domingo, 29 de agosto de 2010

Ameaça atômica do multiculturalismo




Este é um fragmento do livro "Pscicologia Social do Racismo" que faz um estudo sobre a branquitude e o branqueamento no Brasil.

Este é um trecho assinado por Iray Carone e Izildinha Baptista Nogueira, e neste contexto consta "E o multiculticulturalismo o que é?" E eles respondem "Se nos basearmos exclusivamente na imprensa, o tema parece sempre estar relacionado com vários outros assuntos, sem que saiba exatamente  do que se trata: exigências de uma "esquerda cultural" que tem conseguido implantar, nas universidades e escolas de ensino médio, nos Estados Unidos, programas sobre as histórias desligadas das tradições européia ocidental; um "neo segregacionismo" agora auto- imposto pelos segregados de ontem, ou seja, os negros; uma tentativa de reconstruir dados históricos sobre as minorias que sofreram opressão, em oposição às "grandes narrativas" ou "narrativas-mestras" imposta pela dominação branca nas Américas, etc.

Em princípo tudo o que apareceu na imprensa sobre o multiculturalismo foi, em princípio a polêmica sobre o multiculturalismo. Atacantes de direita, defensores de esquerda e, é claro, os ideólogos do mei-termo.

Vejamos os títulos e os autores que escreveram sobre essa questão, de acordo com o caderno Mais! da Folha de São Paulo de 12 de abril de 1992: Uma escola da diversidade - Professor defende novo ensino e víncula multiculturalismo à comunidade negra dos EUA, de Nathan Glazer; Entre o meting Pot e mosaico de Carlos Eduardo Lins e Silva; AFebre do multiculturalismo - As reivindicações  de grupos étnicos  radicalizam, nos Estados Unidos e Europa, o debate sobre a diversidade cultural, de Marco augusto Gonçalves, e Debate é violente e divide Opiniões de Intelectuais americanos, de Esther Hamburguer.

Nathan Glazer afirmou que o o multiculturalismo, sob a sua forma atual, derivou do afrocentrismo de educadores negos. Nesse sentido não foi o reflexo da grande imigração das última décadas porque os imigrantes não postularam o multiculturalismo. " E faz uma ressalva que os de lingua espanhola tem defendido uma educação billingue e a manutenção da língua espanhola no currículos escolares. "Em outras palavfras o movimento foi visto pelo autor como movimento separatista de minoria negra (que pôe em risco a unidade nacional), por causa do fracasso dos negros nas escolas que eles mesmos lutaram para desagregar nos Estados Unidos".

O Artigo de Marcos Augusto Gonçalves foi mais explicito ainda: Ao mesmo tempo que na Europa os projetos micronacionalistas (e a     xenofobia) recrudescem nos EUA, a radicalização dos lobbies minoritários vai gerando uma espécie de neo-separatismo voluntário,  a multiplicação de cercados culturais, a febre do preservacionismo de raizes. Nas Universidades proliferam os cursos étnicos e difunde-se a idéia de que só um negro (ou um afro americano, para repetir a polidez politicamente correta) pode dar aula sobre a cultura africana, ou só uma mulher (ser humano do sexo feminino) É capaz de discursar parcialmente sobre a história da sexualidade.

O artigo de Esther Hamburguer, no entanto contrariou as opiniões contidas nos anteriores, mostrando que o multiculturalismo não só enfrentou a hegemonia do pensamento branco e masculino ocidental, como tem alcançado  resultados surpreendentes:

Defendo o princípo da igualdade, educadores e intelectuais ligados a movimentos sociais alternativos à esquerda tradicional abriram os currículos a obras; não ocidentais introduziram o critério de quotas raciais na admissão de alunos de forma a garantir a composição racial da população; criaram  novas especializações como estudos afro-americanos, estudo da mulher ou estudo de gays e lésbicas. Denunciando a noção de livre competição entre indivíduos iguais como mera falácia, esse movimento se iniciou nas universidade da chama Ivy League, as instituições de elite e delas se propagou para outras universidades. Hoje há programa de estudo da Mulher em mais de 500 universidades americanas e o número de programas de estudos afro americanos cresceu de 78 para 350 em 1991.

Em suma os autores parecem em não admitir que a História, tal como conhecemos nos currículos escolares, é  a versão  e /ou reconstrução dos fatos que dependem estritamente  de quem diz.Porque os grupos etnicos não podem fazer uma história a contrapelo da história oficial? Como disse Angela Gillian:

Nos Estados Unidos, interpretações alternativas por parte de muitos grupos étnicos têm desafiado a narrativa-mestra, suscitando uma crítica rica e nova, tanto nas ciências sociais quanto na literatura de ficção e outras artes (....)Esta nova tendência tem sido aceita por pouquissimos integrantes da elite norte-americana porque ameaça o status quo. As demandas por novas narrativas têm sido taxadas tanto de extremistas quanto de exemplos do politicamente correto. O conceito ou rótulo "politicamente correto" nos EUA representa uma tática conservadora para banalizar e neutralizar as críticas que desafiam a narrativa-mestra.(Folha de São Paulo,15/01/96)"





Iray Carone e Isildinha Baptista Nogueira
do livro  (Psicologia Social) 2.Edição Editora Vozes.

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Manoel Messias Pereira

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