar e animar conferências (sobre os mais variados temas) e partir em longas turnês pelas cidades e vilarejos do interior. Em suma, ele se move - para apoiar greves e mobilizações, para responder a necessidades pontuais da organização operaria ou da propaganda sindicalista, anarquista ou simplesmente "racionalista". A mobilidade é sua forma dominante, um traço central de seu reconhecimento e identidade.[17]

É, sobretudo, através da mobilidade espacial e intelectual (as atividades exercidas pelos militantes anarquistas são variadas: produção de peças teatrais, músicas, poesias, romances; criação e participação em jornais, escolas e universidades de cunho libertário; organização de conferências, palestras, piqueniques; participação nos sindicatos, greves e ligas de resistência etc.) que o militante anarquista busca levar o exemplo da sua ação a diferentes grupos políticos e sociais. Neste sentido, pode-se dizer que a virtude e a forma do militante vinculado à estratégia de ação direta tratada por Seixas são constituintes do projeto político-educativo anarquista.

Há que se cogitar que a instrução dispensada aos homens indica uma nova forma de olhar (observar de forma profunda) e não apenas de ver a sociedade, superando os contornos de um mero diagnóstico e sugerindo um novo caminho a ser trilhado. Desta forma, a proposta central é desmantelar a "velha sociedade" e edificar uma nova, cujas bases se sustentam na filosofia anarquista. Ao militante caberia lutar por essa transição, pois agiria em prol de um sistema melhor(ado), regenerado do ponto de vista político, social e moral. A educação possui um papel primordial no processo revolucionário:

A valorização da educação pode ser explicada pelo fato de que os anarquistas rejeitam a mediação de um governo revolucionário na passagem da antiga para a nova ordem. Para eles a ordem social não poderia ser imposta, fato que fere o princípio da liberdade, mas livremente desejada e diretamente instruída pelos interessados, sem nenhuma intermediação. Mas, se a revolução não tem dirigentes, não tem um governo revolucionário, como garantir o êxito da revolução? Torna-se, assim, claro o papel da educação como agente formador de mentalidades e vontades libertárias capazes de impulsionar e estimular o processo de mudança e garantir a continuidade desse processo.[18]

A ação dos militantes anarquistas aparece como uma força motora, remodeladora das consciências e impulsionadora da revolta, da ação, da transformação. Ela é exemplar e instrutiva por excelência.

Trataremos, na sequência, de como os "heróis" e militantes anarquistas são revestidos de um caráter pedagógico no jornal O Libertário. Trata-se de exemplos de vida que são rememorados pela sua conduta ímpar, afinada ao modelo de homem almejado para a transformação da sociedade brasileira na anarquia.

A institucionalização de heróis e mártires anarquistas

Dentre os vinte e oito números publicados pelo jornal O Libertário, encontramos mais de vinte artigos que discorrem sobre homens e mulheres que se destacaram por sua temeridade e ímpeto na luta pela causa anarquista e que, em sua maioria, tiveram fins trágicos depois de passarem por sérias agressões morais e físicas, como é o caso da tortura. Dentre os personagens rememorados no jornal trataremos aqui dos trabalhadores de Chicago: August Spies, Albert Parsons, Adolph Fischer e George Engel, símbolos das comemorações do 1º de maio para os anarquistas.

De acordo com Felipe Corrêa, o significado atribuído pelos anarquistas ao 1º de maio só pode ser compreendido se voltarmos à história dos citados trabalhadores de Chicago. Ao final do século XIX os Estados Unidos sofriam os reflexos da Guerra de Sucessão. Apesar de haver possibilidades de empregos nas fábricas, as condições de trabalho eram precárias devido, por exemplo, à insalubridade, à falta de iluminação, à jornada de trabalho extensiva de até 17 horas etc. Nesse ínterim, alguns trabalhadores e organizações sindicais realizaram uma série de manifestações em busca de melhorias. Em 1884, a Federação dos Sindicatos Organizados dos Estados Unidos e do Canadá declarou que, em 1º de maio de 1886, a jornada de oito horas de trabalho passaria a vigorar. Assim, nesta data, milhares de trabalhadores de Chicago e de outras cidades americanas saíram às ruas em uma onda de protestos que pediam, sobretudo, a redução da jornada de trabalho. As manifestações seguiram até o dia quatro de maio, quando um grande confronto entre os trabalhadores e a polícia levou à morte de mais de 100 pessoas, além de dezenas de feridos. Os trabalhadores August Spies, Albert Parsons, Adolph Fischer e George Engel foram presos e condenados ao enforcamento devido ao envolvimento que tiveram no deflagrar das manifestações que, segundo a polícia, foram obradas por anarquistas. Segundo Felipe Corrêa, um dos acusados, August Spies, declarou em sua autobiografia que ele e seus pares nunca haviam mencionado o anarquismo em seus discursos e ações, mas que a polícia aproveitou-se da má fama do anarquismo para difamar e camuflar as intenções do movimento contestatório do qual participavam. Segundo Spies,

