sábado, 21 de dezembro de 2013

Os Estados Unidos da América continua ocupando o Afeganistão



O governo de Barack Obama pretende fechar com seu homólogo afegão Hamid Karzai o denominado Acordo Bilateral de Segurança, que regulamenta as condições sob as quais continuaria a ocupação, depois de 2014.

JORGE L. RODRÍGUEZ GONZÁLEZ

OS Estados Unidos não pensam retirar-se do Afeganistão. Isto está expresso bem claro no denominado Acordo Bilateral de Segurança (BSA), que o governo de Barack Obama pretende fechar com seu homólogo afegão Hamid Karzai, depois de 12 anos de guerra global contra o terror e de uma atroz ocupação da nação centro-asiática.

O BSA, vendido como uma associação estratégica, regulamenta as condições sob as quais continuaria a ocupação, depois de 2014, quando conclua a retirada de 75 mil soldados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a maioria estadunidense.

O Pentágono pretende que a partir de 2015 e até 2024, fiquem entre 10 mil e 15 mil soldados, que utilizarão até dez bases militares para dedicar-se a treinar as forças afegãs, o pano de fundo com o qual Washington oculta sua presença militar em vários pontos do mundo.

Ainda, o BSA concederá imunidade, quer dizer impunidade, aos soldados estadunidenses, perante possíveis crimes de guerra, ao estipular que não serão julgados por tribunais afegãos, mas sim ao amparo da legislação norte-americana.

Até o momento, o Acordo somente tem a aprovação da Loya Jirga, a assembléia que reúne 2.500 líderes tribais, clérigos, membros do Parlamento e comerciantes influentes. Em uma reunião de 4 dias, efetuada no terreno da Universidade Politécnica de Cabul, seus membros decidiram aceitar a proposta  estadunidense, e fazer pressão sobre Karzai para que a assine antes de fim de ano, tal e como quer Washington. Embora suas decisões não tenham caráter vinculador no plano político, a Loya Jirga é muito escutada e respeitada por aqueles que têm o poder para decidir.

Contudo, Karzai continua negado a aprovar o Acordo antes de 2014, deixando ao próximo presidente a vergonha de entregar por completo a nação às forças estrangeiras. Por tal motivo, exorta a esperar até as eleições de abril.

Não obstante, sua posição tem sido cambaleante. Nalguns momentos tem-se mostrado como um político que quer pressionar os Estados Unidos, mas noutros flexibilizou algumas de suas condições. Segundo o The New York Times, uma fonte próxima de Karzai afirmou que não aprovaria o BSA, ao não ser que Obama enviasse uma carta, reconhecendo os erros cometidos durante 12 anos de guerra, o que foi desmentido por John Kerry numa reação rápida.

“O presidente Karzai não pediu nenhuma desculpa. Não houve discussão sobre uma desculpa (...)”, afirmou o chefe da diplomacia estadunidense.

Segundo as declarações de Karzai, o assunto de sua discrepância com os EUA são os assassinatos de civis inocentes e as rusgas nos lares afegãos, precisamente um dos “erros” que o presidente quer que a Casa Branca reconheça e que tanta indignação causa na cidadania do país asiático.

A esse respeito, Obama se limitou a prometer continuar “respeitando” a soberania afegã — alguma vez o fez? — e não efetuar mais transgressões nas moradias.

Contudo, esclarece que a petição afegã será respeitada sempre que não apareça nenhuma “circunstância extraordinária”, isto é, que nenhum soldado estadunidense esteja em risco urgente, eventualidade que ninguém pode evitar, numa nação ocupada por forças estrangeiras.

Por outro lado, a retirada de boa quantidade de tropas implicará necessariamente o incremento da ofensiva dos drones (aviões não tripulados) que deixam bom saldo de vítimas civis durante suas operações de assassinatos seletivos.

Além das discrepâncias, há motivos suficientes entre ambas as partes para que o Acordo seja assinado, quer seja antes de fim de ano, quer depois de abril. O governo afegão teme perder US$ 4 bilhões em ajuda se os estadunidenses se retiram por completo, e Cabul não quer ver-se desarmado, em meio do seu conflito contra os talibãs.

Os EUA, de sua parte, não querem um Afeganistão sumido ainda mais na violência, que ponha em perigo seus interesses e investimentos, depois de bilhões gastos nessa guerra.

Além disso, estão os interesses geoestratégicos superiores: por uma parte, evitar que nações como o Irã e Paquistão ganhem influência política e diplomática no interior do Afeganistão: e por outra, consolidar sua doutrina militar para a Ásia Central, pois no terreno econômico e comercial outros como a China e a Rússia têm a dianteira. E de passagem, estes dois gigantes também estarão vigiados muito de perto. (Reproduzido do Juventud Rebelde)





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Manoel Messias Pereira

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