quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Eu quero ser uma moça livre de maus costumes


eu quero ser uma moça livre de maus costumes
não me peçam por favor queu seja delicada com as tias queu
case com um rapaz maduro de nível secundário queu aprendaa
a falar ingleês pelo método linguafone queu não use de pala
vrões nas festas de formatura - queu não coma siris nos banq
uetes de classe - porque

eu quero ser uma moça livre de maus costumes
por favor me poupem o beijar as mãos de dona maria anita - o
cuprimentar com sorrisos dona celestina - o conter das garg
alhadas frente dona armanda - por favor me poupem porque

eu quero ser uma moça livre de maus costumes
não me peçam queu use tailleur para fazer audiência - nã
o me peçam queu seja extremamente feminina - e que não roa
as unhas - e que não tenha uma moto - não sou mulher de home
m - sou poeta - sou anjo inteligente - como afastar-me de
mim se quero ser

uma moça livre de maus costumes
não me peçam sobretudo que eu seja fina - que seja nobre - qu
eu seja delicada - - sou humana e penso com o coração e sofro
com o cérebro eleito que me deram - e queu não recusei porq
e
eu quero ser uma moça livre de maus costumes

mas não me peçam queu fale pouco - queu não critique o ridic
ulo das imbecilidades - queu não condene a amaldiçoe as dita
duras - queu não assombre os pacatos - os moderados - os sim
ples - como aquela prima minha que sempre faz aniversários m
as ignora ter nascido porque
nunca será uma moça livre quanto mais de maus costu
mes





Ana Maria Pedreira Franco de Castro
Professora e poeta
publicado em maio de 1977 - Revista Escrita

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Manoel Messias Pereira

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