O anarquismo não era nem mesmo mencionado. Mas o anarquismo era bom o suficiente para servir como um bode expiatório para Bonfield [chefe de polícia de Chicago]. Esse demônio, com o objetivo de justificar seu ataque assassino à reunião, disse: 'eram anarquistas'. - 'Anarquistas! Oh, que horror!' A estúpida massa imaginou que - anarquistas - deveria ser alguma coisa muito ruim, e incorporou o refrão junto com seus inimigos e espoliadores: 'Crucifiquem-nos! Crucifiquem-nos![19]

As ações e discursos destes trabalhadores nas manifestações de Chicago foram, posteriormente, associados aos princípios e métodos anarquistas pelos militantes libertários de todo o mundo. Spies, Parsons, Fischer e Engel chegaram a declarar, no decorrer do julgamento, que eram favoráveis ao anarquismo e seus princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. Após a execução, eles ficariam conhecidos como os mártires de Chicago, inspirando, assim, o significado atribuído pelos anarquistas ao 1º de maio como um dia de lutas e protestos.

Cabe ressaltar que a heroicização de um ou mais indivíduos depende da institucionalização realizada por associações preexistentes como os sindicatos, os jornais e grupos políticos. Conforme salientou Silva Junior: "não basta o indivíduo existir e agir para transformar-se em herói: isso dependerá da institucionalização das narrativas heroicas sobre sua conduta".[20] Nesse sentido, tais associações possuem um papel central na transformação de indivíduos em heróis para um grupo político ou para a sociedade como um todo. Desde o inicio do século XX os trabalhadores de Chicago foram rememorados pelos anarquistas, sobretudo, através dos jornais alternativos. Vejamos como os articulistas de O Libertário trataram os acontecimentos de maio de 1886:

Monstruoso foi o processo forjado contra esses inteligentes, cultos, honestos, laboriosos e abnegados lutadores do anarquismo. De toda rede de mentiras, de falsidades e de baixezas lançaram mão os dominadores de então. Essa injustiça provocou grande agitação em favor de suas vítimas. Sua inocência ficou absolutamente provada, mas tudo foi baldado. O capitalismo exigia o seu sacrifício e isso se fez. Durante o julgamento, de acusadores pronunciando discursos que carregaram profunda impressão pela firmeza, serenidade, acerto e desassombro com que defenderam a causa da classe trabalhadora e o ideal anarquista. [21]

O principal atributo postulado aos trabalhadores de Chicago pelo jornal é a honradez: "inteligentes, cultos, honestos, laboriosos e abnegados lutadores do anarquismo" que foram julgados e condenados injustamente, mas que em momento algum deixaram de defender os interesses dos trabalhadores com "firmeza, serenidade, acerto e desassombro". Tal atributo confere a Spies, Parsons, Fischer e Engel o estatuto de heróis, modelos de conduta que deveriam ser seguidos pelos trabalhadores. Ao analisar a construção do "herói operário", Silva Junior afirma que ela está inter-relacionada com a intenção dos militantes de demonstrar as diferenças sociais e as injustiças praticadas pelos capitalistas e pelo Estado. A figura do herói operário, além de incitar a uma unidade de conduta no interior do movimento operário, tem como função revelar os diferentes interesses existentes entre os trabalhadores e os patrões, por exemplo. Daí advém a construção da figura do herói como aquele que luta contra as injustiças sociais, ou seja, contra a dominação e exploração capitalista. Ele é sempre fiel à causa libertária e se sacrifica em prol dos direitos da coletividade. Nesse sentido, Isabel Bilhão disserta que:

