quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Trinta anos de frevo, forró e Nordeste

Trinta anos de frevo, forró e Nordeste




Cearense de Ingazeiras, o "rei do forró" comemora as décadas de carreira com DVD em homenagem ao frevo

Há certos rótulos que são importantes para a carreira de um cantor popular. O de "rei do forró", praticamente foi criado para si por Alcymar Monteiro como emblema, quando despontava na carreira, nos anos 1990.

Comemorando 30 anos da estreia musical, em 2014, o cearense de Ingazeiras, distrito de Aurora, foge ao caminho mais lógico, que seria reverenciar esta alcunha, e mergulha no repertório tradicional do frevo. "Eu canto frevo, forró, canto o aboio dos vaqueiros, canto maracatu. São culturas de um Nordeste tão profundas, tão bonitas: são irmãs", justifica.

Alcymar lança em janeiro o disco e DVD "Vozes do Frevo", gravado ao vivo em setembro passado, no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, em Recife. O disco teve participação do tradicional Bloco da Saudade e do poeta pernambucano Getúlio Cavalcanti. É o quinto DVD da carreira de Alcymar. "Reverenciamos os poetas do frevo, como Capiba, Maximiliano Campos e o próprio Getúlio", antecipa. Destes, o ao vivo inclui, respectivamente, "Linda flor da madrugada", "Serpentina partida" e "O último regresso". Para não deixar o disco comemorativo distante do Ceará, Aclymar fez questão de incluir em meio aos tradicionais compositores pernambucanos um sucesso dos conterrâneos Evaldo Gouveia e Jair Amorim, "Bloco da Saudade".

No final de janeiro, ele promete estrear em Fortaleza um show com seu grandes sucessos, incluindo músicas como "Cavaleiro Alado", dele e João Paulo Júnior, "Nem olhou pra mim", parceria com Petrúcio Amorim, e "Diz Paixão", com Marinês.

Carreira

A escolha pelo ritmo pernambucano para abrir o ano de efeméride segue uma lógica mais que bem fundamentada: foi no estado que Alcymar fincou endereço e solidificou a carreira. Soma mais de 15 trabalhos dedicados ao frevo. Pesquisador da música nordestina, o músico tem também outros dez, pelo menos, dedicados ao forró, sete ao repertório que criou para vaquejadas, outros às cantorias, batuque, musicou poemas de Patativa do Assaré.

Alcymar soma quase 50 discos lançados. "Recife, Paraíba e Ceará deram grandes contribuição à cultura musical brasileira. São estados que exportam valores, têm muita gente boa e me deram a liberdade de cantar qualquer coisa, mesmo sabendo que o meu carro chefe é o forró", enaltece.

Alcymar Monteiro começou a carreira em bandas de bailes em Fortaleza, na década de 1970. Chegou a ser calouro de Augusto Borges na televisão. Na época, os conterrâneos Fagner, Ednardo e Belchior já faziam sucesso no sul do País e a ânsia por gravar um disco o levou ao mesmo caminho.

"Esses primeiros anos foram fundamentais. Todo começo é difícil, mas ajuda a te moldar como ser humano e como artista", comenta. Luiz Gonzaga acabou por ser seu primeiro e grande padrinho musical: abriu shows seus na década de 1980 e gravou com ele dois discos. "Ele era muito arisco, mas aos poucos fui me aproximando.

Foi a grande escola que tive", diz. Alcymar gravou a primeira vez em 1980, com "Nossas Vidas, Nossa Flores", cantando MPB, pela Continental, mas enfrentou dificuldade para se firmar como intérprete.

"Comecei compondo, gravando com Jair Rodrigues, Reginaldo Rossi, para sobreviver. Fiz um teste como cantor para a RCA e tive uma decepção tão grande. Apresentei a minha "Olho D´água" e o produtor me disse que tinha a voz bonita mas que esse trabalho não tem mercado. ´Forró, tem Luiz Gonzaga e mal´", lembra.

Pernambuco

A música foi o primeiro sucesso em sua voz, gravada no disco "Ave de Arribação", quatro anos depois da estreia em disco, em 1984. Foi este o marco que Alcymar considera para o início da carreira. "Esse disco foi a minha rosa dos ventos. Deu a direção certa", explica. "Olho D´água" estourou nas rádios de Recife, que logo virou residência fixa do artista. O título de "Rei do Forró", explica, veio em um show no "Pátio de São Pedro", em Recife, quando um jornalista o apresentou sob esta alcunha. "Ouvi aquilo e não perdi o bonde. No próximo disco já lancei ´O Rei do Forró´. Não tinha ideia que ia ganhar essa dimensão", lembra.

O disco foi lançado em 1991, década em que Alcymar, enfim, conseguiu circular e extrapolar as fronteiras regionais. A trilogia "Vaquejadas Brasileiras", com discos lançados em 1995, 1996 e 1997, reforça, o colocou no circuito de vaquejadas e abriu espaço para suas composições em estados do sudeste.

"O show que eu farei em janeiro em Fortaleza, será o meu primeiro. Já toquei bastante no interior do Estado, mas nunca na Capital", destaca, reforçando o clima de estreia que o leva ao palco em sua terra natal e deixando subentendido o quanto da carreira deve a Pernambuco. O show ainda não tem data nem local definidos, mas está no roteiro da turnê comemorativa pelo País. No final do mês de março, Alcymar dá sequência ao ano comemorativo transformando o repertório da trilogia "Vaquejadas Brasileiras" em show para gravação do sexto DVD.

FÁBIO MARQUES
REPÓRTER
Fonte ; Diário do Nordeste

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Manoel Messias Pereira

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