Eu era criança e ia ver os desfiles dos cordões carvalesco de minha cidade, encontrava geralmente as ruas enfeitadas, ou melhor decorada, pois o poder público, via no processo do desfile carnavalesco uma forma de contemplar o turismo e a festa popular.
Em São José do Rio Preto-SP, havia inumeros blocos chamados de Escola de Samba, lembro de alguns como o Grupo X, Grisi, Cruzeiro do Sul, Céu Azul, Pássaro de Prata, Aguia Negra, Gato Verde, Sambaderna, Samba Cedro, Escola de Samba do Palestra, Toca Fácil, Unidos da Boa Vista, Tigre Dourado e Império do Sol. Os desfiles eram uma gloria, os sambas muito cavaquinho, pandeiro, agogô, frigideira, tamburim, surdo, caixa de guerra. E essas escolas que na verdade eram pequenos blocos passavam sempre depois das onze horas. E assim que terminavam os desfiles havia o baile popular no centro da cidade.
Antes das escolas passarem, eramos encantados por inumeros veiculos enfeitados que cortejavam as ruas de São José do Rio Preto-SP, entre elas a Rua Bernadino e a Rua General Glicério. Além disto pequenos blocos irônicos também circulavam pelo carnaval, como o grupo da faculdade de medicina, e o bloco de Potirendaba. Num dos últimos carnavais surgiram o "Empurra que é melhor" formado pelo artista plástico Daniel Firmino, e agora um grupo de intelectos criaram o Bloco dos criadores de Sacis. E imagino que meu pai ficaria muito orgulhoso se fosse vivo, pois "Saci" era o apelido dele, quando prestava serviços, na máquina de benefícios de algudão do Sr. Japorá, uma empresa que ficava onde hoje localiza-se a Praça Cívica.
Publicamente havia um comércio estabelecido em barraquinas, em que vendiam martelinhos de borracha, chupetas, bisnaga com água, confetes e serpentinas. Na cidade, assim como no Estado e no País, havia concursos de marchas carnavalescas. E que hoje não existe mais. Em todas as cidades havia um tema anunciados e a decoração seguia este padrão. A festa era geral.
Em todos os salões da cidade havia a festa de momo, ou seja no Sindicato dos Bancários, nos Comérciarios, no Palestra, no Clube Nipo Brasileiro, no Salão do São Pedro hoje no Solo Sagrado, no Rio Preto Automóvel Clube, No Monte Líbano, no Clube Sirio Brasilerio, e isto era uma festa em que as pessoas preparaam para ela, como um compromisso moral, que ia em 4(quatro) dias de folia. E na quarta-feira de cinzas entrava-se num estágio de recolhimento espiritual com a quaresma. Que era quareta dias de reflexão. Em que havia sempre um tema discutido e apresentado pela Igreja Católica Apostólica, que tratava de um olhar social, durante estes dias, com publicidade, e propaganda na mídia.
A festa de Momo, tinha um caratér até educador. As pessoas entendiam que podiam festejar, respeitar, e entregar-se, até a um simples exagero do beber, porém sem perder a responsabilidade.
O carnaval tinha e parece manter este mesmo espirito de responsabilidade quando começa a distribuição de camisinhas, uma atitude adulta, pois o sexo sem responsabilidade pode gerar vidas, e país sem o compromisso ético, de cuidar. Ou proporcionar um conflito na vida de quem nasce do fruto de uma noite de carnaval simplesmente.
Refletir sobre o carnaval é sempre preciso. Hoje não temos mais Escolas pra competir, apenas o escritor Vicente Serroni, que mantem um grupo unido pra fazer a felicidade de alguém que tem saudade de um carnaval. Hoje as crianças não sabe o que é um bloco, o que é uma charanga, ou que um carnaval popular de rua, com as manifestações populares. Já nos clubes não sei se a disputa acirrada de blocos carnavalesca, já não sei se sabem o que é a Colombina, ou Pierrot, ou o Arlequim. Essas figura provindas do carnaval europeu por certo tempo, povou a memória e a cultura popular do Brasil. Uns acha que carnaval é uma festa qualquer, com axé music, ou rock and rool. Isto não estou entrando na leitura histórica da festa pagã, da oração da Ave Maria a meia Noite nas Igrejas católicas nas terça - feiras últimas, e até mesmo na tradicional canja da madrugada. a verdade é que o carnaval mudou de roupagem, e a gente ficou olhando na avenida pra ver o cordão passar. Mas o carnaval já não está lá.
Manoel Messias Pereira
nossa me deu saudade falando das escolas de samba, lembro bem do GRUPO X, eram meus vizinhos e qdo chegava perto do Carnaval sempre ensaiavam sua bateria, eu adorava....meu pai chegou a fazer o samba enredo de 1977, ganhou em primeiro lugar...bons tempos aqueles...
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