o discurso heroicizante tem mais valor quanto maior forem as disputas e divergências no interior das classes. Mas, a classe ou instituição que pretende obter o status resultante da conduta heroica de seu militante, transfere a todos os seus membros a necessidade de comportar-se a partir de seu modelo de conduta para, assim, poder obter os ganhos das disputas de honra. Tais ganhos, no entanto, não têm uma existência material. "Daí provém a importância de relatar os feitos dos militantes que honraram a classe" (Silva Jr., 1998, p. 135). Assim, é interessante observar que, juntamente com o relato das condutas heroicas dos mártires do proletariado, geralmente o discurso das lideranças operárias é perpassado por lições de como deve ser a atuação honrada dos membros do operariado [22].

É o que ocorre com os discursos dos militantes anarquistas no que se refere ao 1º de maio. Rememoram-se os feitos dos mártires de Chicago para, assim, incitar os trabalhadores a agir conforme a retidão e honradez dos mesmos, ou seja, enaltecer a atitude dos trabalhadores de Chicago é um meio de convencer a audiência do valor positivo de uma conduta que "inicia pela adesão à causa e passa necessariamente pela filiação institucional".[23] É claro que não podemos reduzir as comemorações do 1º de maio anarquista a uma estratégia persuasiva de educação dos trabalhadores por meio da divulgação da chamada "tragédia de Chicago", pois havia ali todo um conjunto de valores e significados que eram partilhados entre os anarquistas.

De acordo com Milton Lopes, desde 1891 há em alguns jornais anarquistas referências ao 1º de maio como uma data reivindicatória, mas foi apenas em 1º de maio de 1894 que alguns trabalhadores brasileiros e imigrantes italianos se reuniram em São Paulo e acataram as resoluções do Congresso socialista de Paris de 1889, que instituía o 1º de maio como dia internacional de luta e protesto contra as injustiças praticadas contra os mártires de Chicago. Contudo, as tentativas reivindicatórias neste e no ano seguinte foram fortemente reprimidas pela polícia.

As autoridades também mantinham intensa observação sobre os militantes operários, visando reprimir quaisquer manifestações naquela data. Em 1898, em São Paulo, sua atenção deve ter sido redobrada pelo fato de que no 1º de Maio daquele ano houve uma intensificação da propaganda em todo o estado, tendo diversos oradores realizado conferências em Santos, São Paulo, Jundiaí, Campinas e Ribeirão Preto. Além disso, na capital, no Teatro Politeama, cerca de 2 mil pessoas assistiram a numerosos poemas e discursos feitos por anarquistas como Benjamim Mota e Polinice Mattei. Outro anarquista, Gigi Damiani, recusa-se a tomar a palavra para não provocar desacordo nem suscitar a desordem (a manifestação era promovida em conjunto com os socialistas e houve uma proposta aprovada em assembleia de se encaminhar ao Congresso Nacional uma petição com reivindicações operárias). À tarde houve uma passeata pelas ruas do centro da cidade até o Largo de S. Francisco e, à noite, a representação da peça teatral Capital e Trabalho.[24]

A heroicização dos mártires de Chicago acompanhada de outras práticas realizadas pelos militantes entre os trabalhadores atribuíam ao 1º de maio um significado singular. Trata-se de um dia de luta, protesto e conscientização na ótica anarquista, mas que para as autoridades e os patrões deveria ser reprimido, pois os movimentos que incitavam não condiziam com seus interesses. Em 1902, no entanto, um projeto de lei enviado à câmera dos Deputados viria a transformar o 1º de maio em feriado nacional, o que só veio a se efetivar em 1925, durante o governo do então presidente Arthur Bernardes. A data foi (re)significada como um dia festivo, comemorado através de desfiles, apresentação de bandas de música, queima de fogos de artifícios e cortejos operários animados, destituindo assim o caráter de luta embutido nas comemorações anarquistas. Everardo Dias relatou as dificuldades oferecidas aos anarquistas pela polícia no início do século XX para comemorar o 1º de maio, na tentativa de conter possíveis movimentos contestatórios:

Em São Paulo, começou a comemorar-se a data de 1º de Maio, desde 1903 ou 1904, mas sempre em locais fechados, em salões a pagamento, sob a forma aparente de festivais, levando à cena dramas de profunda compreensão humana, como João José, O Infanticídio ou Crime Jurídico, uma conferência em seguida e depois baile, que era o chamariz para a juventude. (...) Mas sempre em locais fechados, salões de aluguel, até que se conseguiu organização através das Ligas de Resistência e se obteve consentimento policial, sob responsabilidade, para um comício em praça pública. (...) Como sempre acontece, após o comício, veio o desfile pelas ruas da cidade, com cânticos (A Internacional, Filhos do Povo, Primeiro de Maio)." [25]

Desde então, os anarquistas buscaram, seja através dos Congressos operários que organizavam, ou mesmos dos jornais alternativos, tratar o "verdadeiro" significado desta data, incitando os trabalhadores a agir tal como os mártires de Chicago: lutadores honrados e destemidos em prol da justiça social. Daí a importância que os anarquistas atribuíam às ações e discursos pronunciados por Spies, Parsons, Fischer e Engel. Observemos como isto é feito em O Libertário. No artigo intitulado "Na comemoração do 1º de maio", acompanhado do subtítulo "Atitude dos mártires", expõe-se o quão injusta foi a prisão e a condenação destes trabalhadores de Chicago, uma vez que a única atitude "desordeira" (tal qual fora alegado pela polícia) que tiveram foi defender as premissas anarquistas ao lutarem por condições melhores de vida e de trabalho. Assim, os articulistas do jornal enfatizam que estes trabalhadores, mesmo sob o risco de perderem a própria vida, não abriram mão dos seus ideais, defendendo até o último instante a validade da luta pela justiça social. Vejamos algumas palavras de Luiz Lingg sobre sua condenação:

Concedei-me depois de condenar-me à morte a liberdade de pronunciar um último discurso. Não, não é por um crime que me condenais: mas é pela anarquia e posto que é pelos nossos princípios eu grito sem temor: sou anarquista. Acusaram-me de desprezar a lei e a ordem. E o que significa a lei e a ordem? Seus representantes são os policiais e entre eles há muitos ladrões (...).[26]

Além de se declarar anarquista mesmo sob o julgo da morte, Lingg inverte as acusações lançada sobre ele afirmando não ser um infrator ou causador da desordem, pois os "verdadeiros" males que afligem as sociedades estão dentro da própria ordem e da lei defendidas pelas autoridades e pelos patrões. Nota-se no discurso de Lingg o grande ímpeto de luta, tão almejado pelos militantes: ele é ousado, firme em suas convicções. Por outro lado, Lingg incentiva a prática de manifestações operárias, dado que estas são postas como o único caminho para o fim da dominação capitalista. Mesmo que durante o julgamento não fosse possível comprovar o envolvimento dos trabalhadores acusados com os movimentos contestatórios que ocorreram em Chicago, o júri, composto por empresários em sua maioria, condenou os anarquistas a morte. Como salientou Felipe Corrêa, o veredito foi dado pelo receio da eclosão de novas manifestações e, sobretudo, de difusão do anarquismo entre os trabalhadores:

o resultado do julgamento foi um claro reflexo do medo por parte da sociedade burguesa em relação aos operários organizados e combativos (...). A punição aos anarquistas deveria servir como um exemplo à sociedade, mostrando o que aconteceria àqueles que desafiassem o poder das instituições do Estado e do Capital.[27].

Contudo, os anarquistas utilizaram a "lição do Estado e do Capital" como um exemplo das injustiças e crimes cometidos contra os trabalhadores. Os "mártires" de Chicago foram heroicizados por anarquistas do mundo todo. Rememorados em todo 1º de maio, tornaram-se um símbolo da luta anarquista, tratando-se de homens abnegados que perderam a vida injustamente devido a "ação monstruosa dos dominadores". Eram indicados como modelos de conduta que deveriam ser seguidos pelos trabalhadores em prol de conquistas imediatas e em prol da transformação da sociedade na anarquia: um lugar onde a liberdade, a igualdade e a solidariedade ditariam as formas de convivência entre os homens. É importante lembrar que pouco a pouco as comemorações do 1º de maio, enquanto uma data de protestos e de luta, foi perdendo terreno, sobretudo após o governo de Getúlio Vargas, quando o discurso trabalhista[28] já havia ganhado espaço entre os trabalhadores. Entretanto, os anarquistas brasileiros nunca deixaram de insistir no "verdadeiro" significado do 1º de maio. Em outro artigo publicado em maio de 1961 os articulistas de O Libertário postam a seguinte desabafo:

Antes do aparecimento do sindicalismo de cabresto que foi instituído no Brasil pelo regime getulista, e em outros países pelo fascismo, o proletariado, consciente da verdadeira significação do 1º de maio, comemorava essa data lembrando os seus mártires e realizando movimentos reivindicadores, muitas vezes suportando a reação policial que a todo custo pretendia impedir os atos de protesto que representavam essas comemorações. Não podendo fazê-lo, não podendo conseguir calar na consciência dos trabalhadores a voz idealista dos mártires de Chicago, a burguesia tratou de desvirtua-lhe o sentido adulando as massas trabalhadoras com a chamada "Festa do Trabalho" e organizando passeatas e desfiles comemorativos (...) enchendo as ruas e praças de bandeirolas festivas. Essa forma de corrupção das consciências proletárias não pode continuar sem o protesto de todos aqueles que anseiam por um futuro mais digno, de todos os que amam a liberdade.[29]

Vejamos algumas discussões promovidas por Leuenroth no jornal O Libertário em crítica à configuração assumida pelos sindicatos brasileiros devido à ação do Estado e dos "pelegos".

[1] Mestranda do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia (PPGHIS-UFU). E-mail para contato:claudiatolentino.ufu@gmail.com.

[2] Este periódico, publicado na cidade de São Paulo entre outubro de 1960 a março de 1964, é um veículo de contestação do sistema capitalista, de divulgação da doutrina anarquista e da organização do movimento operário, no Brasil e no mundo. Enfoca, portanto, os principais debates políticos da época, tratados, obviamente, sob a ótica libertária.

[3] DELGADO, Lucília Almeida Neves. A. N. Frente Parlamentar Nacionalista: utopia e cidadania. In: Revista Brasileira de História, São Paulo, vol. 14, n° 27, 1994, p. 62.

[4] Sobre o assunto, ver: HOLANDA, Heloisa Buarque de. Cultura e Cotidiano. In: ARAÙJO. R. B; BARRETO. T. V. (orgs.). 1964: O Golpe passado a limpo. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2007, pp. 137-148.

[5] Ver: REIS FILHO, Daniel Aarão. A revolução faltou ao encontro: os comunistas no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1991.

[6] LEUENROTH. Edgard. A conjuntura mundial. In: O LIBERTÁRIO, São Paulo, ano II, n° 09, 1962, p. 01.

[7] LEUENROTH. E. O problema da habitação. In: O LIBERTÁRIO, São Paulo, ano II, n° 12, 1962, p. 01.

[8] A ação direta é o método de luta dos anarquistas. Baseado na livre iniciativa e na solidariedade, o método de ação direta está na base da concepção libertária de autonomia operária. De acordo com José Oiticica, através da ação direta é possível conquistar pequenos melhoramentos e despertar o espírito de espontaneidade, a decisão, a coragem, o agir por conta própria dos indivíduos, assim como a união dos mesmos em prol da conquista de interesses em comum. A ação direta seria uma forma de educação através da luta, que prepararia os indivíduos para o convívio em uma sociedade de caráter libertário. Ela é ao mesmo tempo "o espírito inquieto do presente e o espírito construtor do futuro". Ver: OITICICA. José. Método de ação. In: LEUENROTH. Edgard. Anarquismo: roteiro da libertação social. Rio de Janeiro: Editora Mundo Livre, 1963, p. 47.

[9] GRUPO EDITOR. Aos leitores. In: O LIBERTÁRIO, São Paulo, ano I, n° 01, 1960, p. 01.

[10] OLIVEIRA, Leila Floresta. Educação Libertária: paradigmas teóricos e experiências pedagógicas. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação de História da Universidade Federal de Uberlândia, 1997, p. 16.

[11] Idem, p. 21.

[12] GALLO. Silvio. Ferrer y Guardia e a pedagogia racional: uma educação para a liberdade.
Disponível em: http://revistes.iec.cat/revistes224/index.php/EduH/article/viewFile/538/51301. Acesso: abril/2011.

[13] Leuenroth neste artigo faz uma crítica contundente à ação do presidente João Goulart, de seus aliados petebistas e dos sindicalistas atrelados ao governo que se postulam como pastores políticos, condutores do povo e que apenas a titulo de retórica propõem sanar os problemas que afligem a população. Ver: LEUENROTH. Edgard. Unidades ativas e não mentores do povo. In: O LIBERTÁRIO, São Paulo, ano III, n°15, 1963, p. 01.

[14] Idem, ibidem.

[15] SEIXAS. Jacy Alves. Acerca do militante anarquista - sensibilidade, cultura e ética política (Brasil, 1980-1920). Texto apresentado no Encuentro Ibero-americano obre cultura y practica del anarquismo. Colégio do México. 23 e 24 de março de 2011, p. 03.

[16] OSTERGOARD. Geaffrey. Programa do anarquismo: estabelecer novas relações entre os homens. In: O LIBERTÁRIO, São Paulo, ano III, n° 18-19, 1963, p. 03.

[17] SEIXAS. Jacy Alves. Acerca do militante anarquista - sensibilidade, cultura e ética política (Brasil, 1980-1920). Texto apresentado no Encuentro Ibero-americano obre cultura y practica del anarquismo. Colégio do México. 23 e 24 de março de 2011, p. 06.

[18] OLIVEIRA, Leila Floresta. Educação Libertária: paradigmas teóricos e experiências pedagógicas. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação de História da Universidade Federal de Uberlândia, 1997, p. 56.

[19] CORRÊA, Felipe. Primeiro de Maio Anarquismo, o Massacre de Haymarket e os Mártires de Chicago.
Disponível em: http://www.fondation-besnard.org/article.php3?id_article=388. Acesso em: Julho de 2012, p. 04.

[20] SILVA JUNIOR. Adhemar Lourenço da. O herói no movimento operário. In: OTERO, Loiva e ELMIR, Cláudio. Mitos e heróis: construção de imaginários. Porto Alegre: UFGRS, 1998, p. 122.

[21] O LIBERTÁRIO, São Paulo, ano I, nº 07, 1962, p. 01.

[22] BILHÃO, Isabel. Herói Nacional e Herói Operário: análise comparativa de suas construções históricas. In: Revista Métis: história & cultura - v. 2, n. 2, 2002, p. 282.

[23] SILVA JUNIOR. Adhemar Lourenço da. O herói no movimento operário. In: OTERO, Loiva e ELMIR, Cláudio. Mitos e heróis: construção de imaginários. Porto Alegre: UFGRS, 1998, p. 125.

[24]LOPES, Milton. Anarquismo e 1º de maio no Brasil.
Disponível em: http://www.anarquismosp.org/portal/images/stories/ArquivoFasp/docs/
outros_textos_de_formacao/Milton_Lopes_-_Anarquismo_e_1_de_Maio_no_Brasil.pdf. Acesso em: julho de 2012, p. 06.

[25] DIAS, Everardo. História das Lutas Sociais no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Alfa-Ômega, 1977, pp. 327-328.

[26] O LIBERTÁRIO, São Paulo, ano III, nº 18-19, p. 02.

[27] CORRÊA, Felipe. Primeiro de Maio Anarquismo, o Massacre de Haymarket e os Mártires de Chicago.
Disponível em: http://www.fondation-besnard.org/article.php3?id_article=388. Acesso em: Julho de 2012, p.5

[28] "Envolvendo um conjunto de ideias, valores, vocabulário e também práticas festivas (como um certo tipo de comemoração do Dia do Trabalho), o trabalhismo, como ideologia, foi um produto do Estado Novo em seu segundo movimento. Isto é, tal ideologia foi articulada e difundida, por meio de uma série de modernos e sofisticados procedimentos e atos comunicativos, a partir do ano de 1942, possuindo como base operacional o Ministério do Trabalho, Industria e Comercio". Ver: GOMES, A. C. História, Historiografia e Cultura Política no Brasil: algumas reflexões. In: SOIHET. R., BICALHO. M. B., GOUVEIA. M. (orgs.). Culturas Políticas: ensaios de história cultural, história política e ensino de história. Rio de Janeiro: Mauad, 2005, p. 38.

[29] O LIBERTÁRIO, São Paulo, ano I, nº 03, p. 04.




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Manoel Messias Pereira

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